Por Caio Carvalho
Após ler inúmeros textos, um mais bonito que o outro e cada um com sua particularidade, explicando o que foi o Tomorrowland Brasil, decidi que também deveria escrever o meu. Porém, precisei de um certo tempo para poder absorver tudo o que ele significou para mim, e o que aprendi e cresci como pessoa.
Decidi ir ao Tomorrowland esperando passar por momentos de renovação, onde pudesse encontrar um pouco de luz no meio da escuridão que enfrento dia a dia, das 08h às 18h, dentro de uma caverna na qual só vejo iluminação artificial.
Comprei, me animei, comecei a contar os dias, minutos, e segundos. Ouvia músicas e pensava o quão incrível seria estar lá. Até que, um belo um dia, aproximadamente três meses antes do evento, estava correndo e ouvindo música eletrônica, quando decidi parar, respirar, fechar os olhos, e fazer uma promessa a mim mesmo; no momento em que eu os abrisse, estaria na Tomorrow…
O tempo passou, e finalmente chegou! Estava tão animado, esperando por dias em que dançaria sem parar, onde me esqueceria da vida “do lado de fora”, e teria momentos de felicidade.
No primeiro dia, enquanto curtia a The Gathering e sentia toda aquela energia que há muito tempo eu desconhecia, estava dançando e por um relance de segundo, ao notar a música, fechei meus olhos. Enquanto mantinha eles fechados, um pensamento extremamente importante veio à mente “…assim que eu abrir meus olhos, estarei no Tomorrowland.”, foi então que, ao abri-los, me deparei com aquele maravilhoso palco, que me deixou arrepiado dos pés à cabeça, e me fez perceber que os próximos dias seriam de fato, mágicos.
Ao longo dos três dias de festival, esperava entrar em unidade com a música, mas não entrei. Ao invés disso, me conectei às pessoas. Comecei a exalar amor – sim, houve a ajuda de fatores externos, mas nada que já não vivesse dentro de mim -, comecei a querer falar às pessoas, que elas fossem felizes. A dizer para todo casal que via, que eles eram lindos, porque de fato eles eram; duas pessoas que resolveram dar as mãos e encarar a vida sempre cheia de pedras pelo caminho, juntas, de mãos dadas. E, para cada pessoa que eu falava algo, ganhava de volta uma coisa que dinheiro algum é capaz de pagar: um sorriso sincero.
Comecei a acumular estes sorrisos, até que fui tomado por uma grande tristeza, por um instante, vi que ninguém ali se importava com quem estava trabalhando, e pensei que algo de fato deveria ser feito a respeito disso. Então, de forma sincera, comecei a agradecer a todas às pessoas que via trabalhando. Falei para todos os responsáveis pela limpeza, sobre como o evento estava impecável. Comentei com os vendedores, que as pessoas precisavam comer, pois estava gastando muita energia, e isso tornava muito importante a presença deles ali.
Até que, em certo momento, me deparei com uma mulher mais velha trabalhando como suporte, cheguei até ela e disse: “Muito obrigado pelo seu trabalho, ele é muito importante.”. Ela me abraçou, e começou a chorar, me agradeceu muito por ter dito aquilo a ela e, eu, como bom canceriano que sou, desabei a chorar, mas um choro de felicidade constante, pois sabia que tinha feito algo de bom.
Além disso, conheci pessoas maravilhosas. Ocorreram problemas? Sim, claro! Mas nenhum maior que toda a felicidade que este festival conseguiu me proporcionar, nenhum percalço capaz de ofuscar os sorrisos sinceros que recebi durante os três dias. Minha fantasia de Charmander acabou sendo uma licença poética para fazer as pessoas sorrirem – e como sorriam….
Acredito que consegui viver o que este festival tanto prega e tem a oferecer, talvez até mais. Senti o amor, vivi o amor, eu fui o amor. Agradeço muito a todos que lá estiveram presentes, quer eu tenha tido contato ou não, pois se você estava lá, também estava emanando uma energia muito boa naquele ambiente! Muito obrigado Tomorrowland, pelos que eu talvez possa dizer ter sido os melhores dias da minha vida. Live today, love tomorrow, united forever!