Primeiro teste clínico combinando MDMA com LSD é anunciado por pesquisadores
Alguns cientistas já começaram a investigar os resultados obtidos na dose que combina LSD e MDMA nos pacientes que passam por psicoterapia com a ajuda de psicodélicos. O teste clínico Fase 1, liderado pela empresa farmacêutica MindMed, que deve começar ainda neste ano, será o primeiro a ter um tamanho necessário para investigar o que realmente acontece quando se mistura MDMA e ácido. Fato é que os pesquisadores acreditam que essas propriedades de empatia do MDMA podem sim ajudar a tirar frequentes paranoias causadas pelo LSD.
“O MDMA com LSD tem potencial para criar um estado psicológico que proporcione benefícios a partir de ambas as substâncias e efeitos de duração bem mais longos do que a psilocibina sozinha”, diz o Dr. Matthias Liechti, professor de farmacologia e chefe do laboratório de pesquisa envolvido no estudo.
O estudo terá uma seleção inicial de 24 participantes saudáveis e cada um passando por quatro sessões experimentais diferentes. Nas sessões, estes receberão 100 microgramas de LSD misturado com um placebo de MDMA, um placebo de LSD misturado com 100 miligramas de MDMA, um placebo de LSD com um placebo de MDMA e por fim, 100 microgramas de LSD misturado com outros 100 miligramas de MDMA. Os estudiosos vão ter acesso a esses efeitos de cada combinação, além de observarem também possíveis reações como nos batimentos cardíacos, na pressão sanguínea e temperatura corporal.
“Num cenário próximo, as doses de MDMA com LSD tendem a aumentar sentimentos de proximidade e confiança ao mesmo tempo que impedem o surgimento de emoções negativas, incluindo medo e tristeza”, concluiu Dr. Liechti num relatório do Departamento de Biomedicina da Universidade de Basileia.
Vários outros estudos e testes clínicos também estão sendo desenvolvidos para investigar o real potencial de LSD e MDMA usados separadamente como tratamentos psicofarmacológicos, seja para transtorno de estresse pós-traumático ou ansiedade. Claro, pessoas comuns no mundo todo já vêm conduzindo seus próprios experimentos entre ecstasy e ácido há décadas. Essa combinação, que se popularizou entre usuários de drogas recreativas desde o início da década de 80 é conhecida como “candyflipping”.
“Combinar LSD e outros psicodélicos com MDMA produz uma viagem particularmente intensa. Os efeitos são mais fortes do que você esperaria numa droga individualmente”, disse Matthew Baggott, neurocientista que estuda farmacologia de psicodélicos. “Infelizmente, essa fusão também contribui para aumentar os efeitos tóxicos que o MDMA produz nos neurônios”.
Muito mais pesquisas serão necessárias para entender melhor sobre o casamento LSD-MDMA e como melhor utilizá-lo num cenário terapêutico. No começo do ano foi revelado que a MindMed e o Dr. Liechti também estavam desenvolvendo um composto neutralizador de LSD, que funcionaria como um “botão de desligar”, ou seja, ter a opção de abortar uma bad trip entre 20 e 30 minutos. Eles esperam que o experimento também ajude na melhora das psicoterapias em si, já que uma das maiores questões envolvendo o uso da droga em cenário clínico é que seus efeitos acabam durando por um longo tempo.
“Se podemos neutralizar o LSD, podemos também ajudar as pessoas nas situações emergenciais”, diz Scott Freeman, médico chefe da MindMed. “Nossa discussão é: Podemos criar uma experiência terapêutica ainda melhor? ”. A Fase 1 do teste com MDMA e LSD deve se iniciar no final desse ano e os pesquisadores ainda irão começaram a recrutar os devidos participantes.
Sobre o autor
Caio Pamponét
Graduando em jornalismo pela UFBA e Redator da Play BPM. Um apaixonado por música desde a infância que cultiva o sonho de viajar pelo mundo fazendo o que ama e conhecendo novas culturas. Com um desejo inerente de fomentar a cena eletrônica de sua terra - Salvador, BA, Caio Pamponét respira os mais diversos BPM's e faz da música o seu combustível diário.