Spotify começará a pagar menos royalties a artistas pouco populares na plataforma
- Conteúdo autoral / por Caio Pamponét Lucas -
O gigante dos streamings está se preparando para mudar sua estrutura de royalties.
Através deste novo modelo que será implementado no primeiro trimestre do ano que vem, o Spotify irá estabelecer um requisito mínimo de streams por música para os artistas serem pagos.
A revelação chegou por meio da Music Business Worldwide, um influente site britânico que analisa a indústria musical.
Com a mudança, muitos artistas que não são populares na plataforma poderão ser afetados, já que o Spotify irá desmonetizar as tracks que receberem menos de 1.000 plays.
Há uma série de atualizações, que, por enquanto, ainda estão sendo debatidas, dentre elas podemos citar:
- Artistas com menos de 200 plays por mês não receberão royalties
- Os 0,5% (cerca de US$ 40 milhões) que eram destinados a artistas menores serão redistribuídos para os músicos mais populares da plataforma.
- Usuários que fraudarem streams do Spotify serão multados
- Faixas que forem identificadas como “ruídos” ou sons da natureza exigirão tempos mais longos para contar como reprodução
Segundo a Billboard, o Spotify já está conversando com as principais gravadoras e distribuidoras de música, que provavelmente darão o aval para essa renovação do modelo de royalties, já que renderá mais lucro para as grandes empresas do mercado.
Mais de US$ 1 bilhão em pagamentos poderão ser bloqueados por meio dessas medidas e redistribuídos para aqueles que atenderem aos novos critérios.
As revelações repercutiram rapidamente na indústria musical, que reagiu.
A United Musicians and Allied Workers (UMAW), organização americana que luta pelos direitos dos músicos, comunicou:
"Os artistas têm soluções para consertar o streaming, mas o Spotify não está ouvindo. Em vez disso, eles propõem mudanças que enriquecerão ainda mais o topo da pirâmide e tornarão ainda mais impossível para os músicos trabalhadores se beneficiarem do streaming"
Compartilhou a UMAW nas redes sociaisOutra ONG que expressou sua oposição foi a Future of Music Coalition (FMC):
"Isso marca uma séria mudança em relação à forma como o serviço foi apresentado à comunidade de músicos em seu lançamento, como um campo de jogo nivelado que tratava todas as faixas da mesma forma. Com o tempo, o Spotify tem se afastado cada vez mais dessa promessa"
Criticou a FMCAo serem procurados para comentar sobre o assunto, um porta-voz do Spotify disse não ter nenhuma novidade para compartilhar no momento, o que deixa o futuro ainda mais incerto para os artistas independentes que utilizam a plataforma.
Apesar disso, o novo sistema irá contribuir para barrar a nova onda de faixas produzidas por Inteligência Artificial que tem dominado os streamings. Aliás, os pagamentos fracionados do modelo atual raramente caem diretamente no bolso dos pequenos artistas, o que pode representar uma mudança nesse sentido.
Não é a primeira nem a última vez que os royalties causaram polêmica no mercado musical moderno. Essa discussão ainda vai se estender por muitos capítulos, mas esperamos que sejam realmente benéficos para aqueles que mais precisam: os que vivem da música.
Imagem de capa: Reprodução.
Sobre o autor
Caio Pamponét
Graduando em jornalismo pela UFBA e Redator da Play BPM. Um apaixonado por música desde a infância que cultiva o sonho de viajar pelo mundo fazendo o que ama e conhecendo novas culturas. Com um desejo inerente de fomentar a cena eletrônica de sua terra - Salvador, BA, Caio Pamponét respira os mais diversos BPM's e faz da música o seu combustível diário.