A cena eletrônica de Brasília vem se consolidando mais a cada ano e o Federal Music é um grande responsável por isso. No dia 11 de outubro, o Federal realizou sua décima edição (a sétima no formato de festival). O evento segue crescendo e trouxe artistas de renome nacional e internacional, como Vini Vici, Nicky Romero, Sevenn, Liu, Illusionize, Infected Mushroom, Chapeleiro, Astrix, Gabe e muitos outros. Estrutura, local e promoção vêm mudando a fim de acompanhar o crescimento da marca. O festival, que começou como uma festa local em 2011, tem hoje todas as características dos grandes festivais de São Paulo, como sistema cashless e lounges no palco ao lado dos artistas. No entanto, como qualquer festival de grande porte, o Federal também pecou em alguns detalhes, os quais certamente foram observados pela organização e devem ser sanados para o próximo ano. Mas será que o Federal já se consolidou como o principal festival do Centro-Oeste ao longo destes 10 anos? Para saber os detalhes de como foi a festa e a opinião da equipe Play BPM, continue conosco até o fim deste review.
Local e EstruturaDesde 2018 o Federal ocorre na Torre de TV Digital de Brasília. O local é apropriado para eventos de grande porte por ser espaçoso e plano. Além disso, o visual ao amanhecer com o sol iluminando a torre de TV é fantástico. O acesso pela rodovia DF-001 é relativamente fácil e, ainda que possa existir algum congestionamento, não chega a ser nada demais. A fila da bilheteria do evento era longa à meia noite, sendo que o evento teve início às 20h. As filas de validação dos ingressos e de revistas, no entanto, eram bem menores. Já o acesso para imprensa se mostrou confuso, pois levamos mais de 40 minutos para conseguirmos adentrar ao festival como imprensa credenciada. Logo ao entrar no evento chegamos ao mural para fotos, o qual apresentava iluminação apropriada para que todos fizessem bons clicks. O espaço para locomoção na entrada era amplo e já dava uma boa dimensão da grandiosidade do evento.Tal como ano passado, haviam três palcos distintos: Altun (Mainstage, EDM), Spero (psy trance) e Union (tech house). Os palcos Altun e Spero eram maiores tanto em espaço para o público quanto em estrutura de palco, no entanto, em ambos os palcos o acesso pelo front e pelas laterais era fechado, o que dificultou a mobilidade. Quem estava no front de ambos os palcos precisava inevitavelmente passar por toda a multidão para sair. Estes palcos apresentavam as atrações de maior renome e foram os mais cheios ao longo de toda a noite, o que também contribuiu para a dificuldade de mobilidade.O Mainstage apresentava bom jogo de luzes e leds, os quais davam a impressão de que o DJ estava tocando dentro do telão. A decoração com animais marinhos translúcidos flutuando remetia bastante ao tema do Tomorrowland 2018 (Planaxis). Ao amanhecer, o efeito do sol iluminando a torre de TV era também um espetáculo a parte.
A decoração do palco Spero incluía elementos psicodélicos que formavam um axolote, a salamandra mexicana que foi símbolo do festival deste ano e é o animal de estimação de um dos sócios. O design do palco e o carisma aparente do bichinho exótico certamente foram umas das boas sacadas do festival este ano.
Já o palco de tech house era mais modesto, tanto em espaço quanto em estrutura. A proposta de maior imersão e proximidade entre DJ, público e bares funcionou bem para o estilo musical de techno e tech house.
A estrutura de bares em banheiros foi adequada. Os bares não ficaram lotados, bebidas estavam geladas e funcionários extremamente atenciosos, em especial o pessoal do palco Union, que se mantinham mais próximos ao público e literalmente estavam na mesma vibe da galera. A quantidade de banheiros químicos também foi adequada e eram limpos periodicamente. A equipe de segurança se mostrou bastante educada e propensa a ajudar nas situações em que foram demandados por nós.
Artistas e ApresentaçõesOs sets foram bastante elogiados pelos presentes. A organização do evento apostou corretamente no equilíbrio entre expoentes da cena local e coringas capazes de fazer lotar qualquer evento. No Mainstage, sem a menor sombra de dúvida, quem se destacou foi o americano Sevenn, que era definitivamente a pessoa mais animada de toda a festa. Outro destaque foi o holandês Nicky Romero, que mandou um set com todas as suas clássicas do EDM. Ao amanhecer, Vini Vici assumiu o palco com um set de prog comercial que fez todos esquecerem do cansaço. Os destaques para o palco Spero foram os israelenses do duo Infected Mushroom com suas músicas clássicas e o também israelense OMIKI com seu set autoral. O palco também abriu espaço para membros da cena local, com o B2B entre Tunndra e K-Bachir que atraiu boa parte do público que chegou mais cedo. Já o destaque do palco Union ficou por conta do brasileiro FractaLL com um set que se encaixou bem no contexto da noite para a entrada do também brasileiro Gabe logo em sequência. Gabe, por sua vez, tocou um set pesado e dançante, no qual mesmo sem se aventurar por muitas composições novas conseguiu manter domínio da pista em sua 1h30 de apresentação.
Qual nossa conclusão?O evento certamente foi um sucesso, o line-up e o local escolhido foram determinantes para isso, e o Federal é sim o principal festival do Centro-Oeste. A equipe de trabalho estava bem treinada e com boa interação com o público. Este é um ponto de frequente reclamação nos festivais, em que os seguranças são truculentos e os garçons mal-humorados, mas definitivamente este não foi o caso na Federal 2019. Já os pontos em que a festa poderia melhorar incluem mobilidade para entrar e sair dos palcos maiores, bem como a mobilidade entre as áreas dos diferentes ingressos, cujos caminhos eram confusos em determinadas partes. Ainda que algumas dificuldades tenham ocorrido, o evento foi um sucesso e definitivamente vale o ingresso. Aguardamos ansiosos pelo próximo ano!