Há uma razão para a maioria dos ingressos do Coachella serem vendidos praticamente com um ano de antecedência.
Claro, algumas pessoas vão esperando ver ou mesmo conhecer suas celebridades favoritas. Outras vão porque é uma festa conhecida e famosa. No entanto, viciados em música viajam pelo mundo para participar. Por quê?
Para quem já foi em festivais no país, como Bonnaroo, Ultra, Lollapalooza, Pitchfork, EDC Orlando e vários outros, na maioria dos casos diz que o Coachella bate todos eles. Claro que é uma questão de opinião, mas o evento é um espaço para os mais profundos amantes da música.
Vamos começar com a música. O Coachella constrói sem dúvida a melhor formação na América a cada ano, com quase todos os gêneros: EDM, pop, hip-hop, latino, jazz, punk, alternativa, house e techno, country e muito mais. Boa sorte para encontrar outro festival que tem Justice, Lorde, Hans Zimmer, Maya Coles Jane, Kaytranada, Kendrick Lamar e muito mais no mesmo dia.Com a maioria dos artistas recebendo cerca de 50 minutos para tocar, os sets são contados, controlados e dinâmicos. Bandas e DJs misturam grandes sucessos com alguns cortes profundos, enquanto certos DJs recebem 90 minutos para conduzir a uma experiência mais envolvente. Tive a oportunidade de acompanhar o evento pela primeira vez e confesso que me impressionei com a variedade e com a beleza em todos os aspectos. Para quem busca variedade, trata-se de um prato cheio, os diversos palcos dão a liberdade de escolha entre gêneros, onde por exemplo, no mesmo dia, fomos de Bastille até Future, e Martin Garrix e Dj Snake para Tory Lanez, uma viagem por diferentes estilos, que enriquece muito os gostos musicais e abre espaço para novas percepções.
Além da música, a qualidade de produção visual e artística é impecável. O palco principal com telões enormes e imagens de alta qualidade criam uma atmosfera mais profunda, aguçando sentidos. A tenda do Saara encantando os participantes com lasers e painéis LED gigantes, o palco Yuma recriando uma experiência de club com sete globos de espelho e som perfeito, o stage Sonora e suas paredes com arte graffiti e muito mais. Os artistas também trazem sua própria produção, com Radiohead, the xx, Nicolas Jaar, Moderat, Lorde, Kendrick, Hans Zimmer, Floating Points e Röyksopp destacando-se como exemplos notáveis.
O Empire Polo Club, espaço de realização de todo o conjunto, reflete a atmosfera do festival, com vistas deslumbrantes sobre as montanhas vizinhas dominando o horizonte. A produção vai além para incluir peças de arte únicas a cada ano, com as seleções deste ano incluindo criaturas gigantes, abstratas, um campo com diversas formas e pilares, e uma casa na árvore inspirada em Dalí.
Em termos de organização, o Coachella dominou a arte da eficiência. Quase não havia filas – tanto para alimentos, bebidas, água, entrada (exceto em horário de pico, onde o número de pessoas chegando era enorme), etc. – o traslado era muito prático para deixar e buscar pessoas. O layout do palco impedia uma lotação exagerada, devido aos grandes espaços, permitindo que os participantes rapidamente caminhassem de um stage ao outro.
O público – ao contrario da ideia equivocada de muitos críticos que nunca compareceram, caracterizando os participantes como sem graça, sem energia – quebrou totalmente essa imagem. Em geral a energia e vibração dos participantes foi positiva, quase chocante tão dada a reputação do festival. A tenda Yuma, em particular, atraiu fãs dedicados de música eletrônica, onde as pessoas nunca pararam de dançar ou sorrir.
Considerando que o Coachella é o festival principal da América e está à duas horas de distância de Los Angeles, é de se esperar que todo o esforço deve custar uma fortuna. No entanto, surpreende-se com suas maneiras únicas de dar a todos os participantes uma experiência VIP. Por um valor de 2 dólares a garrafas de água, além da opção de trocá-las por água grátis, um poster ou upgrade vip. O evento conta também com sofás, poltronas e cadeiras nas áreas de Yuma e Sonora – acompanhados também de refrigeração – e por fim o translado, com opções de refeições que vão de paella até lagosta, e sempre com preços justos.
Um dos únicos detalhes negativos foi a presença de artistas como Martin Garrix no Sahara stage, o que acabou sendo uma escolha equivocada da produção. Devido ao espaço limitado, houve superlotação, o que é perigoso para todos. O ambiente não conseguiu suportar a altíssima influência do jovem prodígio.
E há muito mais a dizer: O pôr do sol de tirar o fôlego, a performance de Porter Robinson e Madeon, que, na minha opinião foi disparado o melhor show dos 3 dias de evento, encerrando a tour Shelter de maneira impecável, a estrutura incrível do próprio Empire Polo Club, com suas belas palmeiras, grama muito bem cuidada, funcionários atenciosos, dentre outros, transformando o todo numa experiência única.