Após nova apresentação no Warung, NeoClassic celebra fase de maturidade artística e reconhecimento

Poucas carreiras na música eletrônica conseguem traçar um arco tão completo quanto o de Fernando Guimarães, o NeoClassic. O DJ e produtor paranaense se encontra em uma fase de grande atividade e um dos momentos mais emblemáticos dessa jornada aconteceu recentemente ao retornar para o Main Room do Warung Beach Club, apresentação que foi gravada na íntegra e liberada há algumas semanas no Youtube. O set oferece um panorama da sensibilidade musical de NeoClassic, que aos 67 anos desafia convenções e prova que a paixão e a busca por reinvenção são atemporais.

Para ele, o club de Santa Catarina tem um significado especial, já que carrega uma energia coletiva que o incentivou a investir na música eletrônica. Ele, que já tocou no antigo Garden e agora teve a missão de preparar a pista para Bob Moses no novo Inside, vê a materialização de um sonho acontecendo e, de alguma forma, seu nome se tornando parte da história do club. Mas tudo isso é apenas um reflexo de uma fase de carreira em plena ascensão.

Um capítulo que precisa ser mencionado é o suporte recebido de Hernan Cattaneo. O maestro argentino tocou seu remix de "Estranha Calmaria" na última edição do Warung Day Festival, quando ele estava ali, assistindo tudo de camarote.

"Ele foi uma das grandes inspirações que me motivaram a me tornar DJ, mesmo começando essa jornada em uma fase da vida considerada ‘tardia’ por muitos"

Revela NeoClassic.

Foi também uma validação importante do trabalho e uma porta aberta para novos horizontes.

A própria "Estranha Calmaria", remixada para a Hiato Music a convite de BLANCAh, é um exemplo da profundidade sonora do artista. NeoClassic mergulhou nos contrastes da faixa original, traduzindo leveza, densidade e introspecção em camadas mais intensas e com forte carga emocional.

Inclusive, essa capacidade de explorar nuances e expandir horizontes é algo que sempre esteve presente no seu DNA. A pesquisa com o Afro House, que ele vem incorporando cada vez mais aos seus sets e produções, mostra uma expansão orgânica da sua musicalidade. Isso ficou evidente em seu set no Museu Oscar Niemeyer, onde a música dialogou com uma exposição sobre arte africana, mostrando como ela pode transitar por diferentes contextos.

Já na parte da produção musical, NeoClassic mantém uma linha de trabalho focada mais em temas introspectivos e filosóficos. Após o lançamento de "Inner Storm" — faixa que marcou a inauguração da sua label Cura Records — e de "Call Of The Deep" pela Mística Sounds, no final do ano passado, ele deve apresentar em breve o EP Utopia, trazendo três faixas originais que vão abordar a expansão da consciência e a busca por equilíbrio. A data final não foi revelada, mas a expectativa é que chegue ainda neste ano.

Vale reforçar que a visão 360º da carreira de NeoClassic não se restringe aos palcos e estúdios. Ele é um defensor da democratização da música eletrônica, levando-a para espaços antes considerados incomuns.

“Quero mostrar que ela pode — e deve — ocupar também espaços de escuta, reflexão e convivência, para além da pista tradicional. Desejo dar continuidade a iniciativas como o projeto no Parque Barigui, que foi gratuito e aberto ao público, promovendo encontros intergeracionais e experiências sensoriais que tocam o corpo e a mente”

Destaca o artista.

Isso se comprova inclusive através da Cura Sessions, o primeiro evento oficial da sua gravadora, marcado para acontecer no próximo sábado, dia 02, na Mercadoteca Batel, em Curitiba. Com entrada gratuita — justamente para tornar a música eletrônica mais acessível a todos — o som inicia às 15h e vai até às 23h, com NeoClassic, Daio Ruan e Massaki no lineup.