IMS 2020 revela dados históricos sobre a indústria da cena eletrônica e o impacto da pandemia no setor
O International Music Summit(IMS), a mais influente plataforma para negócios, cultura e educação da música eletrônica mundial, lançou nesta última quinta-feira (16), as suas descobertas do relatório do “IMS Business Report”, elaborado pelo analista de dados Kevin Watson, em formato totalmente digital.
O estudo anual líder do mercado fornece estatísticas essenciais sobre o crescimento da indústria da música eletrônica nos últimos 12 meses e é uma ferramenta vital para o negócio da nossa cena. Neste ano, o relatório incluiu não só resultados pré-pandemia como todo o impacto causado por ela na indústria musical e o desempenho econômico nos dois cenários distintos, além de revelar tendências e previsões para os anos futuros.
Segundo o IMS deste ano, a música eletrônica infelizmente caiu duas posições para ser o quinto gênero mais popular do mundo, entretanto, apresentou um resultado global positivo em 2019. Os ganhos dos dez melhores DJs do mundo aumentaram em 4% em relação a 2018; os “clubbers” de Ibiza contribuíram com meio bilhão de euros para a economia local e a valorização geral da indústria aumentou 2% após um decréscimo nos dois anos anteriores.
Em meio à um progresso relevante, a COVID-19 chegou e trouxe um impacto profundo para todos os setores. A indústria da música eletrônica, que faz parte do entretenimento ao vivo, teve uma das mais severas consequências e os resultados previstos foram alarmantes:
– O valor da indústria global teve queda de 56% em relação ao ano anterior (de US$ 7,3 bilhões para US$ 3,3 bilhões);
– Clubes e festivais de música eletrônica podem perder até 75% de sua renda neste ano, o que equivale a cerca de 3,3 bilhões de dólares;
– A renda de DJ e artistas pode cair até 61% comparado a 2019 (de US$ 1,1 bilhões para US$ 0,4 bilhões);
É evidente que esses números são consequência inevitável e imediata a curto prazo das medidas de quarentena aplicadas em todo o mundo devido ao coronavírus. A previsão é de que a indústria da cena eletrônica se recupere por completo nos próximos cinco a dez anos.
A pandemia levou a indústria de música ao vivo para buscar “refugio” nas plataformas digitais, resultando em mais de 127 milhões de visualizações em conteúdos de música eletrônica, levando a um aumento acentuado nas marcas e mídias sociais dos artistas que aderiram aos formatos on-line. Além disso, as lives da nossa cena conseguiram arrecadar mais de 3,6 milhões de dólares para causas beneficentes (cerca de 19,2 milhões de reais).
Para além disso, o relatório incluiu também outros resultados interessantes quanto ao ano de 2019:
– No Beatport, maior site de vendas do gênero, o Techno continuou sendo a vertente mais vendida pelo quarto ano seguido;
– A Dance Music, como 5° gênero favorito no mundo, apresenta grande potencial de crescimento na China, índia, México e Coréia do Sul;
– Nos últimos 5 anos no Reino Unido, a música eletrônica tem perdido espaço nos ouvidos dos fãs de música para o Rap/Hip Hop, caindo quase pela metade (9,1%);
– O valor do mercado da cena eletrônica na Alemanha atingiu um máximo histórico em 2019 (118 milhões de euros), triplicando o valor em comparação a 2010;
– Charlotte de Witte tocou 1,5x mais em festivais no ano anterior do que em 2018, enquanto Lost Frequencies foi o artista mais abundante, tocando em 49 festivais;
– Os “clubbers” de Ibiza gastaram 260 milhões de euros em 2019, com mais de 2 milhões de ingressos vendidos;
Em relação a este ano de 2020, mais detalhes foram revelados sobre alguns outros tópicos:
Transmissões ao vivo
– No mês de maio, 7 das 10 transmissões de música mais assistidas no Twitch eram focadas em música eletrônica, totalizando 6 milhões de horas em visualizações;
– A Mad Decent, gravadora do Diplo que aderiu com força as plataformas digitais, ganhou 35 milhões de visualizações em 11 semanas no Twitch;
– Os DJs que se apresentaram no show virtual do Fortnite (Dillon Francis, Steve Aoki e Deadmau5) aumentaram em 10x o crescimento de seus seguidores no Instagram após o evento;
Clubes e festivais
– Até o dia 20 de abril, cerca de 350 festivais de música eletrônica tinham sido cancelados ou adiados, resultando em 8,9 milhões de fãs impossibilitados de participar dos eventos;
– A escapatória atual de alguns clubes e festivais dificilmente está sendo comercialmente viável para as empresas, como as Live Streams, os shows Drive-In e as pistas de dança com distanciamento social e redução de capacidade;
Valor da indústria
– É esperado um crescimento contínuo do streaming para todo o restante de 2020, gerando cerca de 1 milhão de dólares para a indústria de música eletrônica global;
– A receita de softwares, hardwares e outras fontes de música eletrônica pode cair em até 25% neste ano;
Para ler o relatório completo, acesse aqui.
Sobre o autor
Caio Pamponét
Graduando em jornalismo pela UFBA e Redator da Play BPM. Um apaixonado por música desde a infância que cultiva o sonho de viajar pelo mundo fazendo o que ama e conhecendo novas culturas. Com um desejo inerente de fomentar a cena eletrônica de sua terra - Salvador, BA, Caio Pamponét respira os mais diversos BPM's e faz da música o seu combustível diário.