A história da estrela holandesa Martin Garrix, de um DJ local à inspiração de uma geração
- Por Caio Pamponét -
A cena eletrônica é desenvolvida por diversos artistas que, de tempos em tempos, conseguem estabelecer marcos históricos e constroem a sua jornada de sucesso para servir de exemplo e ser o destaque de toda uma geração de fãs e jovens aspirantes dentro do mundo da música.
Neste aspecto, um dos ícones que mais despertam interesse e é um dos mais lembrados em todo o mundo por conseguir alcançar um patamar global de uma forma tão meteórica e inimaginável, é o holandês Martin Garrix.
Como um dos artistas mais singulares de toda a história da indústria da música eletrônica, muitos se questionam e ficam curiosos para saber como o DJ e produtor holandês figurou entre os melhores do mundo da cena em tão pouco tempo.
Para esclarecer essas dúvidas, vamos conhecer um pouco mais sobre a história dessa estrela (com longo caminho pela frente) e apresentar alguns fatos e curiosidades fantásticas sobre a vida e carreira de Martin Garrix que você provavelmente ainda não tenha ideia!
OS PRIMEIROS PASSOS:
Em 14 de maio de 1996, nasce no município de Amstelveen, na Holanda, Martijn Garritsen (agora você já sabe de onde veio o nome artístico). Desde criança, Martijn já apresentava um grande interesse pela música, e, segundo o próprio astro, a sua primeira inspiração surgiu quando tinha apenas 8 anos, quando viu Tiësto se apresentar ao vivo na Cerimônia de Abertura das Olímpiadas de Atenas de 2004. Assistindo de sua casa pela TV, este foi um momento decisivo na vida de Martin Garrix, gerando os primeiros passos de um jovem que futuramente mudaria o cenário da música.
Com 10 anos, Martijn ganhou uma controladora e construiu uma casa na árvore com seu pai, Gerard Garritsen, que implementou algumas caixas de som no local. Em pouco tempo, a jovem criança, que já estava apegada à música eletrônica a algum tempo, começou a tocar em festas da região quando seu pai tornou o setup móvel e adquiriu algumas iluminações para as apresentações.
Foi neste período, entre 2006 e 2007, que o talento artístico e musical de Martin Garrix floresceu.
O INÍCIO DE UM PRODÍGIO:
Com seu primeiro nome artístico, DJ Marty, o jovem já havia terminado sua primeira track logo aos 10 anos e começou a regularmente dar festas, embora, segundo ele próprio admitiu, poucas pessoas compareciam.
Com 12 anos de idade, o garoto aprendeu a tocar guitarra, instrumento que poucas vezes é requisitado em suas apresentações ao vivo.
Alguns anos depois, em janeiro de 2010, desta vez com 13 anos, ele deu mais um importante movimento em sua carreira, quando realizou seu primeiro show real. Após um tempo, ainda nesse ano, ele finalmente foi descoberto.
Um DJ local deu suporte a um remix não-oficial da track ‘Tonight’ de Enrique Iglesias, feita por Martin, e começou a tocar frequentemente durante seus shows. Ambos se conheceram e o DJ até levou o garoto prodígio com ele para vivenciar pessoalmente o momento.
A ASCENSÃO:
Em 2012, agora com 16 anos e um novo nome artístico mais estilizado e moderno (e, cá pra nós, mais chamativo que o anterior), Martin Garrix continuava produzindo tracks para tocar em seus shows e estava sendo contatado constantemente por vários DJs holandeses, um dos quais estava procurando por um ghost producer. O DJ em questão ouviu uma faixa produzida por Martin, curtindo instantaneamente e posteriormente lançando-a pela maior gravadora de música eletrônica do mundo, a Spinnin’ Records. A faixa se tornou um grande sucesso – não se sabe quem protagonizou este episódio e nem qual foi a track, mas isto já demonstra o talento incrível que o garoto comportava. Não demorou muito para que a Spinnin’ chegasse a Martin e o convidasse para o escritório deles. Como muitos de nós, eles ficaram chocados com a idade do garoto, mas isso não foi obstáculo para o DJ, que conseguiu o contrato de seus sonhos e se juntou a um time de super-estrelas, como Afrojack, Alesso, Nicky Romero, Dimitri Vegas & Like Mike e muitos outros.
Neste mesmo ano, ainda com 16 anos, Martin Garrix, foi eleito o ‘DJ Talento do Ano’ pela popular estação de rádio de seu país natal, a SLAM! FM, um título que, no ano anterior, tinha sido conquistado por nada mais nada menos que Calvin Harris.
Outra curiosidade interessante sobre esta fase da carreira é que um remix do garoto feito para a track ‘Body’, da estrela pop Christina Aguilera, esteve presente na versão Deluxe do álbum ‘Lotus’ da cantora, representando o primeiro contato de Martin com outros gêneros musicais.
O DIVISOR DE ÁGUAS:
2013 foi, provavelmente, o ano mais memorável e crucial para Martin Garrix. Ele se formou na ‘Herman Brood Academy’ em Utrecht, uma respeitada escola de produção para artistas em início de carreira. Este também foi o ano em que Martin começou a se apresentar em pequenos shows, isso porque ele já fazia parte de uma agência que tinha como objetivo habituá-lo à vida de um DJ em turnê. Entretanto, a história que foi construída a partir deste ponto de sua vida foi muito maior do que ele mesmo pudesse imaginar. O momento chave para que sua carreira mudasse de um DJ local para uma estrela da EDM foi iniciada na metade daquele ano: em 17 de junho de 2013, Martin Garrix lançava ‘Animals’.
A partir disso, a vida do jovem de apenas 17 anos teve que ficar dividida entre fazer turnês ao redor do mundo e continuar indo ao colégio para que conseguisse concluir o ensino médio na Holanda.
A track, ideal para bombar em grandes festivais, atingiu o número #1 nas paradas musicais em mais de 10 países, como Reino Unido, Espanha, Holanda e vários outros; fazendo de Martin um dos artistas mais jovens de todos os tempos a alcançar este feito e levando a música eletrônica a patamares inacreditáveis.
Além disso, o hit conseguiu alcançar o topo do maior site de compras online de Dance Music, e mesmo depois de mais de 7 anos de lançamento, ‘Animals’ não sai do chart de ‘Big Room’ até hoje e já soma quase 1 bilhão e meio de visualizações no Youtube.
Após seu sucesso meteórico, as redes sociais do artista já somavam quase 7 milhões de seguidores. E, mais tarde naquele ano, ele assinou oficialmente com a ‘Scooter Braun Projects’, empresa que gerencia a carreira de artistas mundialmente famosos, como Justin Bieber, Ariana Grande, Kanye West, e vários outros.
O SUCESSO GLOBAL:
As consequências extraordinárias de ‘Animals’ se estenderam, fazendo Martin Garrix lançar vários hits consecutivos entre 2013-14, como ‘Wizard’, ‘Turn Up The Speakers’, e ‘Tremor’; tracks que se tornaram memoráveis e lembradas até hoje como clássicos da EDM. Em março de 2014, mais uma façanha inacreditável foi realizada pelo DJ. Antes de completar seus 18 anos, Martin foi headliner e se apresentou pela primeira vez no Ultra Miami, fazendo sua estreia no palco principal frente a milhares de pessoas. Apenas um mês depois, o jovem produtor também estreou num dos maiores festivais de música do mundo, o Coachella. Um pouco mais tarde no mesmo ano, ele apresentou sua nova série no Youtube, o ‘The Martin Garrix Show’, que dava uma visão única do seu dia a dia como artista em turnê. Para fechar este ano insano com mais um feito inédito, Martin entrou pela primeira vez na lista dos 100 melhores DJs do mundo na 40ª posição, sendo o mais jovem a alcançar tal marco.
MUDANÇAS E CONFLITOS:
O ano de 2015 veio como uma maré de altos e baixos para o garoto de 19 anos. Uma nova sonoridade foi adotada por ele, deixando para trás o ‘Big Room’ e se aventurando no estúdio com o Progressive House. Em março daquele ano, Martin Garrix estreou em seus shows o que talvez seria a sua maior collab até então: “Rewind Repeat It”, com a estrela pop internacional Ed Sheeran. A track infelizmente nunca viu a luz de um lançamento oficial. Ao ser pressionado sobre os motivos, Martin apontou a batalha jurídica com a Spinnin’ Records como razão por trás disso. Ainda que seus hits dos anos anteriores continuassem explodindo em todo o mundo, 2015 representou um ano bastante tumultuado para o DJ holandês. Em agosto, ele anunciou que havia cortado relações com a direção da Spinnin’ e da MusicAllStars devido a um conflito em torno da propriedade e direito autoral de sua discografia. Na época, muitos estavam preocupados em como este evento poderia afetar a carreira do jovem artista.
O ÁPICE:
Para aqueles que se preocupavam com o futuro de Martin, em 2016, ele ressurgiu mais forte do que nunca e deixou claro que não iria se abalar pelos conflitos passados. No início do ano, ele fundou sua própria gravadora, a STMPD RCRDS. E em julho, assinou um acordo com a Sony Music, dando outro grande passo em sua jornada para o topo. O astro holandês sempre marcou presença na maior conferência de música eletrônica do mundo, a Amsterdam Dance Event (ADE), mas foi nesse ano que o DJ superou as expectativas dos fãs ao dar início ao projeto RAI, na qual realiza duas apresentações solo: uma sendo para maiores de 18 anos e outra para todas as idades. O show é realizado anualmente durante o evento e conta com uma estrutura de brilhar os olhos que vai enriquecendo a cada edição.
Entretanto, o momento mais marcante desse período, e que talvez seja o mais importante na carreira de Martin Garrix ocorreu no próprio ADE 2016. Depois de um ano incrível, o artista lançou sete tracks durante sete dias seguidos, o brilhante EP Seven coroava o que já era bastante especulado por muitos: Martin era oficialmente nomeado como o melhor DJ do mundo, segundo a votação popular da revista DJ Mag. E, mais uma vez, foi o mais novo a receber esse título. O jovem holandês havia se tornado o artista mais proeminente da indústria musical nos últimos tempos, anulando as poucas dúvidas de que esse garoto poderia realmente superar qualquer limite.
QUEBRA DE BARREIRAS:
O período entre 2016-17 foi marcado pela mudança de foco do produtor, que explorou fora da música eletrônica ao realizar algumas collabs com grandes artistas da cena Pop. Em uma trajetória ascendente por esse ramo, Martin Garrix teve mais um ano fenomenal com as tracks ‘In The Name Of Love’, com Bebe Rexha ; Scared to Be Lonely, com Dua Lipa e There For You com Troye Sivan.
Em 2017, ele fez turnê com o astro Justin Bieber, abrindo os shows do ‘Purpose World Tour’ e se estabelecendo de vez como uma iminente estrela não só da Dance Music mas de toda a cena musical internacional. No verão daquele ano, Martin fez aparição na lista das celebridades mais bem pagas do mundo pela Forbes, tendo ganhado impressionantes 19,5 milhões de dólares.
Em setembro, ele tinha superado mais um obstáculo em sua vida ao ganhar o processo na justiça que lhe permitiu recuperar os direitos de suas músicas e ter seu contrato permanentemente rescindido com a Spinnin’ Records. E, um mês depois, foi nomeado pela segunda vez o melhor DJ do mundo.
FECHAMENTO DE UM CICLO:
Em 2018, agora com 22 anos, o DJ e produtor holandês havia finalmente concluído um ciclo digno de cinema. Tendo começado sua jornada musical ao ver a lenda Tiësto tocando na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2004, em fevereiro de 2018 Martin Garrix se apresentou no encerramento dos Jogos Olímpicos de Inverno. Este é um episódio que, sem dúvidas, é um dos maiores e mais memoráveis de toda sua carreira. Ao final do ano, sem surpresas, Martin foi eleito pela terceira vez (seguida) o top #1 DJ do mundo.
A CONSISTÊNCIA ATUAL:
Mantendo-se sempre presente nos maiores festivais do mundo, no ADE de 2019, Martin Garrix estreou seu novo show ao vivo ‘THE ETHER’, durante suas duas noites na RAI. Nesse momento, ele foi anunciado como convidado da UEFA para ser o músico oficial e lançar uma track tema para a maior competição de seleções de futebol da Europa, a Eurocopa. Durante a apresentação, ele chegou a subir no palco com a cobiçada taça do torneio. Segundo as próprias palavras do artista, este foi o maior projeto que ele já fez em toda sua vida.
Hoje, aos 24 anos, com uma carreira consistente e divulgando inúmeros talentos com sua gravadora, Martin Garrix já soma mais de 60 Discos de Platina e ainda participa de projetos alternativos, usando os apelidos de GRX, AREA21 e YTRAM.
MENSAGEM PARA VOCÊ, DJ/PRODUTOR:
Apesar de parecer que Martin tenha se destacado da noite para o dia e atingido proporção gigantescas em tão pouco tempo, isso só foi possível devido ao trabalho árduo e a pura determinação e foco do artista – uma história bem mais longa do que muitas pessoas imaginam. Como qualquer pessoa, ele enfrentou e superou questões que ameaçaram seu crescimento artístico, e foi contornando com muita sabedoria todos estes empecilhos que poderiam ter prejudicado tanto sua carreira como sua vida pessoal.
Portanto, acredite que o sucesso pessoal muitas vezes vem quando você relaxa e concentra toda sua energia para desenvolver a sua própria qualidade sonora e se esforçar intensamente para dar o seu melhor. Não se deixe limitar por não estar conseguindo o reconhecimento que merece, como já diz Martin Garrix: “Não se trata de estar no topo, mas de fazer outras pessoas felizes”.
Sobre o autor
Caio Pamponét
Graduando em jornalismo pela UFBA e Redator da Play BPM. Um apaixonado por música desde a infância que cultiva o sonho de viajar pelo mundo fazendo o que ama e conhecendo novas culturas. Com um desejo inerente de fomentar a cena eletrônica de sua terra - Salvador, BA, Caio Pamponét respira os mais diversos BPM's e faz da música o seu combustível diário.