Há 74 anos o LSD era oficialmente descoberto pelo químico suíço Albert Hofmann
Você consegue pronunciar “Lysergsäurediethylamid”? Provavelmente não. Pois saiba que este é o verdadeiro nome do LSD, uma palavra alemã para a dietilamida do ácido lisérgico.
Há 79 anos, mais precisamente no dia 7 de abril de 1938, o químico suíço Albert Hofmann trabalhava em um laboratório farmacêutico quando sintetizou a droga pela primeira vez em um grande programa de pesquisa que tinha o objetivo de descobrir derivados da ergolina – um fungo parasita que cresce no centeio e na Idade Média envenenou milhares de pessoas que comeram o pão de centeio infectado –que impedissem o sangramento excessivo após o parto. O químico fez experiências com várias outras substâncias procurando um estimulante para a respiração e circulação do sangue no corpo. Um desses estimulantes era o LSD-25. Mas testes não mostraram nada de especial, e a Sandoz (empresa para a qual trabalhava) abandonou estudos adicionais.
Cinco anos depois, com um “pressentimento peculiar”, Hofmann voltou às pesquisas sobre o possível potencial do LSD-25. Entretanto, no dia 16 de abril de 1943, durante um dos processos, o químico acidentalmente colocou um dedo na boca, ingerindo uma pequena quantidade da droga. Neste dia, Hofmann foi embora mais cedo para casa alegando não estar se sentindo muito bem: “Quando cheguei em casa, deitei e me afundei em uma condição de intoxicação muito agradável, caracterizada por uma imaginação extremamente estimulante. Em um estado de sonho acordado, com os olhos fechados, achei que a luz do dia estava desagradavelmente brilhante, percebi uma série ininterrupta de figuras fantásticas, extraordinárias formas de muita intensidade, caleidoscópicos jogos de cores. Vontade de rir. Duas horas depois essa condição havia enfraquecido”.
Percebendo que havia descoberto algo, Hofmann decidiu no dia 19 de abril, ingerir 250 microgramas de LSD-25 – dez vezes mais que a típica dose mínima de hoje. É claro que o teste resultou em alguns momentos perturbadores para o químico, que durante horas acreditou estar possuído por um demônio, que sua vizinha era uma bruxa, e que seus móveis estavam o ameaçando. Um médico foi chamada ao local, porém não detectou nada de anormal, a não ser as pupilas dilatadas. Horas depois, o medo deu-se lugar à euforia e visões estranhas e coloridas. Hofmann então, decidiu ir para casa de bicicleta; dia que se tornou mundialmente conhecido por ser a primeira “viagem” de LSD da história.
Depois, testou a substância novamente em doses muito mais baixas, passando por experiências mais amenas mas ainda assim surpreendentes, e percebeu que havia utilizado uma dosagem altíssima em seu auto-experimento inicial. Maravilhado e intrigado com os efeitos do LSD, cunhou a droga como importante substância psiquiátrica experimental e lançou-a à comunidade científica.
A empresa farmacêutica enxergou uma grande oportunidade e, após diversos testes em animais, ofereceu o Lysergsäurediethylamid para institutos de pesquisas e médicos usarem em experimentos psiquiátricos, tanto em pacientes considerados saudáveis quanto mentalmente doentes. Em 1947, a pesquisa foi eficaz o suficiente para convencer a poderosa Sandoz a patentear o LSD e levá-lo ao mercado como Delysid. O medicamento era vendido em tabletes de 25 microgramas para uso na psicoterapia analítica. A empresa também sugeriu que psiquiatras tomassem a droga eles mesmos, assim poderiam entender melhor seus pacientes. Em 1949, médicos do Hospital Psicotrópico de Boston estavam usando o LSD em seus pacientes. Em 1960, havia centenas de pesquisas publicadas nos jornais médicos e científicos sobre os vários usos da droga.
Até 1966, o LSD era fornecido pelos Laboratórios Sandoz gratuitamente para cientistas interessados em conhecer mais sobre seus efeitos. O uso deste composto foi utilizado pelos médicos para conhecer melhor como era a experiência dos esquizofrênicos. Muitos usos clínicos foram conduzidos com o LSD para psicoterapia psicodélica, geralmente com resultados extremamente positivos. A droga foi inicialmente utilizada como recurso psicoterapêutico e para tratamento de alcoolismo e disfunções sexuais e obteve grandes êxitos. Mas, devido ao excessivo uso da sociedade, o LSD foi proibido em 1965 nos Estados Unidos, e em 1971 no resto do mundo.
Para conhecer e entender melhor a história do LSD, separamos um documentário que conta com a participação do próprio Albert Hofmann. O vídeo mostra relatos e imagens de como a droga era utilizada no início de sua descoberta, e também mostra o motivo de ter sido proibida em todo o mundo. Vale MUITO a pena assistir!