Estudo revela que 80% das pessoas experimentam benefícios emocionais de saúde mental em eventos de música eletrônica
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A Night Time Industries Association (NTIA), organização de apoio à vida noturna do Reino Unido, revelou os resultados de seu segundo relatório anual sobre o setor de música eletrônica.
O relatório intitulado "Electronic Beats, Economic Treats 2024" foi produzido em associação com a Audience Strategies e apoiado pela Amazon Music para apresentar uma visão geral do cenário de música eletrônica, abrangendo a importância econômica do setor (mercado musical, shows ao vivo, etc), as tendências futuras e uma análise sobre as perspectivas do apaixonado público que sustenta esse mercado.
O que mais chamou atenção nos dados anunciados foi a pesquisa acerca do envolvimento, cultura e conexões da cena de Dance Music: um número expressivo de 80% dos entrevistados relataram ter experimentado um impacto positivo em seu bem-estar mental e emocional ao frequentarem eventos de música eletrônica.
Esse senso de comunidade é refletido também em outros resultados - 75% dos participantes afirmaram ter uma sensação de pertencimento ao movimento artístico e 98% reconheceram que se sentem confortáveis e em segurança em eventos de clubes.
"O que realmente diferencia o cenário da música eletrônica do Reino Unido é seu senso de comunidade. (...) Há um espírito coletivo que une indivíduos de diversas origens. Essa comunidade transcende fronteiras, reunindo pessoas que compartilham a paixão pelo poder transformador da música eletrônica. É um espaço onde as diferenças são celebradas, e a linguagem universal das batidas e dos ritmos cria um senso de pertencimento que não tem limites"
Disse Michael Kill, CEO da NTIAAlém disso, podemos destacar também outros resultados:
- A música eletrônica é o segundo maior gênero musical do Reino Unido nos serviços de streaming digital;
- 73% dos grandes artistas globais são "significativamente influenciados" pela música eletrônica;
- 80% dos fãs de música eletrônica do Reino Unido escutam o gênero diariamente, sendo 75% deste público com idade acima dos 45 anos;
- Os artistas eletrônicos são os que mais aparecem em festivais pelo Reino Unido, representando 30% das lines (seguido pelo Rock [22%] e Pop [21%]);
- O Reino Unido é 3ª nação que mais recebe festivais de música eletrônica no mundo, rolando cerca de 300 por ano;
- 79% das mulheres e 87% dos homens acreditam que a cena eletrônica promove a diversidade e a inclusão
Em relação aos impactos econômicos do setor em 2023, vale destacar os seguintes dados:
- £2,5 bilhões é o impacto total da música eletrônica no Reino Unido, uma redução de 6% em relação ao relatório anterior;
- 90 milhões de pessoas visitaram casas noturnas britânicas em 2023, um declínio de 9%;
- O número de clubes no Reino Unido diminui 4%, com 31 casas fechadas somente em 2023
- £210,6 milhões foram gerados a partir da indústria fonográfica, um aumento de 16%;
- A contribuição econômico dos festivais aumentaram em 9%, totalizando £567,8 milhões
"A música eletrônica pode parecer apenas mais um gênero. Mas essa pesquisa mostra que ela é MUITO mais. É uma comunidade próspera, um contribuinte econômico considerável e um foco de criatividade e inovação. A música eletrônica é uma história de resiliência, diversidade e riqueza que rivaliza com qualquer outra força cultural. Ela energiza os espíritos, une diversas comunidades e amplia os limites criativos (...). O relatório mostra que também é um setor em uma encruzilhada, enfrentando desafios imensos... mas, felizmente, equipado com a engenhosidade e a paixão para inovar"
David Boyle, Diretor da Audience Strategies, do Reino UnidoApesar do objetivo principal do relatório seja destacar o valor do setor de música eletrônica para o Reino Unido e apontar os desafios enfrentados pela cena, os dados também refletem uma necessidade de encontrar soluções para minimizar os impactos sofridos pelo mercado eletrônico pelo mundo, como a necessidade de criar mecanismos de financiamento para artistas e reforçar o apoio a DJs e promoters locais, bem como a profissionalização do setor através de investimentos e o fortalecimento (pelo público e pelo mercado) dos clubes locais.
Apesar disso, embora o mercado de música eletrônica enfrente dificuldades econômicas no mundo todo, a cena de Dance Music continua prosperando culturalmente, promovendo um forte senso de comunidade e inovação, agregando novos públicos e atingindo espaços antes inexplorados. A música eletrônica segue crescendo e sendo uma força que molda não apenas a economia, mas também o tecido cultural e social de vários países.
Para ler o relatório completo da NTIA, acesse aqui.
Imagem de capa: Reprodução.
Sobre o autor
Caio Pamponét
Graduando em jornalismo pela UFBA e Redator da Play BPM. Um apaixonado por música desde a infância que cultiva o sonho de viajar pelo mundo fazendo o que ama e conhecendo novas culturas. Com um desejo inerente de fomentar a cena eletrônica de sua terra - Salvador, BA, Caio Pamponét respira os mais diversos BPM's e faz da música o seu combustível diário.