Em maio, Martijn Garritsen, mais conhecido pelos fãs da música eletrônica como Martin Garrix, celebrou seus dezenove anos. Apesar de sua idade, o jovem holandês já atuou em festivais de grande porte como o Ultra Music Festival e o Amsterdam Music Festival; e em abril de 2014, foi convidado para tocar nos dois finais de semana do Coachella Valley Music e no Arts Festival, no coração do deserto de Colorado, EUA. A ascensão de Garrix ao super estrelato da EDM se deu após a divulgação de seu hit “Animals”, um instrumental de música eletrônica que liderou as paradas do Reino Unido e dominou as lojas de música online no final de 2013. Garrix, um dos DJs mais solicitados do planeta, aterrissou recentemente em Ibiza para liderar uma nova residência de nove semanas no hotel Ushuaia. Uma grande oportunidade que certamente irá contribuir para cimentar a posição de Martin no círculo de grandes artistas da EDM, ao lado de grandes nomes como David Guetta e Avicii.
Conte-nos sobre a sua nova residência no Ushuaia. Como será?
Minha nova residência será um campo de testes para novas música de Martin Garrix, pois tocarei por várias semanas durante o verão. Pretendo tocar um monte de temas inéditos no Ushuaia. Pode ser eu que traga algumas surpresas. Em meu show de abril em Las Vegas, Alesso apareceu e acabamos fazendo um B2B que durou uma hora.
Tiësto te inspirou para começar a tocar. Agora você está trabalhando com ele. Qual é o melhor conselho que ele já lhe deu?
Ele me falou pra não dar ouvidos aos comentários negativos. Antigamente, eu focava todas as minhas energias neles, mesmo que de 100 comentários, apenas um fosse negativo. Hoje eu não penso mais assim.
Qual é o truque de produção mais importante que você aprendeu dos seus tutores na escola de produção musical?
Eu aprendi que todo efeito que você utiliza no estúdio acaba destruindo o som original. Ou seja, quanto mais efeitos você adiciona ao som, pior ele soará. Me surpreendi quando ouvi isso pela primeira vez, mas se você parar para pensar bem, faz sentido. Quando você utiliza arquivos .wav, cada efeito destrói a qualidade da onda de som original. Um dos truques de DJ mais importantes que eu aprendi foi que se você quer que um som se sobressaia mais na mixagem, não aumente muito o volume dele. Faça o contrário, abaixe o volume dos outros para criar um espaço para o novo som.
Conte-nos sobre sua recente visita aos Estados Unidos, particularmente à casa de David Guetta.
Tiësto e eu estávamos gravando um vídeo clip para a música “The Only Way is Up”, em um barco em Miami. Nós sabíamos onde o David Guetta morava e resolvemos ir lá visita-lo. Seguimos em direção a sua casa a toda velocidade. Quando chegamos, viramos o barco, mas o motor desligou e nos chocamos contra a sua doca. Foi muito perigoso, mas divertido ao mesmo tempo! Coincidentemente, tínhamos quatro câmeras filmando tudo para documentarmos e gravarmos a reação do David. Ele reagiu muito bem, e assim que percebeu que ninguém havia se ferido, acabou rindo do ocorrido. Claro que o grande problema seria o custo para a reparação da doca, porém ele não nos deixou pagar. O mais importante é que saímos ilesos.
Conte-nos também sobre a sua recente colaboração no estúdio com Tiësto.
Tiësto e eu estávamos planejando fazer uma música juntos há três anos, desde que ele assinou uma das minhas primeiras faixas, “Torrent” – que foi divulgada antes mesmo de “ Animals” -, com seu selo Musical Freedom.Tiësto me apoia em tudo que faço, além de tocar muitas de minhas tracks em seus sets. A ideia da “The Only Way Is Up” surgiu quando estávamos tocando “à capella”, cortando as vozes e criando uma nova melodia. Em seguida, começamos a trabalhar somente em torno disso, e ficamos trancados durante dois dias em um estúdio em Vegas para terminá-la.
Por que a colaboração entre artistas de gêneros diferentes são tão importantes na EDM?
Para um produtor como eu, é muito interessante provar algo novo e inventar músicas com outros gêneros, pois você aprende muito com isso. Se trata de ganhar experiência. Me encanta trabalhar com artistas como Usher e Ed Sheeran. É como uma lufada inspiradora de ar fresco no estúdio.
Como surgiu a oportunidade de trabalhar com Ed Sheeran?
A ideia foi do meu diretor Scooter, que nos apresentou. Depois disso, começamos a conversar. Logo eu enviei a Ed uma progressão de acordes. Em seguida, Ed me enviou uma nota por WhatsApp cantando uma melodia sobre os acordes. Daí, construí um tema em torno dos vocais e enviei de volta para ele. Logo, estávamos trabalhando no estúdio para finalizar a canção. O bom de toda essa colaboração é que Ed é um cantor com uma visão totalmente diferente da minha. Sendo assim, foi muito interessante combinar a sua voz com o som da música eletrônica.
https://www.youtube.com/watch?v=ALWj5renX7k
E quanto ao Usher, como vocês se conheceram?
A forma que ocorreu foi muito similar a do Ed Sheeran. A única diferença foi que eu já tinha o tema. Comecei a conversar com o meu diretor sobre o quão bom seria ter um vocalista diferente cantando-o. Então, Scooter me disse: “Não fique muito animado ainda, mas vou conversar com o Usher e ver se o tema o agrada”.Três horas depois, ele me chamou pelo FaceTime e disse: “Ei, o Usher quer cantar o seu tema. Ele gostou muito!”.Em seguida, lá estava eu, sentando com ele trabalhando em cima da nova canção.
Ouvimos boatos de que você e o Avicii estão trabalhando em cima de um hit de John Legend. Estes rumores estão certos?
O cantor não é John Legend. E todavia, não tenho informações que possa oferecer sobre o tema. Basicamente, a gente acabou mostrando a track ao público cedo demais, e agora ela já se espalhou pela internet. Mas o que posso dizer é que tenho estado no estúdio com o Avicii, e estamos trabalhando em cima de muitas canções.
Fonte: THE ÏU MAG by Ushuaia IbizaEdição: N5/2015
Sobre o autor
Rodolfo Reis
Sou movido por e para a música eletrônica. Há 7 anos, idealizei trabalhar com esta paixão, o que me levou a fundar a Play BPM. 3 anos depois, me tornei sócio da E-Music Relations. Morei na Irlanda por 2 anos, onde aprendi a conviver e respeitar ainda mais outras culturas. Já tiquei 28 países do globo, mas ainda sonho em ser nômade. Apelidado carinhosamente pelos amigos de "Fritolfo": quando o beat começa a tocar, eu não consigo parar de dançar.