Há quase 20 anos, em 1997, era inaugurado no bairro de Copacabana um dos clubs que mudaria para sempre a cena alternativa do Rio de Janeiro: o Bunker 94. Alguns anos à frente, em 2000, as noites da casa refletiam tão fortemente as diferentes culturas musicais e tribos da cidade que, como uma inevitável combustão de energia, foi necessário romper os limites de suas paredes e transformar aquelas expressões em algo maior: e daí nasceu a Bunker Rave.
Realizada nos sítios de Vargem Grande, era o que definitivamente se pode chamar de uma Rave; seja pelo aspecto comportamental, multicultural, ou pela falta de legalização junto aos órgãos públicos, algo muito, muito complicado naquela época. Em 2004, um promotor de justiça resolve investigar as liberações para o evento e o inevitável acontece: a Bunker Rave daquele ano é embargada e o fenômeno chega ao seu último capítulo.
Alguns meses depois, um acaso da vida muda o rumo dessa história: em um posto de gasolina, o organizador do evento encontra o promotor de justiça e um diálogo é aberto. Resultado: Em 11 de Maio de 2005, a primeira “rave” legalizada da cidade do Rio de Janeiro é realizada, no Riocentro, que naquela época era administrado pela própria Prefeitura. Nascia então o Chemical Music Festival!
O CMF surge com o slogan “a maior celebração de todas as tribos da música eletrônica”. Desde a primeira edição, mesmo com aspectos de uma “rave”, já se via que era mesmo um festival de música eletrônica, como manda o figurino, a proposta, e a direção da organização. O estilo musical carro-chefe ainda era o trance, mas o house, techno, electro, progressive, drum n’ bass e outros estilos, que tinham espaço cativo dentre os dois palcos ao ar livre e as duas tendas que compunham o evento.
Entre 2005 e 2008, o CMF cresceu e adaptou-se, ano a ano, ao espírito do tempo, enfrentando os desafios de colocar de pé uma produção cada vez mais caprichada e um line-up surpreendente. Vira capítulo do livro “1968 – O ano que não terminou”, de Zuenir Ventura – inspiração para o filme “Paraísos Artificiais”, de Marcos Prado -, é citado no Portal Resident Advisor como um dos “10 festivais de música eletrônica mais importantes do mundo”. Rompe as fronteiras da Cidade Maravilhosa e realiza edições em Curitiba e Belo Horizonte.
Até que em maio de 2009, numa edição histórica com lua cheia e manhã ensolarada, o festival atinge o seu ponto máximo de público, reunindo 24 mil pessoas no Riocentro. No dia seguinte, o Prefeito Eduardo Paes entra em contato por telefone com o organizador e diz: “a Barra cresceu, ontem ninguém dormiu e sugiro que você mude o local do seu evento a partir do ano que vem”. Assim foi feito.
A Marina da Glória, que recentemente havia aberto seu espaço para receber seus primeiros eventos de música eletrônica – a edição inaugural do RMC acontecera lá no ano anterior, em 2009 – foi a locação escolhida para receber a edição de 2010 do CMF, toda reformulada. A troca de local, horário do festival – que passara a ser diurno, o que não era comum e ia contra os hábitos dos frequentadores -, assim como a atualização no formato das pistas, fez com que a quantidade de público diminuísse de 24 mil pessoas em 2009 para pouco mais de 7 mil pessoas em 2010. É claro que em 5 anos de festival – onde seis edições foram realizadas no Rio, duas em Curitiba e uma em Belo Horizonte – muita coisa mudou na música eletrônica no mundo e no nosso país. Através de “Superstar DJs” como David Guetta, o estilo chegou às rádios, TVs, academias, em todo lugar. Era hora de encerrar um ciclo para que outro começasse.
Em 2011, o plano traçado parecia infalível: lançariam o “novo” festival em São Paulo. Para o line up, contrataram ninguém menos que o The Chemical Brothers, depois de anos sem apresentações no país. À 40 dias do evento, quando já contabilizavam 8 mil ingressos vendidos, o produtor da cidade de Belo Horizonte que receberia o show da dupla altera o venue sem o devido alinhamento com a produção dos ingleses e, apesar de todos os esforços empreendidos para que o show fosse mantido, as apresentações no Brasil são canceladas. Sem o duo The Chemical Brothers, não haveria como manter o festival. O Chemical Music Festival 2011, em São Paulo, é cancelado.
No ano de 2012, de volta ao Rio, os organizadores, como sempre, decidiram resistir e combater as condições mercadológicas adversas. Manter em atividade a química que transformou a vida de milhares de pessoas parecia uma obrigação. Realiza-se então uma edição menor, nos diversos espaços da Estação Leopoldina. O CMF foi um dos primeiros eventos no local, simbolizando a ocupação cultural da construção abandonada.
Já em 2013 e 2014, inovando mais uma vez, a organização decidiu levar o Chemical Music Festival para os espaços internos da Marina da Glória. Muita música de qualidade, artistas de renome e um visual incrível foram os marcos de ambas as edições.
O Chemical Music Festival celebra 10 anos em 2015. Uma década onde o festival passou por intensas mutações, mudou de local, viajou por cidades, experimentou diferentes formatos, enfrentou desafios, vibrou com pistas e sets inesquecíveis, viu cenas musicais, tribos e gerações de artistas nascerem, crescerem, se consolidarem, outras desaparecerem. Uniões, encontros, emoções e momentos que, para sempre, ficarão na memória. Muitas, muitas histórias, amor a uma cultura e incontáveis batidas… eletrônicas.
Para celebrar o fim de um ciclo de 10 anos, a organização não optou por fazer a maior das edições, nem reunir o line up mais poderoso; a resposta foi voltar à origem, a essência dessa incrível química que fascina milhares e milhares de pessoas no mundo inteiro: celebrar o início do movimento da Dance Music, quando os clubs e seus personagens enigmáticos construíram uma nova cultura, conhecida como CLUBBER.
Prepare-se para um Chemical Music Festival diferente de todos os outros que você já viu, com apenas 2000 pessoas, onde será homenageado o início da trajetória do festival que marcou a vida de toda uma geração e inovar mais uma vez: vem aí o primeiro CLUB FESTIVAL do Rio de Janeiro!
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