Documentário “Puta Dor” mostra adaptação das festas underground durante pandemia
No dia primeiro de Julho de 2020, o Brasil ultrapassava a marca de 60.000 mortos pela pandemia de Covid-19 e autoridades políticas já sugeriam medidas de flexibilização dos comércios. Foi nesse cenário que Dada Scáthach – artista plástica -, David Resende – diretor artístico de performance e arquiteto -, e Nayara Macedo – diretora de conteúdo e videomaker -, entusiastas da música e da cena eletrônica underground, se uniram na criação da Troikka Studio para a realização de “PUTA DOR”; um registro da reação e da adaptação de produtores culturais, DJs e performers a esta nova roupagem da realidade. Confira o trailer:
É senso comum que “os eventos serão os últimos a voltar”. Os bares seguem cheios, transportes públicos lotados, guarda sóis tampam a vista das orlas, empresas voltam a funcionar e escolas ensaiam suas reaberturas – mas a certeza de que tão cedo não teremos grandes shows e pistas de dança lotadas parece ser geral. E não é para menos, todo esse movimento muitas vezes é protagonizado de forma irresponsável pelos frequentadores.
O setor do entretenimento artístico – cinema, teatro, música, eventos – tem se mostrado consciente e inovador, fazendo da internet e da tecnologia um grande palco. Um alívio para os “quarenteners” mais disciplinados.
Não seria diferente com a cena da música eletrônica underground. As festas conhecidas superficialmente pelo “tunts tunts” repetitivo (e marcadas pelo público exótico e pelo alto consumo de drogas), somam-se a esse contexto: encontraram no virtual a chance de mostrar ao mundo à que vieram.
A articulação de artistas e eventos pelo mundo afora – e a rápida adaptação a plataformas como Zoom, Shotgun e Twitch – fizeram dessas festas um refúgio aos clubbers e amantes dessas baladas que esburacam as madrugadas. Cheias de possibilidades, as edições passam a fomentar e dar suporte a DJs, performers e trabalhadores da noite. Mas o que, de fato, aconteceu com os profissionais dessa cena? Como as pessoas que tem o fervo como sustento se viraram na falta de trabalho? Perguntas inquietantes por trás do “Puta Dor”.
O documentário faz um registro histórico do que foi essa transição a partir do olhar de mais de trinta profissionais atuantes nas cidades de Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, Berlim e Lisboa, e esclarece as origens dos movimentos e coletivos envolvidos nas famosas festas de rua – e como essas origens influenciam a abordagem desses grupos hoje.
Entre os participantes, estão: Alê Adas,Alma Negrot, Baroque Angel, Barsotti, Belisa Murta, Bruno Perdigão, Carol Mattos, Cashu, Dada Scáthach, Eli Nunes, Fritzzo, Gabi Cara, Guilherme Moraes, Igor Albuquerque, Kaká Guimarães, Kedineoo, La Puta Inês, Laura Diaz, Loïc Koutana, Marco Paulo Rolla, Mary An, Metamorfo, Pedro Gonçalves, Raphael Dumaresq, Ruby Padam, Sabine Passareli, Scorza, Spektro, Technovinho, Terr Music, Tessuto, Toolio, Virgílio Andrade, Xoxottini.
Ficha técnica:
Diretores: Dada Scáthach ( @dadascathach), David Resende ( @davideresende), Nayara Macedo ( @nanys_macedo)
Arte: Lica Oliveira ( @licaoliv)
Edição de vídeo: Nayara Macedo
Trilha Sonora: BÆx (b_ae_x) – Projeto paralelo de @baroqueangel_ e @exex.m
Sobre o grupo Troikka:
A Troikka surge em meio a pandemia tendo como objetivo dar espaço aos questionamentos sociopolíticos que tomaram cor e forma em um momento intenso de busca, inclusive pela localização do corpo no espaço. A intercessão audiovisual em espaços urbanos enfrenta o desafio do isolamento social e rastreia formas de articulação para captar, exibir e hackear através de olhares que conectam e ativam discussões em plataformas diversas de um mundo virtualmente acessível.
O grupo é formado por Dada Scáthach (artista plástica), David Resende (diretor artístico) e Nayara Macedo (diretora de conteúdo), que estreiam com o documentário PUTA DOR, documentário 100% independente.
Dada Scáthach atua na cena belo horizontina de música eletrônica desde 2019. Aos 22 anos, a artista plástica usa da performance como meio para abordar pautas sociopolíticas e potencializar sua voz como propagadora de conceitos e visões, marcando presença em festas como MASTERp la n o, Mientras Dura, 1010, Horny, Fissura, Avulsa, INTIMA.David Resende, arquiteto, videomaker e diretor artístico, capta diálogos entre performance e discurso. Na pista ou atrás dos palcos, desenvolve espaços de análise críticos codificados em diferentes linhas de trabalho, em edições memoráveis do techno, como na MASTERp la n o CARNAVALA 2020, Avulsa 1 ano e Horny Pré Carnaval. Nayara Macedo desenvolveu na cena clubber a paixão por histórias singulares e seus atores sociais. Combina seu olhar sensível à vivência coletiva para dar forma e estilo ao material de registro cru. Além de uma vasta experiência no audiovisual, como através do Portal Kondzilla, uniu os ideais à pesquisas em audiovisual executadas em experiências visuais e de troca.