DJs e a alternância entre vertentes. À procura de novos desafios ou em busca do comercial?
Quem não se lembra do antigo estilo pop-rock da banda Coldplay? A banda que teve músicas marcantes como“Yellow”, mas que agora com o passar dos anos vem produzindo álbuns com batidas mais eletrônicas e arranjos mais futuristas, como por exemplo o último lançado, intitulado “A Head Full of Dreams”. Ademais, quem não se recorda do rock característico do grupo americano Linkin Park e dos seus sucessos inesquecíveis, como“Numb”e“In the End”? Hoje, essas duas bandas cultivam um som totalmente diferente do que tocavam em seus primórdios.
Para seus integrantes, isso se chama evolução musical. Em cada novo álbum há uma coisa a mais para ser dita, e esta não deve ser expressa da mesma forma que anteriormente. Desse modo, com o passar dos anos, formam-se novas experiências com a música, trocas de estilos musicais, e mais aprendizado, o que levanta a seguinte questão: no universo da música eletrônica, existe evolução musical ou os artistas estão se adaptando ao gênero que o público demonstra mais interesse – ou seja, comercialmente?
Essa é uma pergunta que divide opiniões, principalmente quando se compara artistas e seus feitos. Um belo exemplo disso é o Tiësto, que foi um dos expoentes da trance music em todo o mundo. Analisando o estilo do DJ com o passar dos anos, pode-se observar que no início de sua carreira, em 1985, ele tinha como gênero principal o gabber, cena hardcore holandesa. Com a popularização do trance nos anos 90, Tiësto incorporou o estilo, e no fim dos anos 90 conseguiu enorme sucesso.
Segue uma das primeiras produções do Tiësto na cena gabber, subgênero do hardcore:
Tiësto, no Tomorrowland 2013, relembrou um pouco o gênero hardcore dos seus primórdios, quando tocou hardstyle, vertente que nasceu da fusão do hardcore com o techno. Se liga:
Através de uma análise temporal, pode-se afirmar que dos anos 90 até 2000, tudo que importava na cena e gerava lucro tinha como trance o vetor principal. A house music estava longe de ser o estilo mais popular, e por isso, a maioria dos festivais privilegiavam o trance em detrimento de outras vertentes. Com o passar dos anos, a cena house foi ganhando prestígio; artistas como Carl Cox, Hernan Cattaneo, Sasha, e John Digweed lotavam as pistas de dança do underground. Mas foi só de 2006 em diante que o gênero começou a se popularizar em todo o mundo, com Axwell, Steve Angello, e principalmente David Guetta, que conseguiu introduzir a house music no cotidiano das pessoas.
A partir de 2008, as faixas de Guetta fizeram tanto sucesso que começaram a tocar habitualmente nas rádios norte-americanas e europeias, fenômeno nunca visto antes para uma música house. Logo, em razão da enorme popularidade que o gênero foi ganhando, alguns DJs do trance começaram a mixar músicas house nos seus sets, como por exemplo W&W, Dash Berlin, etc. Diante disso, o que antes era considerado “underground” estava ficando “mainstream”. Em meados de 2009, já era possível perceber a enorme diferença nos sets de alguns DJs de trance, principalmente no de Tiësto, que já contava com mais de 50% do show composto de faixas house, e também no mesmo ano, deixava o trance de lado e começava a produzir o gênero mais popular. Bem, alguns anos depois, o próprio Tiësto disse em entrevista à DJMag que a sua mudança do trance para o house foi por causa da popularidade desse gênero, e que talvez se não tivesse alternado seu estilo, hoje não teria a notoriedade que tem nos Estados Unidos, assim como alguns DJs de trance que eram populares.
Tiësto e a saída do trance: