Diário de viagem do DJ Glen inclui suporte do DJ Snake, intervenção do Tiësto, tour gringa e mais
Você abre os seus directs no Instagram e dá de cara com uma mensagem da estrela francesa DJ Snake dizendo que ama o seu trabalho. Este é o nível de situação surreal que DJ Glen vem passando ultimamente. Ainda nessa onda de suportes, o DJ, produtor e agitador cultural já estava em certa plenitude: lançou recentemente o EP "Distorted Reality' com o Destructo, da HARD Events, um som pirado que saiu no próprio (e exclusivo) selo do norte-americano, o All My Friends.
A vibe da carreira do DJ Glen parecer estar em um episódio de um filme da Netflix; a enérgica e hipnótica "Baking", seu último lançamento com a Nana Torres — sua parceira de família e de pistas de dança — passou por uma tentativa do Tiësto de interceptar o lançamento para que rolasse no selo dele e não a Fluxo, do ZAC. Está aí uma situação que, acontecendo com outros DJs, seria uma surra em qualquer síndrome do impostor.
Antes de começar a me defender da síndrome do impostor, precisa ser dito que a track foi feita sem pretensão nenhuma, um pouco antes de uma gig da Nana no Caos (Campinas). A gente só queria fazer um som pra bombar no set dela e fizemos isso em cerca de 2 horas! Um recorde”, conta.
Logo depois da aprovação da pista do Caos, Glen então conversou com Zac, pra eles, o cara que queriam pra ajudar na divulgação do som. “O Zac representa o som que acreditamos no futuro do país e também sabemos que a música depois de solta no mundão não tem ré. Realmente não fiquei tão chocado assim com o e-mail do Tiësto, digo, foi massa, mas ao mesmo tempo essa track também teve ótimos feedbacks de outros monstros como Chris Lake, DJ Snake, Medusa e sabe lá mais quem”, revela Glen.
Parece surreal, mas no fundo, vendo o caminho que DJ Glen traçou em sua carreira, fica evidente o porquê das coisas. Seus sons House e Tech sempre focados no groove e no bass já permeiam cases de discotecários importantes há muitos anos. Agora em nova turnê internacional, DJ Glen já jogou esses beats nas pistas das cidades de São Paulo, Manaus, Americana, Lisboa, Dublin e Chicago.
“Felizmente a vida on the road tem sido muito boa há um certo tempo, amo viajar e conhecer as pessoas, sempre que posso tento absorver cultura local e não ser um DJ quadradão que vive em hotel padrão, toca, tira uma foto em algum ponto clichê e cai fora, ignorando todo aprendizado envolvido em uma experiência tão rica como conhecer novos lugares. Acredito que todo este conhecimento acaba se convertendo em música em algum momento, sendo ela minha forma de comunicação. Tento mostrar em cada set um pouquinho de tudo que aprendi”, afirma o DJ, que já está com 22 anos de estrada no momento e volta e meia divide a cabine com o amigo Bruno Furlan.
As próximas paradas serão Los Angeles, Chicago, Charlotte (no estado americano da Carolina do Norte), Washington e depois… ufa, back to São Paulo! É certo que viagens assim são cansativas para um artista, mas Glen não poupou um convite especial para conhecer, em plena Amsterdam, o DJ e produtor Mason, um dos seus favoritos…
“Eu me amarro em história, me dá prazer estar nos lugares históricos e ficar brisando como tudo aconteceu. Chicago foi onde surgiu a House Music e já pesquisei muito de como era a vibe de lá mas faltava estar presente, sentir de fato a vibe da cidade e entender de uma vez o fato do som ser tão legal… estou a um passo disso e é difícil segurar a emoção. Ainda mais sabendo que estou indo pra lá pura e simplesmente por causa da minha música, que expressa minha visão da house music, bizarro”, expressa Glen.
Entre uma apresentação e outra em clubs de verdadeiras capitais da dance music, ainda sobra fôlego para promover, via UP Club Records, mais um lançamento com Nana Torres, que saiu agora, quarta, 13. "Emulated" tem um sabor especial: une várias sonoridades que hoje são tendência e, ao mesmo tempo, segue um peso Tech específico e uma linha de baixo techneira forte que traz refrescância. Mais uma vez, um lançamento mostra o trabalho destes artistas, ambos em compromisso sério com a criatividade desde um tempão atrás, desde quando curtíamos nos melhores rolês a faixa "The Mirror", por exemplo.
Peraí… "The Mirror"! Pois bem, outra novidade: aquele mesmo ZAC que peitou o Tiësto pelo direito de lançar "Baking", também cuidou de fazer um revamp total da clássica faixa de Glen e Nana. Por enquanto não temos um link específico para a faixa completa, mas o pouco que dá para ouvir no trecho da apresentação sugere uma explosão melódico-groovada para as pistas. Fogo!
“The Mirror talvez seja a track mais especial de todas, com as bases produzidas pra tocar na intro do meu set depois do Alok, no UP, em 2014. A letra e o vocal foram produzidos em um after muito doido por um cara que eu estava ultra emocionado simplesmente por ter pisado no meu estúdio, o Ali Love (dá um google aí se não souber quem é). Ele pegou o microfone, pediu uma base e meteu a letra e a melodia numa tacada só, sem repetição, depois me deu o que criou e pedi pra outro vocalista fazer de forma profissional em Paris. Toda esta energia acabou sendo absorvida pelas pessoas que ouviram o som e neste momento. Oito anos depois ela ainda soa poética e o Zac me pediu pra fazer um remix em uma vibe “menos agressiva”... Sim, minha música é agressiva, descobri este dia… Já eu sou bem tranquilo”, brinca.
É deste modo, entre um voo e outro, curtindo uma turnê ao lado da esposa, colegas de indústria que admira, amigos, visitando lugares diferentes e lançando música no meio do processo que DJ Glen permanece vivendo uma vida que todo DJ almeja viver — e com razão.
Imagem de capa: divulgação.