D.AGENCY: Em meio à quarentena, artistas precisam criar mais, inovar e se reinventar
Infelizmente a indústria cultural está passando por uma tempestade que não tem hora exata para passar. Eventos estão sendo cancelados/adiados, pessoas precisam ficar em casa evitando ao máximo o contato com o mundo exterior — uma ação necessária para evitar que o coronavírus se espalhe ainda mais pelo país. Você provavelmente não irá ler sobre festas ao longo das próximas semanas, mas ainda estaremos falando bastante sobre a cena eletrônica brasileira e mundial buscando outros tipos de conteúdos para que a chama da música eletrônica continue acesa.
Um nicho de mercado que está sofrendo bastante com o panorama atual é o das agências de bookings, já que praticamente todas as datas e turnês marcadas para os próximos meses estão sendo repensadas e reagendadas. Para você que ainda busca suas gigs por conta própria e sonha em estar conectado com uma marca que faça seus bookings, essa é a hora perfeita para intensificar seus trabalhos como artista.
O momento exige que pensemos fora da caixa. Para artistas de menor expressão, gravar novos sets e mixes bem trabalhados é uma ótima oportunidade de mostrar sua pesquisa, tempo também de produzir músicas (se você for produtor, claro), mergulhar em cursos relacionados da área para absorver mais conhecimento, assistir documentários e se inteirar mais na história da Dance Music, explorar plataformas de vendas de música, produções antigas de artistas renomados…
As possibilidades estão aí e você pode tirar muitos benefícios que com certeza podem agregar o seu perfil. Toda crise possui três elementos: uma solução, um prazo de validade e uma lição de vida. Seja inteligente e use o tempo de reclusão ao seu favor, assim, quem sabe, quando as coisas se normalizarem, você pode estar em um outro patamar com mais chances de chamar a atenção de uma agência de bookings ou mesmo de clubs.
Stefano Cachiello, um dos responsáveis pela D.AGENCY, já disse em uma entrevista à Mixmag Brasil que os elementos comuns dos artistas que fazem parte do casting é “Originalidade, coragem e persistência”, portanto, fuja de movimentos comuns, ouse e não desista só porque as coisas estão complicadas, este não é um posicionamento de quem realmente deseja chegar longe.
Aproveitando isso como gancho e pegando a D.AGENCY como exemplo, também resolvemos destacar as últimas contratações feitas pela equipe para que você acompanhe o trabalho desses artistas e se inspire para alcançar novos horizontes.
“Rainha”, como é carinhosamente chamada pelos seus fãs e por boa parte da mídia, Aninha fez sua jornada musical à base de muito amor e dedicação. Tocou ao redor do globo por Circoloco (Ibiza), Watergate (Berlin), FACT (Barcelona), PVT Fabric (Abu Dhabi) e o festival alemão Time Warp, e ainda tem como marca registrada o melhor warm up do Brasil. É frequentemente elogiada por Luciano, Sasha, Richie Hawtin, Phonique, Loco Dice, Hernan Cattaneo e muito outros.
Hoje, Aninha é uma das artistas mais respeitadas da cena sul-americana, sendo referência na arte da discotecagem. Como produtora, tem lançamentos por Defected, Nervous, WOW! Recordings, Totoyov, 303 Lovers, Playperview, Warung Recordings, King Street Sounds e Nite Grooves. Artista inquieta com uma experiência extraordinária, foi residente dos clubs Warung e Club Vibe por mais de 10 anos, tendo criado um vínculo duradouro com o público e se especializado em cativar pistas nos mais diversos horários com incrível versatilidade. House e Techno vigorosos, límpidos, que encantam há quase duas décadas.
Atualmente Aninha é a nova artista oficial da Roland Brasil, representando duas linhas da marca AIRA: DJ 808 e Boutique. Como DJ é residente do Terraza Club (Floripa SC), uma das pistas mais exigentes do país, da Seas Label (Baln. Camboriú SC) e também residente da HOAX (Pelotas RS), uma das festas de música eletrônica mais incríveis do Sul do País. Além disso, está a frente de duas gravadoras: AIA Records e Neanderthal Music ao lado de Fabø. Aninha se reinventa a cada ano e demonstra ser uma artista completa.
FabøJovem na idade, experiente em seu coração, Fabø está liderando uma revolução. Depois que sonhou com equipamentos musicais querendo serem controlados por alguém com paixão e criatividade, sua visão mudou completamente. Sentiu o chamado do sintetizador, o deslumbre do compressor e o suave brilho da tela do computador clamando por sua presença.
Um novo dia amanhece. Com um bumbo e claps firmes, Fabø está pronto para ambos, construir e reconstruir belas canções. Suas raízes se encontram nos poderosos acordes e fragilidade emocional de Joy Division e New Order. Dessas origens seu próprio destino e criatividade começaram a dar frutos. No centro, uma linha de baixo poderosa, à esquerda, sintetizadores assombrosos e à direita, algo desconhecido, mas melódico e cativante.
Esse é o caráter de Fabø. Música eletrônica que nem é tão estranha, nem tão familiar. Percussões incisivas e grooves sólidos movem os pés dos ouvintes, enquanto vocais intrigantes encontram espaço em seus corações. Sua música característica fez de Fabø um embaixador da cena house brasileira, somando residências nos clubs Vibe e Warung, levaram sua música a milhares de ouvidos e novos adeptos, sem contar lançamentos autorais por Nurvous, Stranjjur, Electronique e sua própria Playperview.
O que um artista pode possuir de mais valioso perante um público cada vez mais exigente? Para o catarinense Nezello, que já soma mais de uma década de carreira, a resposta está na diversidade. Ele detém um mix de características que vão desde a apurada seleção musical até o entendimento da cena como um todo e, assim, consegue tecer as narrativas de uma noite fazendo com que seja realmente uma experiência marcante.
No Sul do Brasil, cruzou estados e comandou pistas prestigiadas como Warung, Vibe e Terraza, carregando consigo sua identidade sonora baseada em elementos orgânicos e tribais, sempre com muito groove. Ele ainda é a mente por trás do núcleo Seas, que vem na linha de frente das festas independentes de Santa Catarina atraindo e consolidando um público cada vez mais fiel.
Versatilidade musical. Se há um termo que pode definir Ziembik, é esse. Do lado A do disco seus intensos e enérgicos closing sets. Do lado B vem sua referência musical. Jazz, música clássica, percussões latinas e africanas. Esse mix de informações integra-se e forma sua identidade.
Movimentador da cena do Sul do Brasil, residente do coletivo detroitbr e do Jam Club, em Porto Alegre, sua inspiração melódica vem de sua cidade natal, a gélida Curitiba. Do litoral catarinense, a parte rítmica do seu set. Sua construção é baseada nesses pontos-chaves, trabalhando sempre a oscilação emocional de sua sonoridade, criando momentos de grande vibração e outros de intensa sintonia com a pista.
Em 2006, aos 14 anos, seus primeiros passos foram dados. Em uma visita à São Paulo conheceu diversas pessoas, galerias e o lendário D-Edge. Ao voltar para o litoral tornou-se um clubber nato, fazendo com que, em 2008, a discotecagem virasse profissão. Ao longo dos anos seu envolvimento aumentou: com sua primeira residência, em 2012, no extinto beach club Rakenne; recentemente no reconhecido Terraza, produção de eventos independentes, com sua recém lançado produtora Ludos, entre outros projetos.
Sua história de vida explica sua visão como artista: Ziembik já morou em 8 cidades do Brasil, experiência que lhe ensinou a transpor barreiras sem, contudo, esquecer suas raízes.
Sobre o autor
Vitória Zane
Editora-chefe da Play BPM. Jornalista curiosa que ama escrever, conhecer histórias, descobrir festivais e ouvir música eletrônica <3