Coronavírus: como fica a indústria de música eletrônica e o que você pode fazer para ajudá-la?
A indústria mundial de música eletrônica estava vivendo uma era de grande desenvolvimento. Nunca antes pôde-se ver tantos festivais e festas espalhadas pelos quatro cantos do globo, abrangendo os mais diversos gêneros e subgêneros, gerando renda para DJs, promoters e todos os fornecedores indiretos, além de divertir os amantes e fãs.
A pandemia anunciada no mês de março de 2020 colocou toda essa estrutura em risco. Com a interrupção do desenvolvimento dessa indústria, a situação alarmante do coronavírus criou um ambiente volátil para os artistas, produtores de eventos e toda a cadeia produtiva, em todos os níveis.
Até agora os efeitos prejudiciais da pandemia global de coronavírus na indústria da música são ouvidos em voz alta. Os principais festivais do mundo todo estão sendo cancelados ou adiados para as edições de 2021. Somente neste mês, Tomorrowland Winter, Coachella, Stagecoach, Ultra Music Festival Miami, Miami Music Week, SXSW, Lollapalooza Argentina, Lollapalooza Brasil, Creamfields Chile, Treefort Music Fest, Bruxelas Listen, e vários outros grandes eventos foram cancelados ou adiados devido ao coronavírus. As consequências impactaram a todos, até mesmo as conferências de música, como a Winter Music Conference, que acontece em Miami antes do UMF. Ao mesmo tempo, a quantidade de turnês nacionais e internacionais de todos os DJs estão sendo canceladas sem precedentes.
O próprio coronavírus continua a se espalhar e o mesmo ocorre com as ramificações na indústria da música. Enquanto especialistas e analistas do setor estão projetando que o negócio de shows ao vivo pode perder bilhões, as consequências financeiras são praticamente imensuráveis neste momento. Mas o colapso financeiro da música já está cobrando seu preço em todo o setor.
A queda do espaço da música ao vivo ocorre na era do streaming, quando a maioria dos DJs e produtores profissionais depende fortemente das turnês e apresentações ao vivo, sendo essas suas principais fontes de renda. Uma pesquisa de 2018 da Music Industry Research Association e do Princeton University Survey Research Center, em parceria com o MusiCares da Recording Academy, descobriu que apresentações ao vivo eram a “fonte derenda mais comum para DJs”, segundo a Rolling Stone.
Ainda assim, mesmo com o crescimento do mercado de streaming, com os plays online representando 80% da receita geral da indústria da música, as baixas taxas de royalties dificultam artistas pequenos e independentes a ganharem um salário mínimo com o streaming.
Isso tudo torna a indústria dos shows ao vivo muito mais importante para os DJs, especialmente para aqueles que são considerados superstars e que dependem dos cachês apenas para ganhar a vida. Uma pandemia do tamanho dessa, que causa cancelamentos de festivais e festas, sem dúvida afetará os resultados dos DJs de todos os tamanhos em escala global.
Os cancelamentos por conta do coronavírus também afetam os compositores, que dependem dos royalties das performances ao vivo de suas músicas. Uma diminuição nos shows equivale inquestionavelmente a uma diminuição nos ganhos potenciais via royalties de performances ao vivo.
Mas nós vamos além. Existem inúmeras outras funções dentro dessa indústria. Há a legião de engenheiros de áudio, equipes de som e luz, equipes de bastidores, tour managers e outras diversas posições que sem dúvida perderam o trabalho devido aos cancelamentos. As equipes de marketing e assessoria de imprensa dos DJs e eventos estão também perdendo seus trabalhos. Sabe-se também que a gritante maioria desses profissionais são PJ, ou seja, não estão dentro do regime de CLT no Brasil, e portanto não possuem quaisquer garantias. Muitos fotógrafos, videomakers e tour managers são freelancers, e desta maneira, estão completamente às cegas em meio a pandemia.
Com a indústria global de festivais e festas completamente estagnada, criou-se um ambiente extremamente volátil para todos aqueles que de alguma forma dependem dela para sobreviver. E o pior de tudo é que ainda não há um fim à vista. Aqui no Brasil, todos os eventos até Junho já foram cancelados ou postergados. Não sabemos por quanto mais isso irá se extender.
Ainda assim, à medida que a história do coronavírus se desenvolve e o mundo continua a se adaptar, o mesmo acontece com a nossa amada indústria da música. É claro que não é apenas a indústria do entretenimento que está sentindo o aperto do clima atual do distanciamento social, mas somente os fãs de música eletrônica podem ajudar o mercado a sobreviver essa pandemia.
O que os fãs podem fazer para ajudar?
Suporte, suporte, suporte. Mostre seu amor a um artista que você gosta. Compre suas tracks no Beatport. Continue dando play em suas tracks no Spotify. Veja os vídeos no YouTube. Comente. Compartilhe. Compre seus produtos (camisetas, adesivos, entre outros). Quanto aos eventos, não peçam reembolso. Você já gastou esse dinheiro e o festival ou evento será remarcado para o futuro. E você provavelmente irá. Tudo isso contribuirá para a indústria como um todo. Pense no próximo.
O que os DJs podem fazer para ajudar?
Criem novas playlists. Façam sets live em suas casas. Produzam mais tracks. A roda da indústria não pode parar. Não demitam suas equipes. Segurem ao máximo que puderem. Promovam suas conquistas.
Fiquem em casa! Vamos diminuir o tempo dessa pandemia para que possamos retornar ao nosso dia a dia, programando nossos festivais e eventos de fim de semana, com DJs ao vivo. Para obter mais informações relacionadas ao coronavírus, visite o site da Organização Mundial de Saúde. Para obter notícias e atualizações contínuas, pesquise sobre os Centros para controle e prevenção de doenças.