A cena eletrônica de Londres ressurge com a possível reabertura da Fabric
A vida noturna da cidade londrina vive anos bem ruins. Desde 2005, aproximadamente 45% dos clubs da região fecharam as suas portas. Mas qual a causa disso? É o que veremos a seguir.
A queda começa em 1994, quando o Parlamento inglês aprovou um ato que dava à polícia o poder de fechar eventos que eram considerados ilegais pelas autoridades. As festas eram, em maioria, realizadas em terrenos baldios, muitas vezes pertencentes ao governo ou a alguma indústria falida. Se há alguma dúvida de que tal movimento do parlamento foi para prejudicar a música eletrônica, a própria seção 63 da lei define que as ‘’raves’’ que deverão ser fechadas são caracterizadas como ‘’uma sucessão de batidas repetidas”.
Esse ato teve muitos pontos negativos para a cena eletrônica londrina, mas, assim como quase tudo na vida, teve também seus lados positivos. Falta de segurança, crime organizado e equipamentos de péssima qualidade eram alguns dos defeitos das ‘’raves’’ feitas cidade a fora. Isso acabou trazendo o público para as boates, local aonde, hipoteticamente, há uma estrutura e um suporte minimamente decente para se curtir uma festa tranquila. Mas é ai que entra o engano. O grande problema não era, e nunca será, a questão do lugar. A grande questão são as drogas. Infelizmente nas raves, temos uma grande quantidade de pessoas usando sintéticos, muitas vezes de origem duvidosa, o que põe em risco a saúde e a vida dos usuários.
Vale lembrar que não só nas raves eletrônicas temos drogas, eventos como shows de rock, de metal, festivais como Rock In Rio e Lolla também apresentam um grande índice de uso. Não se trata apenas da música eletrônica, e esse é um dos grandes preconceitos de autoridades e da sociedade atualmente. Podemos dizer que vivemos uma ‘’cultura da droga’’, que abrange nossa sociedade como um todo.
Desse modo, as boates londrinas foram, ao longo dos anos, fechando as suas portas. A Fabric, club localizado no centro da cidade, por exemplo, teve suas atividades interrompidas quando dois adolescentes morrerem dentro da boate, após entrarem como drogas escondidas na meia. E assim foi acontecendo com os muitos clubs ao redor de Londres, que foram dizendo adeus, por causa de mortes e acidentes, a maioria envolvendo drogas.
A licença da Fabric, porém, parece estar sendo reavaliada, e a boate promete reabrir com uma nova conduta de segurança e de administração, a fim de tentar evitar ao máximo acidentes fatais como o acontecido previamente. O problema das drogas é realmente muito sério, mas deve ser enfrentado de outro jeito. Não é acabando com as festas, que irão resolver todas as questões acerca desse assunto. A festa não pode parar, mas ela precisa, sim, sofrer algumas mudanças.