Quantos lives você assistiu ao longo desse último ano de pandemia? Quantos sets você ouviu que realmente te impressionaram? A temporada de 2020/2021 ficou marcada pelo afastamento das pistas de dança, mas mesmo assim não fez com que os artistas parassem de produzir muitos conteúdos de alto nível. Com tanto material bom sendo lançado, fica difícil acompanhar tudo e por isso indicações sempre são bem-vindas. Aqui convidamos os duos Innure e Bruce Leroys, além de Leo Diniz, Rods Novaes e Bervon para compartilhar alguns mixes que você também deveria conferir na íntegra.
Além disso, os artistas convidados também comentaram um pouco sobre como sua pesquisa musical transformou-se durante a pandemia.
O duo formado por Colussi e r4ne tem pouco mais de um ano de formação oficial. Juntos também idealizaram a Prototype Music, hoje uma das principais gravadoras de Melodic Techno do país, com quase 20 releases no ar, em apenas 1 ano de gravadora.
“Infelizmente por conta da pandemia, nossa pesquisa musical reduziu, pois sem ter gigs para tocar, isso acabou influenciando na rotina, preferimos focar mais no trabalho de estúdio, tanto em novos conhecimentos como na criação de novas faixas. Acreditamos que este é o momento chave para isso, otimizar o tempo que a pandemia criou para evoluir nas produções.
Para complementar: Escolhemos o set do Stephan Jolk, que é uma das maiores referências para nós atualmente. A construção do set é incrível, com faixas mais lentas e introspectivas, passando por momentos de intensidade na metade, com faixas mais rápidas, que possuem basslines fortes e ambiências mais darks, e por fim ele termina com bastante melodia. O cenário também combinou demais com a seleção musical”.
A história da dupla começou a ser escrita em 2013, mas de forma individual já vem desde o início dos anos 90. Muita coisa já passou pelos ouvidos e pelo case de Diogo Vaille e Marcelo Abreu, mas ainda tem artista que consegue impressioná-los. Eles comentam um pouco sobre alguns:
“Nunca buscamos fazer o som da moda para nos adequarmos, um artista precisa buscar incansavelmente a sua estética, ajustamos as velas de acordo com intensidade e com a direção do vento, o destino do nosso trabalho é chegar no som e na musicalidade que temos no nosso imaginário, essa imagem musical não é estática, muitas vezes outros artistas aparecem e adicionam elementos, expandem essa visão, tanto do ponto de vista estético quanto do ponto de vista técnico. Podemos citar vários caras que nos influenciaram nos últimos anos de diversas formas tais como: Azymuth, Marcos Valle, Art of Tones/Llorca, St. Germain, Dam Swindle, Gui Boratto, Cinthie, Atjazz, Jimpster, Osunlade, FOUK, Jkriv, Jayda G, Zopelar, Nu Azeite, Byron the Aquarius, Kai Alce, Felipe Gordon, Munk/Kapote, Rafael Yapudjian, Danny Krivit, Session Victim, Fatnotronic, Yuksek, Rafael Cancian, Tour Maubourg, Joss Moog, Coeo, Move D, Carter/Farina/Sneak, Phil Weeks, Leo Janeiro, Dave + Sam, Anhanguera, Jt Donaldson, Jamanta Crew, Fred Everything, Red Axes, Soulclap, Pillowtalk, Peggy Gou, Joutro Mundo, Jason Hodges entre dezenas de outros..."
Mas não foi de nenhum desses o set que mais nos chamou a atenção nesse período. Estamos sempre ouvindo artistas que ainda não conhecemos e um set de uma dupla em especial nos remeteu a um artista revolucionário do cenário hip hop: Flying Lotus, mas de uma forma Jackin House para o século XXI… Beats desconstruídos, space disco influenced, jazzy as hell chords and cymbals, chopped vocals/drums de extremo bom gosto, um set para ouvir tomando a sua bebida predileta no sofá de casa com seus amigos mais íntimos, vocês poderão até dançar em algum momento, mas o mais bacana deste set é a atmosfera sonora/musical... "Colocamos as placas". Espero que vocês curtam assim como nós curtimos.
Leo Diniz já soma 15 anos como DJ, mas se encontrou na produção musical há muito menos tempo. Sempre foi atraído pelo Tech House, mas hoje é um apaixonado pelas linhas mais nostálgicas do Indie Dance e está sempre de olho nas novidades de cena dessa vertente, tanto que ele nos fala sobre o recente mix lançado por Rafael Cerato.
“Esse foi um dos sets mais incríveis que ouvi recentemente, tanto pela linha de som, quanto pela quantidade de músicas que eu não conhecia e que, para minha surpresa, são todas do Rafael. Esse produtor vem me chamando muita atenção de um tempo pra cá, todos os seus releases com uma qualidade incrível e muita música boa pra pista, do jeito que eu gosto.
Nessa pandemia a minha imersão foi ainda maior do que normalmente, pois usei o tempo durante os finais de semana (que eram preenchidos com gigs e eventos para network) para mergulhar nas minhas pesquisas, fruto disso também foi a minha série de podcasts MIAL, que foi um maneira de compartilhar toda essa pesquisa com a galera”.
O comandante da Not For Us, gravadora de Minimal que já está há quase 10 anos lançando muitos materiais sonoros de qualidade, não perde o pique mesmo após 12 anos de estrada. Nesse tempo, garantiu residência no D-Edge e já pegou suporte de alguns gigantes da música como Richie Hawtin, Dubfire e Maceo Plex.
“Nesta pandemia eu dei uma desacelerada nas pesquisas, buscando apenas o essencial para me manter informado dos lançamentos dos produtores e labels que eu gosto. Ultimamente eu ando escutando muito poucos sets, mas deixarei aqui um que me marcou — fugindo do combinado, já que é de 2017. Mas o motivo é que este do Ryan Elliott no DGTL é aquele tipo de set que me inspira ao ouvir, super rico pois faz uma bela transição entre o house e o techno”.
Recentemente, Bervon foi mencionado pela DJ Mag Latin America como um dos 5 nomes do techno brasileiro para conhecer. A dedicação aplicada pelo curitibano tem o levado para patamares cada vez mais altos, com lançamentos de peso ocupando sua galeria, espaços que vão sendo abertos pouco a pouco e que desenham um futuro promissor para ele. Sobre a pesquisa, ele conta:
“No cenário pré pandemia eu pesquisava com maior frequência, mas agora tenho procurado músicas de outras formas e tenho encontrado faixas diferentes de artistas e gravadoras que não conhecia. Escolhi esse set do Introversion, pois me identifico muito com a sonoridade e construção, o qual mistura batidas intensas com elementos groovados que chamam atenção de forma inteligente, pesando e relaxando a tensão da história na medida certa".