Não é só no Brasil - 21 festivais do Reino Unido foram adiados ou cancelados apenas neste ano e mais centenas correm risco
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Se você pensa que o cancelamento de festivais e eventos na indústria musical é algo exclusivo do Brasil, se enganou.
A Associação de Festivais Independentes do Reino Unido (AIF) alertou o governo britânico que mais de 100 festivais correm o risco desaparecerem do mapa se nada for feito para auxiliar nos crescentes custos operacionais.
Nos primeiros quatro meses deste ano, 21 festivais já foram cancelados, adiados ou faliram no Reino Unido, segundo pesquisa realizada pela própria associação - e a expectativa é de que 2024 seja um marco histórico nesse sentido.
Até mesmo os mais tradicionais não escaparam da crise - o Noztock: The Hidden Valley, com 26 anos de história, anunciou que encerraria as atividades indefinidamente.
Num comunicado, a AIF disse que não houve nenhuma temporada financeiramente estável para os festivais desde a pandemia. Após a reabertura pós-Covid 19, as despesas gerais para se produzir eventos aumentaram exponencialmente, levando ao cancelamento de mais da metade dos festivais britânicos em 2021 e sofrendo com uma grande leva de reembolsos, gerando crises financeiras em várias marcas.
Desde então, o processo de recuperação tem sido mais lento do que o esperado, influenciado principalmente pelo alto custo de vida da população e a crise de energia que o Reino Unido vem sofrendo.
Ainda segundo o estudo feito pela AIF, o valor no preço dos ingressos britânicos aumentaram mais rápido do que em qualquer outro lugar do mundo. Um exemplo disso é o lendário Glastonbury, com mais de 50 anos de história, que está vendendo ingressos que chegam a £360 (cerca de R$ 2.300).
Para tentar driblar essa crise, a AIF lançou uma campanha em fevereiro para que o governo reduza o imposto sobre o valor agregado dos ingressos de festivais (IVA), que está em 20%. Segundo eles, essa medida "é tudo o que é necessário para dar aos promotores de festivais o espaço de que precisam para se reerguer".
Nesse aspecto, tanto o consumo como a produção de eventos musicais têm se tornado um desafio pelos quatro cantos do mundo. É preciso reestruturar visões de mercado, reeducar o público, pensar em estratégias mais eficientes e concretas para que possamos ter a febre das festas eletrônicas de volta.
Imagem de capa: Reprodução.
Sobre o autor
Caio Pamponét
Graduando em jornalismo pela UFBA e Redator da Play BPM. Um apaixonado por música desde a infância que cultiva o sonho de viajar pelo mundo fazendo o que ama e conhecendo novas culturas. Com um desejo inerente de fomentar a cena eletrônica de sua terra - Salvador, BA, Caio Pamponét respira os mais diversos BPM's e faz da música o seu combustível diário.