O que é som tridimensional? Zeo Guinle apresenta a Zero Gravity Music, primeira gravadora 100% Dolby Atmos, com o EP "I Got It" de Majoness
Imagine fechar os olhos e ouvir um som que passa em volta da sua cabeça, como se você estivesse dentro daquele ambiente. Essa é a proposta da Zero Gravity Music para as pistas e para o seu fone.
O som tridimensional parte de um princípio simples: em vez de distribuir o áudio em dois canais principais (esquerda e direita, como no estéreo), o Dolby Atmos permite posicionar elementos sonoros em um campo 3D, incluindo altura e profundidade. Na prática, isso significa que um vocal, um hi-hat ou um synth podem parecer vir de diferentes pontos do espaço, criando uma sensação de ambiente ao redor do ouvinte, como se ele estivesse dentro da mixagem e não apenas diante dela.
Fundada por Zeo Guinle, DJ e produtor com trajetória ligada a clubs, festivais e selos dentro e fora do Brasil, a Zero Gravity Music apresentou no último dia 21, I Got It EP, de Majoness, lançado em Dolby Atmos e em versão estéreo.
Essa abordagem altera também a lógica de produção. Em Atmos, o produtor deixa de trabalhar só com “faixas panoramizadas” e passa a lidar com “objetos sonoros” distribuídos no espaço. Segundo a proposta da Zero Gravity, essa mudança não é apenas técnica: ela abre margem para novas decisões estéticas na construção de tensão, respiro e dinâmica. O selo nasce com a premissa de que a pista e o streaming podem se beneficiar desse tipo de arquitetura de som.
O I Got It EP reúne três faixas — “I Got It”, “I Need Your Touch” e “Bassline Ritual” — produzidas por Majoness em um momento de transição pessoal e profissional, entre o Brasil e Amsterdã. Em Dolby Atmos, esses elementos ganham camadas adicionais: percussões que circulam, basslines que ocupam o corpo do espectro e pads que funcionam como plano de fundo em movimento.
"Cada faixa desse EP carrega um pedaço diferente de mim. Elas têm groove e energia de pista, mas também uma profundidade emocional que reflete meu momento de vida”
Afirma o produtor.“I Need Your Touch” é o ponto mais íntimo do trabalho e utiliza vozes, harmonias e texturas para construir um clima que dialoga com o formato imersivo.
“Essa foi a música em que consegui traduzir meus sentimentos de forma mais intensa. Ela é pessoal, mas ao mesmo tempo se abre para que cada pessoa encontre seu próprio significado”
Explica.No contexto da Zero Gravity, a track ajuda a mostrar como o Dolby Atmos pode ser usado não apenas para impacto técnico, mas também para reforçar narrativas afetivas.
Majoness destaca que o formato influenciou suas escolhas ao longo do EP:
“Quando pensei o EP para Atmos, passei a imaginar onde cada elemento poderia ‘existir’ no espaço. Isso muda a forma de construir os clímax e os momentos de respiro. A ideia era fazer faixas que funcionassem na pista, mas que também tivessem uma experiência diferente em fones e sistemas preparados”
Comenta.Assim, o EP se torna uma porta de entrada prática para entender o que o som tridimensional adiciona à experiência da house music contemporânea e você pode experienciar com o mesmo fone que tem em casa.
A Zero Gravity nasce com uma missão declarada: montar um catálogo em que cada lançamento tenha uma razão técnica e artística para existir em Dolby Atmos. Isso aparece já na escolha da estreia. As faixas de Majoness foram selecionadas após um processo de escuta focado tanto na musicalidade quanto no potencial espacial das produções.
“Buscamos tracks que tenham identidade, alma e, ao mesmo tempo, profundidade sonora suficiente para serem trabalhadas em formato imersivo. O EP do Majoness encaixou exatamente nesse ponto de equilíbrio”
Resume Zeo Guinle que também é o A&R, ou seja, quem seleciona os/as artistas da gravadora.A curadoria já aponta para próximos passos com lançamentos confirmados de Ratier, Julio Torres, Cesare vs Disorder e Marcello VOR. A lógica é operar como selo e também como plataforma de experimentação, conectando a cena brasileira às discussões internacionais sobre áudio espacial e produção de música eletrônica em múltiplos formatos.
Para um artista experiente como Zeo Guinle, que já tocou no Tomorrowland Brasil, Rock in Rio, entre tantos outros festivais, estar entre pista, estúdio e bastidores da cena, a gravadora surge como desdobramento dessa experiência. Ao assumir o papel de A&R e articulador do selo, Zeo Guinle leva sua bagagem de artista para o desenho da estratégia da Zero Gravity. Isso significa pensar em lançamentos que funcionem em contextos distintos — do uso profissional por DJs à experiência individual em plataformas de streaming — sem perder o foco na coerência estética e na pesquisa sonora.
“Não se trata de substituir o estéreo, mas de oferecer outra camada de escuta e criação. A ideia é abrir repertório para quem produz e para quem consome música eletrônica”
Completa.O encontro entre o I Got It EP e a proposta da Zero Gravity evidencia como o som tridimensional deixa de ser apenas uma possibilidade tecnológica para se tornar parte da conversa estética da música eletrônica. Ao alinhar a narrativa pessoal de Majoness, o interesse técnico de Zeo Guinle e a estrutura do estúdio Vortex Immersive, o projeto insere o Brasil em uma discussão global sobre formatos de áudio, sem perder o foco na pista.
O I Got It EP, de Majoness, já está disponível em streaming e pode ser ouvido em Spotify e Apple Music. As próximas movimentações da Zero Gravity e de seus artistas podem ser acompanhadas no Instagram, pelos perfis @zerogravity.music, @majoness.dj, @zeo.guinle e @vorteximmersive
Imagem de capa: Divulgação.
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