Papo de criação: Pérola Branca acaba de lançar novo EP pela Tropical Twista
Mandruvá e AVGVSTVS, componentes do Pérola Branca, cuidaram de usar o tempo da pandemia para aprimorar seu novo trabalho, respeitando o foco principal do duo: explorar bases de músicas de várias partes do planeta, adicionar organicidade através de gravações reais de instrumentos e, como cereja do bolo, dar aquele ar vintage, a exemplo de ruídos de vinil.
Intitulado "Tudo Que Era Sólido Desmanchou No Ar", o EP conta com três tracks — "Selva Blues", "Terra Goa" e "Ar" — e foi lançado pela Tropical Twista, label nacional que vem lançando, há quase 7 anos, talentos da cena organic house e downtempo, como Ibu Selva, Kurup, Franca e Palmer.
Curiosos em entender mais um pouco dessa produção, conversamos brevemente com a dupla e, enquanto isso, você pode conferir o som aqui embaixo.
Oi, Mandruvá e AVGVSTVS, tudo bem? Definam, para leigos, o som de vocês.
Muito obrigado pelo espaço, pessoal. Nosso som é muito fluido. Portanto, rapidamente nossa resposta mudaria a cada vez que respondêssemos essa pergunta. Porém, algo que nos acompanha desde o início, são músicas alicerçadas na percussão, desaceleradas, e com elementos de house e techno.
Foram três anos ao todo, de produção do álbum e sua manutenção até chegar o momento de finalização. Como foi o processo de criação deste EP em pleno período pandêmico?
O EP recebeu seus toques finais quando já não morávamos na mesma cidade.
Como moramos em diferentes estados, não houve como manter o projeto vivo sem que colaborássemos à distância. Não é nossa maneira predileta de fazer música, mas nossa conexão continua vivíssima!
Dá para sentir bastante energia comunal ouvindo o EP, tudo parece em seu devido lugar. De onde veio esse apreço por sons orgânicos misturados ao dance?
A origem certa desse apreço é difícil de nomear. Sempre gostamos de música eletrônica, e como morávamos juntos, naturalmente entramos nessa juntos. Mandruvá sempre foi louco por Dead Can Dance, AVGVSTVS por Daft Punk. De alguma maneira misteriosa esses universos colidiram.
Algumas referências que podemos citar são os selos Voodoohop, HardFist, whypeopledance e Random Collective; alguns artistes seriam Daniel Avery, Nicola Cruz, KRAUT, MAUGLI, Dengue Dengue Dengue entre outros.
O que há de diferencial em cada uma das faixas, "Selva Blues", "Terra Goa" e "Ar"?
"Ar" foi criada com mandruvá no violão e AVGVSTVS no bongô, com gravações de siriemas feitas em Carrancas-MG, diversas ambiências e preenchimentos. Talvez a melodia mais orgânica e relaxante das faixas.
"Terra Goa" já toma outro rumo: música indiana com kicks ferozes trazendo um hiphop hipnótico e cítaras marcantes. A faixa mais pista do EP.
Já "Selva Blues" conta com a participação do nosso prodígio amigo músico/produtor, el.lloron, que gravou os pianos, os clarinetes e fez a mixagem da faixa. Foram pouco mais de 3 anos quebrando a cabeça para uni-las em algo coeso. Não foi fácil!
E o conceito de linguagem do EP como um todo, qual a inspiração para esses nomes?
O álbum foi criado em MG, mais precisamente no sul do estado. A natureza remete a cachoeiras, montanhas e uma vegetação que consiste na transição entre Cerrado e Mata Atlântica. Então, as faixas tem um pouco dessa inspiração da natureza juntamente com o teor da música orgânica e a “world music”. O conceito geral do EP se dá pela a ideia mudança e o tempo levando tudo a se transformar e/ou desintegrar.
O que planejam, daqui em diante, para o duo?
Pela nossa distância, como dizemos anteriormente, há uma dificuldade no “flow” das produções. Mas temos já algumas ideias em mente sobre um possível próximo EP, alguns remixes e possibilidades de compilação. Diminuímos o volume de Sets, mas logo terá um novo. E claro, estamos sempre abertos a novos convites.
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Imagem de capa: divulgação