Inspirado no filho, Gaitha lança EP pela Fluxo e nos conta detalhes com exclusividade
Por Ágatha Prado.
Após estrelar no catálogo renomado da gravadora italiana Natura Viva, o brasileiro Gaitha não deu trégua em seus trabalhos de estúdio. Aproveitando um dos momentos mais especiais de sua vida através da paternidade, o produtor acaba de dar vida ao EP “Eros” que saiu através da Fluxo, apresentando a vibração de amor e felicidade que repousa sobre seu imaginário criativo.
O novo EP traz três faixas originais, intituladas “Ágape”, “Philia” e “Eros” e remonta um significado particular e especial para o artista, que ele compartilha conosco através de um bate papo interessante que tivemos com ele:
Você tem um relacionamento próximo com a música desde os seus dez anos de idade. Como que se deu esse interesse? Quais instrumentos musicais você tocava nessa época e o que você costumava ouvir?
Fala, pessoal! Obrigado pelo espaço. Então, iniciei minha jornada na música incentivado pelo meu pai, ao me tornar estudante do acordeon diatônico, também conhecido como "gaita-ponto", instrumento que até hoje pratico e muito me auxilia no estúdio. Dos meus 10 aos 18 anos de idade mergulhei no mundo da música instrumental sul-americana, ouvindo e estudando instrumentistas como Renato Borghetti, Hermeto Pascoal e Raul Barboza.
Meu primeiro contato com a música eletrônica foi aos 15 anos de idade. Lembro-me que nesta época costumava ouvir artistas como Skazi e Infected Mushroom. A partir dos meus 18 anos comecei a frequentar o Warung e a partir daí pude conhecer e apreciar artistas dos gêneros Progressive House e Melodic Techno, os quais são meus favoritos atualmente.
O projeto El Baile que você integrava ao lado do ZAC foi o que levou você a rodar o Brasil por meio de diversas apresentações. De que forma ele influenciou em sua evolução musical e quais são os principais aprendizados que você absorveu dele?
Durante os anos que me apresentei com o El Baile pude crescer muito como músico. O projeto me trouxe experiência e feeling de pista e, de certa forma, foi desafiador: pois tocamos em, desde baladas para públicos menores, como festivais e até em feiras pelo Brasil, para públicos de 50 mil pessoas. Toda esta vivência me auxiliou a entender mais sobre a música eletrônica e me trouxe confiança para atualmente me apresentar também como DJ.
Um dos principais aprendizados foi o de saber tocar o que o público quer ouvir, mesmo esta não sendo a sua preferência musical particular. Estar ao lado do ZAC nestes anos foi muito gratificante. Temos uma relação de irmãos e convivendo com ele aprendi muito sobre música eletrônica. Também sou muito grato ao Pimpo Gama, que durante um período foi o produtor do projeto e foi a pessoa que me ensinou os primeiros passos com o ableton live e como produzir música eletrônica.
Para o Gaitha, quais são as referências principais que inspiram sua assinatura musical dentro e fora de estúdio?
Deste meus primeiros contatos com a música eletrônica sou muito fã do Gui Boratto, e do sueco Eric Prydz, principalmente pelas surpreendentes melodias das suas produções. Desde que lancei minhas primeiras tracks autorais tenho me espelhado neles, além de artistas como Tale of Us, Khen, Guy J, Alex O'Rion, Nicholas Rada, entre outros.
Um dos pontos fortes de seu atual projeto até aqui, foi seu lançamento pela renomada gravadora italiana, Natura Viva, que se deu por meio do EP "Enigma". Como rolou esse convite e qual foi o impacto deste lançamento para sua perspectiva de carreira?
Finalizei o EP "Enigma" em julho de 2020 e o enviei para 5 labels. No outro dia após o envio, a Natura Viva me respondeu que gostou do trabalho e teria interesse em lançar. Fiquei muito feliz com o retorno deles e com a oportunidade de lançar este EP por uma label que já lançou tracks de artistas como Maceo Plex, Patrice Baumel, Victor Ruiz, Mind Against, entre outros. O lançamento foi marcante para mim pois através dele consegui pela primeira vez atingir o Top 5 do beatport com no gênero de Progressive House (Top5).
Seu novo EP “Eros”, que acaba de sair pela Fluxo, traz uma conexão com os arquétipos e os significados da mitologia grega, para os nomes de cada faixa. Qual sua relação pessoal com os títulos das músicas e o que exatamente eles significam?
O EP "Eros" foi o trabalho mais especial que já lancei, pois foi inspirado pelo nascimento do meu filho Bento, em setembro do ano passado. A paternidade me transformou como pessoa e artista, pois passei a ver tudo com mais amor.
Inspirado neste sentimento, decidi o expor através da música, por isso intitulei as faixas de "Eros", "Philia" e "Ágape". Ao ler o livro "ame e não sofra", do Walter Riso, ele nos traz o conceito da tríade do amor completo, sendo "Eros" o amor que toma e satisfaz, "Philia" o amor que compartilha e se alegra, e "Ágape" o amor que doa e se compadece.
Estes são os significados dos títulos das músicas. Sinto que meu filho me trouxe esta plenitude do sentimento de amor.
A paternidade também foi um dos aspectos que inspiraram as ideias para o novo EP. Como fluiu essa criatividade diante desse momento tão especial?
A música tem profunda relação com nosso estado de espírito. Quanto estou me sentindo leve e em paz tenho os momentos de maior criatividade como produtor. Ao me tornar pai, minha criatividade, inspiração e vontade de produzir aumentaram muito. Incrível como nossos filhos são uma benção, trazendo-nos transformações que nunca imaginávamos.
E quanto aos seus próximos passos? Quais são as novidades que estão por vir?
Para março de 2022 tenho agendado o release de uma música feita em collab com ZAC, que acredito ter muito potencial. Será lançada pela label Freegrant. Também acabo de finalizar um EP com 3 tracks da linha Melodic House & Techno, collab com meu amigo DJ e produtor Bertolini. Visualizo um 2022 com lançamentos que irão expor ainda mais minha identidade musical e, aos poucos, espero poder me apresentar e levar até as pessoas minha mensagem através da música.
Imagem: divulgação.