
Doblado Records apresenta "Dobs Vol. 1", VA que explora as infinitas possibilidades do Dub contemporâneo
Nascido no fim dos anos 1960 nos estúdios de Kingston, pelas mãos visionárias de King Tubby e Lee "Scratch" Perry, o Dub transformou o estúdio de gravação em laboratório experimental, desconstruindo faixas de reggae para revelar sua base rítmica através de ecos profundos, reverbs etéreos e a arte de fazer elementos aparecerem e desaparecerem na mixagem.
Décadas depois, essa essência exploratória encontra espaço em "Dobs Vol. 1", compilação inaugural da Doblado Records que reúne oito faixas de diferentes artistas em uma narrativa coesa sobre "o que é e o que poderia ser Dub". A gravadora nasce de um lugar de profunda admiração e respeito pela cultura Sound System e pelas diásporas jamaicanas e vai funcionar como um mapeamento contemporâneo do estilo, onde veteranos e novos talentos se encontram sob um mesmo olhar curatorial, quebrando divisões para focar na potência da narrativa musical.
Para este VA, a escolha dos artistas partiu de um lugar de admiração pessoal e profissional, explica Capetini, head criativo da gravadora.
"Um dos grandes objetivos foi reunir artistas com mais destaque a artistas que estejam em ascensão, mas sem tirar o foco da narrativa"
Pontua.
O VA abre com "Vertical Dub" de Trajano, estabelecendo logo de cara o território musical que será explorado a seguir: baixos marcantes, bateria seca e aquela sensação característica de profundidade que convida tanto ao movimento quanto à imersão. Natkondo contribui com duas faixas — "Elétrico Dub System" e "Drumhouse" — esta última destacada pela curadoria como uma das surpresas do release, já que é um dos primeiros lançamentos oficiais da artista e traz um encontro entre experimentação e energia com muito bom gosto.
Ylia assina "Un Poquito Del Dub", outro destaque do VA, por trazer uma sensação de novidade enquanto faz jus à identidade do selo. Em seguida, "Dub Tool 1" e "Another Fucking Tool", duas faixas de dub techno, são assinadas por um artista que prefere não revelar seu verdadeiro nome artístico, mantendo viva a tradição do anonimato criativo no Dub. Na reta final, Fortunato entrega "Nova Dub", e o headlabel Capetini encerra os trabalhos com “Desire To Dream”, completando um arco narrativo cuidadosamente construído.
Em geral, "Dobs Vol. 1" trabalha com a tradição do gênero aplicando técnicas contemporâneas. Cada faixa funciona como um novo espaço de experimentação, onde cortes, repetições e camadas de efeitos guiam tanto o movimento do corpo quanto a atenção do ouvido. O Dub aqui aparece como técnica de desconstrução, usando de suas características para criar diferentes camadas de profundidade sonora.
Como um elo musical entre o que já foi e o que pode ser, a Doblado Records quer valorizar e estimular as diversas interpretações que emergem do questionamento sobre a essência do Dub. "Espero que o público fique com uma sensação de estar conhecendo um novo velho universo", afirma Capetini. A ideia é servir de plataforma para a pesquisa musical e provar que há espaço para propostas que celebram a essência do Dub. Um convite a redescobrir o gênero como base e futuro da música eletrônica.
Imagem de capa: Divulgação.
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