Blues house? Anhanguera explica seu novo single e o retorno às plataformas depois de três anos
Por Lau Ferreira.
O período de três anos sem novos sons já é página virada para o Anhanguera. O duo voltou com tudo no mercado fonográfico com o single "Close 2 Dance", em agosto, e já emendou "Comradeship Cosmic Blues" na sequência, agora em setembro — ambos os singles pela gravadora comandada pela dupla, a Maracujá Recordings.
Com forte verve blueseira — como o próprio nome entrega —, o novo single foi baseado em "Grinnin' In Your Face", canção de 1965 do cantor e guitarrista americano de blues Son House, composta apenas por voz e batida de palmas. A dupla paulista, então, sampleou o vocal e criou o seu "blues cósmico" com a sua assinatura houseira clássica.
"Ouvi a original há algum tempo e simplesmente me encantei. É praticamente uma acapella de um blues, mas no estilo chant, algo que surgiu dos escravos no sul dos Estados Unidos, que cantavam com um groove melódico marcante, mas apenas usando a voz e as palmas, e inspirou toda a black music", conta Dudu Palandre, que forma o Anhanguera ao lado de Decio Freitas.
"Desde então, a deixei no stand by para logo em breve começar a criar uma harmonia. Um amigo blueseiro me ajudou na composição. Achamos a melhor harmonia tentando representar o que poderia estar na cabeça do artista original enquanto cantava, e quis adicionar elementos mais cósmicos através de synths, pra deixar a música com uma vibe mais viajandona", complementa.
Antes de "Comradeship..." e "Close 2 Dance", a última música lançada oficialmente pelo duo havia sido "Cirandisco", justamente uma das mais importantes da trajetória de 15 anos do Anhanguera — a faixa saiu originalmente pela Maracujá, em 2018, e logo depois foi relançada pela Glitterbox, chegando ao primeiro lugar no chart de nu disco do Traxsource.
Após o release, entretanto, seguiu-se esse período "estranho" — como bem definiu Dudu —, em que a dupla enfrentou dificuldades para terminar suas produções: "Incrivelmente, 'Glitterbox' iniciou um hiato causado por uma estranha falta de vontade de terminar novas coisas, que durou um longo tempo. E que bom que acabou!".
Segundo ele, a passagem foi bem aproveitada para evoluir no campo musical. "Acho que nosso som, mesmo que tenha sempre tido uma mesma identidade, está mais maduro e com novos recursos, sejam técnicos ou musicais. Eu tirei esse tempo para estudar tanto novos recursos de plugins e automações, assim como, principalmente, escala, campo harmônico, e essas coisas totalmente relacionadas à teoria musical, junto de amigos músicos e instrumentistas. Aliás, foi a época em que mais me reaproximei deles, fiz colaborações, troquei informações e ideias", explica.
Com essa nova bagagem adquirida, Dudu garante que podemos esperar por um ritmo muito mais intenso de releases daqui pra frente. "Já tem mais coisas prontas pra serem lançadas em breve. A pandemia ainda está vigorando, no Brasil mesmo não rolam festas com público dançando ainda. Tem sido importante pra tentar entender como tá o mercado hoje em dia, de vendas e streaming, e aprender uma nova mecânica que vai nos ajudar no futuro, com certeza", conclui.