3lau foi um artista que, pra mim, chegou repentino. Apareceu em 2013 surfando na tendência do mainstream da época, o Big Room (o tão hoje implicado e desmerecido “EDM”). Tinha tudo para ser mais artista genérico, aquele que segue a receita clássica. Aparece com uma música sucesso, emplaca mais dois bons singles e depois nunca mais se ouve falar, assim como aconteceu com muitos dos que apareceram nessa época de 2012 a 2014/15.
Mas, me fazendo engolir totalmente as minhas palavras, ele provou (e muito) o contrário, tanto que por esse motivo achei válido dar um merecido destaque ao artista fazendo essa matéria.
Lá em 2014, um pouco depois dele ter aparecido na cena, já percebi que havia um quê a mais nele quando foi lançada a “How You Love Me”. Até esse momento, ele havia se destacado por “Escape”, trilha compartilhada via Revelead Records, e pelos seus estourados mixes no Soundcloud. “How You Love Me” tinha algo forte. A parceria junto com a Bright Lights, que, diga-se de passagem, é uma das vozes mais bonitas que eu já tive o prazer de ouvir, era mais que uma simples música de pista. Tanto que conseguiu cruzar a barreira da cena eletrônica por ser uma música pop.
Tempo vai, tempo vem, e 3lau foi mostrando um amadurecimento musical incrível. Seus trabalhos começaram a ficar mais inteligentes, com mais identidade própria e menos fórmulas prontas. Não se prendeu à tendência do momento, e começou a trabalhar com diversos gêneros, como o trance e o future bass. Vocais épicos ficaram cada vez mais presentes em suas tracks. Na minha visão, começou a fazer música que queria fazer, e não a que o público e o mercado (achava que) queriam escutar. Respeito imensamente artistas que conseguem fazer isso. Tivemos progressive trance, progressive house, future bass e até deep house entre seus singles e eis que em 2018 somos presenteados com seu mais novo trabalho: Ultraviolet.
3lau lançou nesse mês de fevereiro seu álbum de estreia via sua gravadora BLUME. Depois de fazer essa introdução toda rasgando elogios a ele, não teria como não separar umas palavras para fazer um review desse trabalho.
Lembra que eu falei de todos os estilos que já acompanharam uma track do 3lau? Então, todos eles estão no álbum. Tem drop pesado, leve, vocal masculino, feminimo, formando ao todo mais de 40 minutos de uma incrível vibe.
Sou da opinião que um álbum deve ser escutado como um trabalho completo e em ordem, ou seja, dar o play na primeira música e deixar rolando até a última (nesse caso a 11ª), como uma forma de tentar compreender a mensagem que o artista está passando. Mensagem essa que, convenhamos, não consegue ser tão profunda em uma única música. O álbum deve ser encarado como uma grande obra. E vamos para ela:
O início do álbum já apresenta uma prévia: pads épicas de trance e ambiências viajantes serão presença certa ao longo do disco. Ultraviolet,como primeira música, e Worlds Awa,a última, mostram muito bem isso. A primeira sendo uma instrumental, e o grand finalesendo Emma Hewitt destruindo (de tão bem que canta), em uma vibe trancy,mas com um ritmo lento e inspirador.
Os destaques, para mim, são Touch, Walk Awaye Star Crossed. Para os devidos vocalistas só digo uma coisa: P*T# QUE P*#U. Vozes fora do comum em conjunto com um incrível instrumental. Não há como fugir: ficaram boas para cacete.
Fora essas, o conjunto não deixa nada a desejar e inclusive surpreende. Me deparei com um trabalho maduro, com muita expressão e uma produção assinada por um dos caras que mais respeito na cena do mainstreamatual.
E, para fechar com chave de ouro, ainda temos isso:
A grana de Violet será integralmente investida na “Fuck Cancer”, iniciativa que promove o combate contra o câncer.
3lau tem feito isso desde que criou sua gravadora, que converte todo o dinheiro arrecadado através dos streams em doações para instituições de caridade. Em 2016, por exemplo, o artista levantou nada mais que 200 mil dólares e, em conjunto com a instituição Pencils of Promise, ajudou financeiramente a construção de escolas na Guatemala e em Gana.
Quer motivo melhor para dar play?
Com vocês: Violet. De resto, deixo as melodias e harmonias falarem o resto.