'(...) temos uma certa dificuldade de nos definirmos dentro de um gênero, não queremos nos rotular', conta Rooftime em entrevista sobre novo single 'Keep Walking'
Como um dos pouquíssimos grupos de música eletrônica no Brasil, Rooftime vem ganhando destaque internacional com apresentações que unem as batidas aos instrumentos e vocais ao vivo. O trio formado por Lisandro Carvalho, Gabriel Souza e Rodrigo Souza já tem vários hits e parcerias de sucesso, como “I Will Find” com Vintage Culture (quase 100 milhões de plays no Spotify) e "Free My Mind" com Alok e Dubdogz (rumo a 50 milhões de transmissões), estando entre os dez projetos de música eletrônica mais escutados no país.
O mais recente lançamento do trio é "Keep Walking", uma nova colaboração com Alok e que também é a primeira faixa do próximo álbum do grupo, a ser disponibilizado ainda em 2022. A track tornou-se trilha sonora da campanha da marca Johnie Walker e foi criada a partir da junção de diferentes elementos, com os produtores explorando diferentes sensações e estimulando a criatividade, com um ar de provocação que inclui trechos de guitarra.
Conversamos com Lisandro, Gabriel e Rodrigo sobre a trajetória e conquistas do Rooftime. Confira o bate-papo abaixo:
Oi, meninos! Queria agradecer a oportunidade da entrevista. Uma das coisas que eu acho incrível no Rooftime é a capacidade de unir e agradar fãs de música eletrônica e de outros gêneros musicais no geral, além de pessoas de todas as idades. Esse era o objetivo de vocês desde o início? Ou foi acontecendo com o tempo?
Esse sempre foi o nosso objetivo mesmo! Queremos nos colocar como um projeto sem uma segmentação própria dentro do cenário, a ideia era criar um lugar que fosse nosso no universo musical. Tanto que temos uma certa dificuldade de nos definirmos dentro de um gênero, não queremos nos rotular, porque isso iria contra a essa ideia. Hoje, com os shows e o carinho da galera, conseguimos perceber que devemos continuar nesse caminho.
Acho que Rooftime é um dos artistas que mais aparece nos stories que vejo pelo Instagram, como trilha sonora de vários momentos registrados por ali, seja paisagens, viagens, atividades rotineiras, enfim… vocês levam isso em conta na hora de produzir? Como ocorre esse processo entre os três?
Sempre que nos unimos para produzir, tentamos nos livrar de qualquer tipo de estribeira ou estímulo repetitivo, para provocar novas ideias e histórias. Então sempre procuramos não nos deixar presos a nada que possa nos trazer a um caminho comum, isso nos permite explorar todo nosso potencial criativo. Talvez, seja por isso que o nosso som se encaixa em diferentes lugares e ouvidos. Não existe lei, padrão, regra ou fórmula: a melhor maneira é quando estamos todos dentro dessa mesma sintonia.
Vocês conseguiram a proeza de estar na trilha sonora da novela das 21h da Rede Globo, “Um Lugar ao Sol”, com a track “Don’t Let It Go”. Como tem sido a repercussão disso?
Foi uma das melhores surpresas que aconteceram para nós! Na época, não esperávamos que chegaria nenhum convite, mas sempre foi algo que buscamos. E quando chegou um e-mail da Rede Globo, sabíamos que era a oportunidade perfeita para espalhar o nosso trabalho para uma galera que não está na pista, e sim no sofá de casa. Até agora tem sido sensacional todo carinho que recebemos! A música virou a 5º mais procurada no Brasil pelo Shazam e a galera abraçou ainda mais o nosso som. Ainda é difícil para mensurarmos e entender o que tem acontecido em tão pouco tempo de carreira!
A única apresentação do Rooftime registrada no YouTube foi gravada após a live do Alok, num after da CONTROVERSIA, gravadora do DJ e produtor, pela qual vocês já lançaram singles. O vídeo segue com diversos elogios e comentários de pessoas que os descobriram por acaso e viraram fãs, e até gente surpresa por vocês serem brasileiros. O mesmo ocorre nas redes sociais. Esse carinho do público é uma motivação ou às vezes os pressiona?
Encaramos tudo isso como uma motivação a mais para nós! Toda vez que recebemos mensagens, tanto em inglês quanto em português, conseguimos sentir nosso público cada vez mais perto da nossa história e compartilhando ela com mais e mais pessoas. Isso é o que faz o mundo da música girar! Não existe uma pressão quando se faz o que ama, mas acreditamos em uma responsabilidade com o público em continuar contando mais capítulos dessa história. E assim, escreveremos juntos até o final!
Sobre esse assunto, ainda queremos saber: quando teremos uma nova live do Rooftime?
Aos poucos estamos retomando os shows presenciais pelo Brasil e a experiência de rever o público ao vivo é muito revigorante. As lives foram muito importantes para continuar esse contato com o público, mesmo que à distância, e levando nosso som a cada vez mais lugares. Agora com os shows, queremos criar laços mais fortes e sentir a energia ao vivo, que ficamos tanto tempo sem. Não temos nenhuma live marcada por enquanto, mas se for a vontade de todos…
De acordo com algumas publicações nas redes sociais, podemos entender que vocês gravaram uma série chamada “Highs and Lows”, contando a trajetória dos três na música. Quando ela estará disponível? Contem um pouco mais sobre esse projeto.
A série conta o começo da história do Rooftime, sendo cada episódio representado por uma música nossa. O nome da série vem de trecho de uma música nossa e também resume a nossa carreira como um todo, assim como a vida de cada um de nós: todos temos altos e baixos, não importa sua profissão, idade, onde mora, com quem vive… Estamos fadados a encarar a montanha russa da vida. E a grande mensagem é que não devemos lutar contra isso, na verdade, temos que tomar como um indicativo que estamos na direção certa.
No fim de 2021, vocês fizeram uma turnê pela Europa. Como foram os shows? Essas apresentações fora do país inspiraram, de alguma forma, as próximas produções?
Foi uma experiência única! Não imaginávamos que sairíamos em uma tour europeia tão cedo. Foi uma sensação muito boa perceber que nossa música atravessou o oceano e estava na cabeça da galera europeia, o público nos shows conhecia as músicas e cantou junto com a gente.
Fora a bagagem cultural e a experiência de conhecer lugares como Londres, Lisboa, Amsterdam e outros. Infelizmente tivemos algumas baixas devido à covid, mas com certeza foi algo que abriu nossas cabeças e trouxe novas visões de mundo. Pegamos tudo o que captamos por lá para usar em nossas novas músicas, são histórias diferentes das que conhecemos aqui e isso nos enche de vontade de criar cada vez mais.
Recentemente, vocês lançaram “Keep Walking”, uma colaboração com Alok pela CONTROVERSIA, que ainda entrou para a nova campanha da Johnnie Walker. O que veio primeiro: o convite ou a produção da track?
A track! No dia, estávamos explorando novos lugares para produzirmos, então nos juntamos em um quarto velho da casa embaixo de uma escada e começamos a criar. A ideia era fazer um som com uma intenção sedutora, que pudesse demonstrar movimentos de uma dança, tanto que é uma das únicas músicas que usamos guitarra nas gravações, porque sentimos que ela traria essa conexão.
Desenvolvemos a música em cima dessa ideia e completamos sua versão instrumental. Após um tempo, surgiu um convite para trabalharmos em conjunto com o Alok em uma campanha para a Johnnie Walker e logo pensamos nesse som! Mostramos para o Alok e ele adorou a ideia, aí começamos a mexer e compor os vocais. E o resultado foi a "Keep Walking”!
Os sons orgânicos, as batidas eletrônicas e a letra se encaixam perfeitamente em “Keep Walking”. Vocês comentaram que foram inspirados por sensações e sentimentos, bem como em coreografias e ritmos. Em quanto tempo a faixa foi produzida? Como ocorreu esse processo?
A parte instrumental não demorou a ser finalizada, coisa de um mês ou menos. Depois, ficamos à procura de uma mensagem que encaixasse com a intenção que propusemos à música.
Somos diretamente ligados à história das músicas que criamos e nesse som não foi diferente: a ideia era criar uma cena em que duas pessoas se envolviam em um jogo de sensações e sentimentos em que a única maneira para que se entendessem era através de uma dança. Então, nos inspiramos em coreografias e ritmos que nos trouxessem essa sensação.
Para finalizar: estamos ansiosos para o lançamento do álbum de vocês ainda em 2022. Tem como revelar alguns spoilers? Obrigada pelo bate-papo!
Tocamos alguns spoilers nos nossos shows e acho que essa é a única maneira por enquanto. Mas o álbum está cheio de música boa e colaborações especiais que temos certeza que a galera vai curtir e ouvir muito! Estamos muito ansiosos por esse momento, esse álbum significa uma nova visão sobre a nossa música e vale muita coisa pra nós! Obrigado pela oportunidade!
Sobre o autor
Vitória Zane
Editora-chefe da Play BPM. Jornalista curiosa que ama escrever, conhecer histórias, descobrir festivais e ouvir música eletrônica <3