“Hoje eu quero reconhecimento artístico e voltar para o topo”, conta Pirate Snake em entrevista
Não há um brasileiro que não goste ou não reconheça a importância de Tim Maia para a indústria da música nacional. O DJ e produtor Pirate Snake gosta tanto deste ícone da MPB que, além de consumir todas as informações sobre o artista, acaba de lançar uma versão eletrônica da track “Sossego”, agora intitulada “1Kg do Bom”, em collab com Pleight pela Hub Records.
Raul Mendes aka Pirate Snake tem muitas coisas em comum com Sebastião Rodrigues Maia aka Tim Maia e mostra em entrevista exclusiva ao Play BPM. Com uma carreira de mais de 20 anos dedicados à cena eletrônica nacional e ao setor de eventos, o artista entra de cabeça em nova fase e reflete sobre seus desejos num futuro próximo.
Confira o bate-papo abaixo e os detalhes sobre o lançamento:
Play BPM: “Sossego” foi lançada em 78. Mais de 40 anos depois ganha uma versão autorizada na música eletrônica. Quais os desafios de retrabalhar esse clássico? Pirate Snake: Eu sou muito fã do Tim Maia, ao ponto de saber as letras de basicamente todas as músicas, até as mais antigas e com letra em inglês. Já li a biografia dele escrita pelo Nelson Motta e sou um entusiasta nos assuntos relacionados a ele, direto procuro e leio coisas a respeito etc… e como eu já estava fazendo muitas leituras e usando bastante coisa de Jazz e Soul, até mesmo influenciado por ele, digamos que foi fácil demais trabalhar.
Colocar “1 kg do Bom” como título dessa nova versão é uma homenagem ao artista referência na MPB?Eu quis fazer algo além de um remix. Descobri assistindo o DVD do Tim que a música iria se chamar “Sossego e 1Kg do Bom”, mas não pôde sair assim, porque na época o regime militar censurou e ficou só “Sossego”. E como eu, além de recriar os vocais da música, recriei também a parte do DVD em que ele fala isso.
Tim Maia foi uma figura importante na música brasileira, e sempre dava declarações polêmicas. Em um vídeo da música “Sossego”, ele comenta: “A demagogia é a pior coisa que existe, é pior que a mentira, porque é uma mentira mentirosa.” Você concorda? Acha que temos vivido isso?Sim, total. Aliás, acho que vivemos isso nesse país desde que uma certa caravela chegou aqui em 1500, tá ligado?
“Eu não tenho mínimo ódio de ninguém, meu negócio é amor mesmo…”, conta o artista neste mesmo vídeo acima citado. Você se identifica com o Tim Maia nesse quesito? O que vocês têm em comum?Eu sou uma pessoa explosiva que nem ele, mas rápido já me recomponho e não guardo mágoas. Tenho muitas coisas em comum com ele, na verdade. Sou bem autêntico, falo mesmo, não guardo as coisas… levo a vida mais leve, assim como ele levava. Gosto de curtir meus familiares e, de certa forma, até cometo umas gafes que nem ele fazia. Hehehe
Segundo Nelson Motta, a faixa original é feita toda em cima de um único acorde. “O segredo é a levada, o suingue.” Como isso pode ser incorporado na música eletrônica?Como ele mesmo falava: “Aí que é o barato.” A nossa característica, minha e do Pleight, no caso, é trabalhar bem a construção do “beat swing”, o baixo marcante e a bateria swingando de forma dançante, pra envolver a galera na pista, sem perder a originalidade do Soul da versão original.
Ok, mas e além de sossego e 1 kg do bom, o que o Pirate Snake quer?Hoje eu quero reconhecimento artístico e voltar pro topo.
Sabemos que essa é a sexta faixa em parceria com Pleight, o que demonstra muita sintonia entre vocês. Há mais collabs programadas?Pior que temos muita coisa! Ele é um jovem talentosíssimo e eu um cara experiente. Temos um gosto muito parecido e a sinergia de se complementar está fluindo bem. Temos umas quatro tracks prontas que ainda não foram lançadas e que em breve devem estar saindo.
O que podemos esperar do Pirate Snake 2.0?Um cara focado, workaholic e com um puta material Next Level.
Sobre o autor
Vitória Zane
Editora-chefe da Play BPM. Jornalista curiosa que ama escrever, conhecer histórias, descobrir festivais e ouvir música eletrônica <3