Em entrevista, Moguai e Ida Corr contam sobre o processo por trás da track "Let's Go"
No início do mês, Moguai juntou-se à incrível Ida Corr para a track "Let's Go", lançada pela OH2 Records. A música começou como um Tech House com um vocal fantástico e tudo o que faltava era um vocal à altura. E foi assim por meio da Helldeep que o DJ e produtor alemão encontrou Ida, responsável pelos vocais de grandes hits da história da música.
Em entrevista à Play BPM, Moguai e Ida contam sobre o processo criativo por trás da nova faixa, como foram suas vidas durante o período da pandemia e mais! Confira:
Olá, Moguai e Ida! Meu nome é Cecília e eu trabalho para a Play BPM, uma revista de música eletrônica brasileira. Estamos aqui para fazer algumas perguntas, principalmente sobre o mais recente lançamento, “Let’s Go”, que é uma música muito legal e cheia de vibe! Agora contem para nós, como vocês se uniram para esta collab e qual foi o processo criativo por trás dela?
Moguai: Nos conhecemos por meio da Helldeep Records, que também foi responsável pelo lançamento. Eles me mandaram uma música da Ida e perguntaram se eu gostaria de trabalhar com ela. Então eu disse: “Sim, com certeza! Me enviem os 'stamps'”, e a partir daí nós a reconstruímos. Não foi como se eu recebesse os vocais e simplesmente fizesse, foi um trabalho de mão dupla entre Ida e eu, e finalmente, conseguimos apresentar a música.
Ida: Totalmente! Eu não poderia ter contado melhor. Quando enviamos a música e André (Moguai) a recebeu, era o primeiro teste e ele já entendeu qual era a vibe da track. A melodia, o coração partido, a nostalgia e tudo o mais, mas ainda assim de um jeito esperançoso e pra cima. Então desde a primeira versão eu já estava muito feliz.
Moguai: E eu fiquei muito feliz com a sua reação porque eu não sabia se você gostaria ou não, porque era diferente da gravação que você havia me mostrado antes e até mesmo diferente da que eu tinha feito.
Ida: Sim, era totalmente diferente, mas ainda assim com muita vibe! É sempre uma vibe! É um processo interessante quando você compõe uma música, escreve a letra, tem um sentimento em seu corpo, e então você a envia para outra pessoa para que ela conte sua própria história com a música, para depois chegarem juntos a uma mesma narrativa. É um sentimento maravilhoso quando isso acontece, então eu fiquei muito feliz!
Com certeza. Foi muito orgânico, né? Vocês se juntaram e tudo fluiu. Isso é maravilhoso! Gostaríamos de saber se vocês tiveram a oportunidade de apresentar a música ao vivo e como o público respondeu? Inclusive, nas mídias sociais, como estão os feedbacks das pessoas em relação à track?
Moguai: Por causa da pandemia, especialmente na Europa, não houve eventos, então eu toquei a track em todos os meus radio shows e recebi bastante suporte de outros grandes artistas em seus radio shows. Então tivemos ótimos feedbacks, e estamos ainda construindo isso. A música foi lançada há pouco tempo, ainda está muito recente, então é isso.
Ida: Ainda não a ouvi em clubes, mas ver o suporte de Moguai e seus amigos já é uma grande conquista. Toda vez que você escuta que alguém quer tocar a sua música é um sentimento ótimo. Mas sim, a pandemia tirou muito de nós no que diz respeito aos clubes, apresentações ao vivo, e coisas do tipo. Então agora é muito animador que as coisas estejam abrindo novamente.
Com certeza! Sempre gostamos de fazer essa pergunta sobre como o público responde às músicas. Mesmo sem shows presenciais, hoje em dia é possível receber muito feedback por essas plataformas, o que é ótimo! Agora temos uma pergunta especialmente para Ida. Você é responsável pelo vocal de um dos maiores hits de todos os tempos da música eletrônica: “Let Me Think About It”. Você imaginava naquele tempo que essa música se tornaria uma música atemporal? E quando foi que você parou e percebeu: “Nossa, isso é um hit”?
Ida: Para ser muito sincera, eu não fazia ideia. Eu escrevi essa música em 2005 e a lancei em um álbum chamado “Robosol”, e gostei muito da vibe groovada e funky dela. Naquele tempo, eu havia começado a explorar um pouco mais as músicas de clubes, o House, e comecei a entender o que era aquilo. Então quando a minha agência me colocou com Fedde Le Grand para fazer um remix da música, eu não fazia ideia do que ela se tornaria. Eu sabia que ele tinha feito um remix de uma música uma amiga, Camille Jones, 'The Creeps', um ano antes, e que tinha sido um grande sucesso. E então eu pensei que o jeito dele de aprimorar a melodia e os sentimentos originais da música era muito bom e eu fiquei tipo ‘Isso é demais’. E eu gostei bastante da ideia de alguém remixar uma música minha e levá-la a um lugar completamente diferente. Mas eu não fazia a menor ideia, até que eu estava na Holanda para encontrá-lo e ele me convidou para fazer uma apresentação na Sensation White, onde todos usavam roupas brancas e tals, e eu disse ‘ok, eu vou’, e então eu fiquei tipo ‘O QUE QUE ESTÁ ACONTECENDO?’. Eu estava chegando junto com os meus managers e todo mundo estava caminhando usando roupas brancas, e então eu entendi o quão grande Fedde era e o quão grande a música seria. Eu acho que esse foi o momento!
Ainda sobre hinos atemporais, agora temos uma pergunta para Moguai sobre “Mammoth”, aquele tipo de música que te tele transporta para o mainstage de um grande festival de tal forma que você sente a vibe. Imaginamos que deve ser muito legal tocá-la e sentir a energia da multidão, mas você já teve a oportunidade de ouvi-la na posição de espectador?
Moguai: Na verdade, não. Quando eu estou neste tipo de lugar, eu sempre estou na posição de tocar, então eu nunca ouvi outra pessoa tocando. Com certeza eu vi vários vídeos de artistas tocando ela e pude ver a reação do público, e até hoje é muito impressionante para uma música que tem 9 anos de existência e que atingiu o 2º lugar no Top 1000 músicas do Tomorrowland. Para mim, foi há tanto tempo… é com certeza uma grande parte da minha carreira, mas eu não quero me apoiar em antigos sucessos. É mais algo como, ok, é uma parte de mim que eu adoro, é ótimo ver a reação, outros DJs tocando, mas resumindo, eu nunca vi outra pessoa tocando. Eu gosto de me manter sempre atualizado e é por isso que gostei tanto de colaborar com Ida. Não foi algo baseado no sucesso dela ou no meu sucesso do passado, mas brincando com as possibilidades, com a vibe e criando uma excelente peça de arte para depois vermos onde vai chegar, se vai se tornar um sucesso ou não, porque você nunca sabe o que pode acontecer.
Ida: Além disso, sucesso pode ser várias coisas diferentes. Só de começar e juntar duas pessoas, buscando inspiração musical uma na outra, em nossas músicas antigas e novas… porque eu acho que vários artistas… se você é bem sortudo, porque nós somos abençoados por termos feito grandes hinos quando começamos nossa carreira de músicos, DJs, cantores e compositores… ter tido a oportunidade de ter hits atemporais é uma grande conquista. Eu tenho muito orgulho disso, mas entendo o que o Andrei diz sobre seguir em frente, fazer coisas novas e não apenas viver do passado, mas ao mesmo tempo sentir orgulho pelo que conquistamos.
Com certeza!! E é o que vocês fizeram com “Let’s Go”, mantendo a vibe de algo novo e atual. Música é sobre conexão e é incrível quando dois artistas se unem e conseguem colocar suas ideias em um projeto. Agora caminhando para o final da entrevista… quem vocês eram antes da pandemia e quem vocês são agora? O que mudou? Como tudo que está acontecendo no mundo influencia em suas produções?
Ida: Houve uma grande mudança. Eu nunca estive fora da música ou fora das apresentações ao vivo ou tendo umas férias. Eu tenho trabalhado bastante ao longo da minha vida inteira, então imagine ir de 2000% para zero… sem concertos, sem locais… de uma forma é libertador, mas ao mesmo tempo eu estava acostumada a estar sempre em movimento, criando e vivendo um passo a frente, então é muito difícil quando você não faz ideia do que vai acontecer em seguida. Se será apenas mais um mês, ou dois, três anos… o que iria acontecer. Então, criativamente eu entrei em uma pausa. Muitas pessoas usaram esse tempo para explorar seus processos criativos, mas não foi o meu caso. Eu travei. Porque eu estava tão acostumada a viver na loucura, criando espaços para escrever, compor ou para me apresentar, e essa dinâmica mudou. Tudo estava parado e eu parei junto. Talvez tenha até sido bom no longo prazo ter uma espécie de feriado prolongado, mas mentalmente foi muito desafiador. Eu tive que repensar várias coisas!
Moguai: Para mim foi o contrário, porque eu disse a mim mesmo 'ah, isso vai durar uns 3 meses…' e depois desses três meses, chegamos a 6 meses, depois 1 ano… e eu mantive a produção musical e eu nunca produzi tanto como nesses dois anos, mas sem turnê, então foi realmente incomum. Como a Ida disse, eu também nunca tive uma pausa. Nunca. E eu gostei disso, por meio ano. Depois era tipo 'chega! Vamos voltar ao normal!'… mas sabemos o tempo que durou, e ainda está rolando, ainda não chegamos no fim. Mas fiquei feliz de ter morado 6 anos em Los Angeles e, portanto, ter um Green Card, o que me permitiu continuar com as turnês nos Estados Unidos, onde as as coisas foram mais tranquilas em comparação à Europa. Não que seja certo ou errado, mas lá eu ainda pude tocar em alguns shows e turnês. Eu sinto saudades de tocar ao vivo, com certeza. Eu espero que tudo volte ao normal, mas para mim eu aprendi que não tem necessidade de ser tão estressante como era antigamente, então estou buscando ser mais leve.
É muito interessante ver duas pessoas da indústria musical com experiências distintas, afinal de contas, a pandemia atingiu diferentemente cada um de nós. Essa foi a nossa entrevista, foi uma honra conversar com vocês! Muito obrigada!
Imagem de capa: divulgação.