Hugo Doche é daqueles artistas inquietos que buscam se aperfeiçoar cada vez mais, conhecer novas sonoridades e trazer para o seu trabalho o resultado dessa combinação.
Formado em música pela L.A. Music Academy, o baterista já teve outros dois projetos de música eletrônica e atuou ao lado de grandes nomes da música brasileira, entre eles, Fernanda Takai (Pato Fu), Kiko Zambianchi, Markus Ribas, Berimbrown e Hungria Hip-Hop. Mas agora, como Hugo Doche, consegue fazer uma leitura mais clara de como trazer seu gosto musical para o mercado, apresentando o seu som para o público que está aberto a viver novas experiências musicais.
Tanto é, que recentemente lançou “I Got The Beat” pela Generation Hex, gravadora de Don Diablo. Com cerca de uma semana, alcançou as principais playlists editoriais do Spotify, como Dance Paradise e Nasty Bits. Agora, ele chegou ao TOP 1 no chart de Bass House do Beatport.
E não é para menos, já que Hugo vem recebendo suportes do Marshmello, Lost Frequencies, Nicky Romero, Tchami, Felix Jaehn, Fedde Le Grand, R3habm Sevenn, Lucas & Steve e, claro, o label boss Don Diablo.
Batemos um papo com DJ, produtor, cantor e compositor para saber mais sobre esse importante lançamento em sua carreira, novidades à vista e, a pergunta que não quer calar: se ele realmente tem o beat!
Essa foi a sua estreia pela Generation Hex, selo do Don Diablo. Era um selo que você almejava, como foi lançar por lá?
Sempre fui um grande admirador do Don Diablo como produtor musical, na verdade, quando escutei o som dele pela primeira vez em 2015 (eu acho), fiquei impressionado com a qualidade dos timbres, a quantidade de elementos soando bem na mesma track, pela construção harmônica explorando muito os keys nos drops e pelas melodias marcantes. Desde então, sempre acompanhei o trabalho dele como artista e da Hexagon como gravadora, mas o sonho de lançar lá e de ter um suporte deste tamanho parecia algo muito distante naquela época.
Conta para a gente um pouco sobre o processo de produção e inspiração da track.
“I Got The Beat” veio em um momento onde estava buscando produzir um som bem voltado para pista, com destaque para a bateria, percussão, onde os elementos de bass house aparecessem como um complemento e o groove (com influências do tech house) possuísse timbres mais “aveludados”, principalmente o kick, mas ao mesmo tempo bem destacados.
Se "I Got The Beat" fosse uma imagem, como ela seria?
A imagem que me vem à cabeça é de um tambor, um coração e um corpo em movimento. Acho que o beat é o elemento mais poderoso de uma música quando se trata de emoções ligadas ao nosso corpo.
Tem alguma curiosidade sobre a track que você queira compartilhar com a gente?
É o meu maior lançamento até agora e o que eu quero compartilhar é a felicidade desse momento. Que seja inspiração para muitas pessoas. Um detalhe importante, já produzi aproximadamente mil músicas, só lançadas pelos meus projetos são mais de 300. Então, não desanime quando ainda não chegou o seu momento, esteja sempre disposto a fazer mais mil.
Qual o sentimento de ser TOP 1 de Bass House no Beatport?
É muito difícil criar um ranking para qualquer tipo de arte, né, mas os números nos estimulam a produzir mais e aumentam o alcance do nosso trabalho. Então, sempre sonhei com o TOP 1, mas não esperava. Quando lancei, no mesmo dia ela entrou no TOP 70, e no dia seguinte em #33. Comecei a acompanhar e vi que no terceiro dia desceu para o 22º lugar e no quarto dia já era TOP 15. No dia 7 de agosto ela estava em 10º lugar e até fiz um salto de paraquedas pra comemorar. Hoje, 12 de agosto, estou no TOP 1 e soltei esse vídeo para celebrar essa caminhada! O maior sentimento é de conquista, de saber o quanto lutei, me cobrando para ser melhor, e então me presentar com esse momento feliz.
Um ponto alto para ouvir "I Got The Beat" em um set na pista. Fala para a gente!
Talvez a track que estou mais ansioso pra testar nas pistas! Quem sabe na abertura, no meio, ou no fim?? [rs] Sinceramente, acho que vai encaixar em qualquer um desses momentos, tudo vai depender de qual artista tocou antes e qual artista tocará depois.
A pergunta que não quer calar, "I Got The Beat", você tem o beat Hugo? Como você descreve o seu som?
[rs] Essa é uma ótima pergunta! Inclusive, pensei muito sobre lançar uma música com esse nome. O que eu posso responder é que a beleza da música para mim é viver buscando esses beats, esses milissegundos entre cada nota, que cria o swing, traz personalidade e emoções muito diferentes.
Quando me formei em Los Angeles como baterista de jazz em 2007, cheguei lá como um brasileiro que pensava e sentia a semicolcheia (1/16th), diferente dos outros bateristas da minha classe. Demorei um tempo para perceber que esse era um dos grandes motivos da música brasileira ter encantado o mundo, esse simples atraso na hora de executar essas quatro notinhas. Então acredito que o beat está dentro de cada um e que tudo o que você escuta, sente ou reproduz na música vai desenhando com o tempo o seu próprio beat.
Do início da sua carreira para o seu mais recente lançamento, o que mudou? Como você vê o seu amadurecimento. A gente já ficou sabendo que houve uma mudança na identidade sonora do projeto, fale mais sobre isso.
Hoje, na música eletrônica, vejo a importância de uma personalidade musical sólida e ao mesmo tempo com inovações que condizem com essa identidade musical. Estou no terceiro projeto de música eletrônica e acho que nesse momento consigo fazer uma leitura mais clara de como enquadrar o meu gosto musical no mercado atual e o principal, de como conduzir as pessoas que gostam do meu trabalho a estarem abertas a viverem experiências musicais.
Quais as próximas novidades que podemos esperar do Hugo Doche?
Estou prestes a realizar o maior lançamento da minha carreira, um álbum com 18 músicas 100% autorais e inéditas, em formato audiovisual. Praticamente um filho que vai nascer, é onde tenho colocado grande parte da minha dedicação. Me inspirei muito nos discos de rock and roll que eu escutava quando era mais novo, do início ao fim, que pesquisava os envolvidos no álbum e até hoje guardo na minha coleção de CDs. Um álbum que vai contar uma história, com abertura, construção de energia e encerramento. Algo que quero olhar para trás daqui há 10 anos e sentir muito orgulho.