Em entrevista exclusiva, Flakkë revela detalhes cremosos da produção de seu álbum “Falling”
O DJ e produtor Flakkë é conhecido por uma identidade sonora que traz humor e criatividade, com elementos sempre para cima, com drops explosivos que encaixam bem em qualquer pista. Durante essa quarentena, assim como diversos outros produtores e produtoras, Flakkë, além de ter que driblar o ócio criativo da paralisação das festas e eventos, se deparou com a dúvida: apostar em lançamentos radiofônicos ou investir na pegada pista? A resposta para o novo álbum do artista, é: nem um, nem o outro – música para se expressar sem influências externas ou pressão.
“Falling” é uma obra de 8 faixas com referências de tudo o que o produtor já ouviu e que ele gosta, transmitindo magia e transportando quem o ouve para um universo medieval, onde os contos são capazes de nos levar nessa jornada junto com a música.
Batemos um papo exclusivo com o DJ para entender melhor como foi o processo criativo e de produção deste álbum excepcional. Confira abaixo!
Play BPM: É evidente o quão musicalmente diversificado o álbum é fundamentado. Como você sentiu que a mistura de música eletrônica com música clássica poderia encaixar com tamanha maestria? Flakkë: Embora seja um fato que passe batido, a música eletrônica é extremamente influenciada pela música clássica, por mais que não contenha orquestrações. Tudo que usamos de teoria (acordes, melodias) vêm dessa época. Eu sempre ouvi muito música erudita, desde pequeno e já usava elementos orquestrados em minhas produções desde meu projeto antigo, o Gran Fran. E desde que criei o Flakkë eu tinha vontade de fazer uma “sinfonia eletrônica”, uma obra completa que criasse essa fusão de universos.
Play BPM: A “Fade Away” tem forte influência do hip-hop/trap. Você teve alguma inspiração ou referência para explorar tais elementos nessa track? Flakkë: Pra quem não sabe, eu já toquei muito bass music antes do Flakkë, e até hoje eu gosto muito de todas as vertentes, seja trap, future bass e até dubstep. É uma forma de expressão musical que ficou enrustida dentro de mim como Flakkë desde o começo do projeto e eu achei que agora foi a hora perfeita pra botar isso pra fora! Minhas maiores referências do gênero são o NGHMRE, Quix, Boombox Cartel, Ekali, Iccarus, Scorsi e Ruxell.
Play BPM: Como surgiu a ideia de criar um álbum totalmente fora da caixa, misturando elementos da atual cena eletrônica nacional com sons inspirados em jogos e ambientes medievais? Flakkë: Foi uma rebelião energética contra o momento que estávamos vivendo principalmente no começo/meio da quarentena. Eu sempre acompanho o que está rolando na cena e em determinado momento eu vi que tudo que eu estava escutando não estava ressoando em mim, pareciam músicas sem alma feitas com o simples propósito de alcançar grandes números nas plataformas de streaming ou de seguir uma tendência imposta por algum artista grande. Eu inicialmente fiz o álbum para mim, como forma de terapia, para botar pra fora todo aquele sentimento que eu estava sentindo falta nas músicas que eu estava consumindo e produzindo. Então a convite da Sony eu decidi botar isso tudo pra fora e dividir com o público.
Play BPM: Qual a track mais importante e especial no álbum para você? Flakkë: Todas são extremamente especiais pra mim, mais uma vez, porque são músicas completamente honestas e dizem muito sobre a minha pessoa. Mas talvez a que mais signifique algo seja a última, a Morning Star, que inicialmente era só uma melodia de uma canção de ninar que minha mãe cantava para mim quando criança.
Play BPM: Em 1 mês desde o lançamento, o “Falling” já teve mais de meio milhão de plays no Spotify. Qual a sensação de produzir algo experimental e inovador e ter a ideia abraçada de forma tão calorosa? Flakkë: Eu ainda estou meio de cara com a repercussão que o álbum está tendo. Acho que todo produtor fica ansioso quando lança algo para ver vai pegar bem com a galera, e eu também, em todos os meus lançamentos também fico nessa expectativa. Mas com o álbum foi uma parada completamente diferente, pois eu tinha certeza que era algo completamente diferente da demanda do mercado nacional, é um álbum muito tenso, muito pesado e melancólico, uma coisa que vai totalmente contra a onda mais minimalista e soft que o mercado tem seguido. Então sim, está sendo uma surpresa enorme ver quantas pessoas estão se identificando com as músicas.
Play BPM: E por fim, qual a previsão e expectativa para seus próximos lançamentos? Flakkë: A quarentena foi muito produtiva para mim, e eu tenho um arsenal de músicas para serem lançadas e continuo fazendo mais. Como o álbum foi um negócio mais artístico e introspectivo, os próximos releases vão dar uma aliviada na tensão e ser uma parada mais “energia boa” hahahaha.
O álbum está disponível em todas as plataformas digitais. Ouça “Falling” aqui!
Sobre o autor
Caio Pamponét
Graduando em jornalismo pela UFBA e Redator da Play BPM. Um apaixonado por música desde a infância que cultiva o sonho de viajar pelo mundo fazendo o que ama e conhecendo novas culturas. Com um desejo inerente de fomentar a cena eletrônica de sua terra - Salvador, BA, Caio Pamponét respira os mais diversos BPM's e faz da música o seu combustível diário.