'O mais desafiador é se manter no mercado fazendo o que ama (...) e não pensando só em se vender', declara FFLORA
Com 16 anos de carreira, sendo 10 deles dedicado ao Dashdot, Felipe Flora se arrisca em uma nova fase da carreira, dando asas ao projeto FFLORA e levando sua verdade musical às pistas como trilha sonora de grandes momentos.
Reunindo grandes conquistas e experiências, como apresentações no Rock In Rio, Lollapalooza, Só Track Boa, BPM Festival, Warung Day Festival e Tomorrowland Brasil, além de hits como “That’s Why”, “So Beautiful” e “Make It Better”, FFLORA surgiu em meio a pandemia, depois de repensar seu propósito, e já vem colhendo frutos com seu mais recente lançamento, como a faixa "Butterflies", em collab com Meca e Vintage Culture.
Conversamos com o DJ e produtor sobre os novos desafios, inspirações, conquistas e expectativas para os próximos meses. Confira!
Sua nova track “Butterflies”, com Vintage Culture e Meca, está tendo ótimos resultados, grandes suportes e subindo cada vez mais no Beatport. Como foi produzi-la e o que ela representa pra você?
Sim, estamos tendo vários supports e a track chegou no top 11 do gênero Melodic House do Beatport. Estou muito feliz em ver nossa música alcançando esses resultados nessa plataforma que é referência na música, ao lado dos big names mundiais!
Sobre a produção, eu estava combinando de fazer uma sessão de estúdio com MECA, até nos encontramos, mas naquele dia acabou não saindo nada, porém a conexão já estava feita aí mantivemos contato. Depois, fiz uma base seguindo nossas ideias do estúdio, aí ele já mexeu nela um pouco e mostrou pro Lukas, que pirou, descolou o vocal do Tristan que caiu como uma luva pra base e mexeu mais ainda nela pra deixar no jeito. Ficamos trocando várias ideias, trocamos steams e com o dedo dos três conseguimos chegar nesse resultado, que modéstia a parte ficou irado, né.
Por que resolveu seguir carreira solo e assumir a identidade FFLORA?
Isso já era algo que tinha comigo há um bom tempo, querer explorar e mostrar algumas coisas e músicas minhas que já faço há um tempo. Sempre priorizei o Dashdot, mas chegou um momento na minha vida que percebi que tinha que mostrar para o mundo essas coisas que fazia sozinho. E pra mim é muito importante porque representa uma realização pessoal. Deixamos o Dashdot em standy by, pra cada um focar um pouco no seu projeto.
Estrear um projeto durante a pandemia não é uma tarefa fácil, porque falta o feedback da pista. Mas como tem sido produzir nessa nova fase?
Estrear um projeto na pandemia é bem difícil, bem complicado, mas algumas das músicas que estou lançando são tracks que já havia testado como Dashdot, então já tinha uma ideia de como seria o resultado delas na pista. Já sabia também que seria desafiador e por isso estava motivado. Em 2010/2011 eu estava começando e tinha meu projeto solo, que vivia 24 horas por dia, 7 dias por semana dentro do estúdio. Então, produzir nessa pandemia foi voltar ao tempo, produzir sonhando em conquistar meu espaço foi algo especial. Foi também uma oportunidade pra olhar pra dentro, lembrar do quanto já corri atrás, me esforcei e como consequência conquistar meu lugar ao sol e o respeito na cena. E, claro, foi voltar ao tempo mesmo, só que de uma forma mais triste porque ver o que essa pandemia gerou foi muito angustiante pra todos, e, principalmente, pro nosso meio… amigos e artistas com depressão, inseguranças e incertezas foi algo bem difícil.
De todas as suas conquistas profissionais - passagens por grandes festivais, shows internacionais e lançamentos em labels renomadas -, conta pra gente quais eventos te marcaram?
De festival foi o BPM Festival México e Portugal 2015/2016, esse com certeza foi um dos grandes festivais que me marcou muito, até porque são mais de 200 artistas internacionais dos mais renomados como Solomun, Jamie Jones, Dubfire, Marco Carola, infinitos, né, haha, se começar a citar todos aqui devemos ficar até amanhã. Foi um festival foda, pensando no local na vibe, e ainda por cima o nosso set foi eleito um dos 5 sets mais fodas do festival inteiro, isso não tem preço, além de batalhar e conquistar o sonho, ser reconhecido vivendo e aproveitando o sonho é muito especial!
Agora sobre clubs, tem vários, cada um tem sua magia, mas um dos que mais me marcaram foi Privilège, os long sets infinitos, nos quais chegávamos as 5 da manhã e tinha fila esse horário, tocávamos até o começo da tarde, especial demais. Outro Club pra lá de especial foi o Warung Beach Club, um dos dias que ninguém imagina ter nada demais, nós fomos tocar lá e ficou completamente lotado, como já ficou em poucos pessoas, e lá a energia do público foi inesquecível. A D-edge é um lugar que me acompanhou e me acolheu desde o início e tenho um carinho enorme, e Club Vibe Curitiba também foi muito especial
Em relação a turnês internacionais, foi a de 2014 que fiquei um mês fora do Brasil, conhecemos vários lugares inesquecíveis, Egito, Alemanha, Inglaterra, Ucrânia, Rússia, tem mais alguns que me esqueci agora, mas lá era uma correria boa, além de conhecer nova cultura e novas pistas, ser reconhecido por pessoas de outros lugares do mundo é mágico, é algo que me motiva muito a viver, são essas experiências e oportunidades que valem todo o esforço, é isso que vamos levar daqui, bens materiais essas coisas são muito supérfluos, mas essas experiências fica pra sempre no coração e na memória.
Quais lançamentos foram os mais especiais da sua carreira?
Foram vários, mas lançar um álbum é um momento muito importante por pensar naquilo dentro do contexto ou criar um novo contexto pra criações funcionarem, esse sim é um dos marcos mais importantes de um artista
São quase dez anos de carreira… como enxerga sua evolução na cena eletrônica?
Quase 10 não, foram quase 10 como Dashdot, mas comecei a tocar em 2005, então foram 16 anos de carreira, uma boa jornada. A evolução é constante, cada ano que passa é algo novo, um novo desafio, uma nova surpresa, está aí a coisa boa do negócio, sempre inovar e tentar trazer algo que vai marcar uma época. O mais desafiador é se manter no mercado dentro do que você faz e do que você ama, acima de tudo, e não fazer algo que talvez não seja verdadeiro, pensando só em se vender ou se encaixar no que os outros querem de você.
Aliás, em todo esse tempo, o cenário nacional vem passando por grandes transformações também. Como você se adaptou a isso e como vê o futuro dos DJs e produtores brasileiros?
Acho que a resposta da pergunta anterior ajuda a responder essa, temos que nos renovar sempre, nos manter em movimento, nunca parar, porque a pausa pode ser dolorida! O que você faz hoje, você não colhe agora, e às vezes demora anos pra chegar. Claro que é importante ter tempo pra se inspirar se conectar consigo mesmo, nunca parar!
Com relação a cena brasileira, ela está crescendo muito, tem muita gente boa nesse mercado, cada vez mais. Mas a dica é: se dedique 100% ao seu sonho.
Você tem uma relação super bacana com sua família e com animais… são também sua inspiração?
Com certeza, esse é um dos pilares que eu tenho e acho que todos devem ter. Às vezes peco um pouco, me tranco muito no estúdio e não consigo dar a atenção que eu queria pra família, mas sempre que possível fico com eles, seja a geração mais velha de pai mãe e avós, como os mais novos da família, sobrinhos… na pandemia vim pra cidade onde eu nasci, Presidente Venceslau (SP). e foi muito bom pra me aproximar da minha família e me reconectar comigo mesmo, e como consequência me motivou a dar mais gás pra conseguir voltar a ter as conquistas que tive como Dashdot, só que agora como FFLORA.
Qual o planejamento para lançamentos e gigs nesse final de 2021 e começo de 2022?
Muita música, muito lançamento, tem muita coisa pra sair. O próximo é agora 1º de outubro, pela CONTROVERSIA, gravadora do Alok, que é uma sub label da Spinnin', um lançamento especial com os gringos Holophonic. Anotem aí que essa é especial e tem uma linha de som bem diferente!
Sobre os eventos a partir de dezembro/janeiro já estou com umas datas bem legais e com saudades de voltar pra estrada.
Quais seus desejos para o projeto FFLORA daqui pra frente?
Não digo nem desejo, digo comprometimento, é isso! 100% comprometimento FFLORA, fazer acontecer, a partir do comprometimento alcançamos os desejos. Através da minha música levar algo especial e marcar momentos especiais nas vidas das pessoas, deixar boas marcas através da música.