19 anos de carreira, Rock in Rio, novo EP e futuros trabalhos; entrevistamos Flow & Zeo
Que idade você tinha em 2001? Saiba que nessa época uma dupla do mundo eletrônico começava a se apresentar pelo país e a criar o que é hoje um “case de sucesso”. Marian Flow e Zeo Guinle, mais conhecidos apenas como Flow & Zeo, têm muito a comemorar nessa bagagem de quase 20 anos de carreira. Em suas apresentações, o duo incrivelmente consegue criar uma conexão perfeita com a pista, fazendo com que mais e mais pessoas rendam-se às suas sonoridades apaixonantes.
O momento na carreira atual é ótimo, a dupla tem grandes projetos pela frente e a sintonia entre o casal só aumenta. Após o recém-lançado EP Live for Life – na última sexta-feira (05) – e prestes a tocar na cidade maravilhosa em um evento da Cocada Tour, no próximo dia 13, os artistas tiraram um tempinho para falar com a gente sobre os próximos passos da carreira e ainda revisitaram o passado lembrando das pegadas que já deixaram nessa caminhada. O resultado desse bate-papo você confere abaixo:
Play BPM: Olá, Marian e Zeo. Muito obrigado por nos receber! Vocês já tocam juntos há quase 20 anos e hoje possuem um grupo fiel de seguidores. Chegar nessa identidade sonora foi um processo natural ou algo que vocês planejaram desde o princípio?
Flow & Zeo: Foi um processo natural. Ao longo desses anos, as sonoridades foram se transformando e a nossa evolução acompanhou este movimento. Nossas experiências e vivências durante esse período de quase 20 anos, seja nas pistas como espectadores ou DJ’s, no estúdio e na vida, lapidaram a nossa identidade sonora… Seguimos o nosso coração.
Play BPM: Além de DJs e produtores, vocês também comandam a Tropical Beats, gravadora que nasceu em 2008. Quais exatamente são os planos para o futuro do selo?
Flow & Zeo: Nossa proposta é lançar música eletrônica de qualidade, sem rótulos. Fechamos a distribuição com o time da alemã Get Physical Music que tem bastante expertise no assunto com 15 anos no mercado internacional. Planejamos em média 1 EP por mês e já temos fechado algumas músicas de artistas como o australiano Uone, a alemã Britta com o holandês Unders, o mexicano Jaen Paniagua, os brazucas TouchTalk, DJ Glen, Thomaz Krauze, Spuri, Art in Motion, Drunky Daniels, Korvo, Althoff, novos talentos como Maurat, Lucas Lima, nós e outros em andamento.
Play BPM: Outra frente que vocês lideram é a produção de festas. De alguma forma a realização de eventos como a noon, Level e Tasty mudaram a forma de como vocês enxergam o mercado?
Flow & Zeo: Ao longo da nossa carreira estivemos envolvidos na produção de eventos e para nós é importante fazer parte deste movimento. Buscamos propagar a música que acreditamos e abrir espaço para novos artistas. Toda essa troca de energia com o público e espírito agregador da cena é muito positiva, além do conhecimento e desenvolvimento do nosso lado empresarial.
A Level existe desde 2004 e passou por diversos locais do Rio como Oz Club, Patio Lounge, Fosfobox, MAM etc. A Tasty produzimos em parceria com Leo Janeiro e já trouxemos Seth Troxler, o saudoso Martin Dawson, 30/30 com Mau Mau & Noise celebrando 30 anos de carreira e Roland Leesker representando a tour Cocada do selo alemão Get Physical Music (que estamos fazendo novamente dia 13/04 no rooftop Orla 21 Club). Além destas, realizamos com parceiros o Raww Room Rio, Chemical Music Festival, Reveillon Casa Rio Me, a extinta festa Blend que trouxe Jamie Jones, Art Department, Deniz Kurtel e D.O.P. Live, entre outros.
Play BPM: Dentre as gigs internacionais de vocês, quais foram as apresentações mais inesquecíveis? Como vocês enxergam a conexão do público de forma com a música do Flow & Zeo?
Flow & Zeo: Em 2006 fizemos nossa primeira tour internacional. De lá para cá foram muitas experiências inesquecíveis, é difícil escolher mas podemos destacar a Love Parade em Essen – onde tocamos para mais de 1 milhão de pessoas, o Fusion Festival na base aérea de Rechlin-Larz – um dos festivais mais antigos, enraizado na cultura eletrônica da Alemanha, a festa da nossa gravadora no lendário Bar 25 em Berlin, a energia única do Subsonic Music Festival na Austrália e a vibração do Club Room no Chile.
Cada local tem sua particularidade e gosto musical. A conexão do público no exterior é generosa. Muitos conhecem nosso trabalho de estúdio mas não tiveram a oportunidade de nos ver tocando ao vivo, isso torna nossa apresentação uma surpresa para eles e ainda mais desafiadora e divertida para nós. Adoramos tocar para diferentes públicos e países. Em julho já estamos com uma nova tour agendada pelos Estados Unidos e em breve vamos divulgar as datas.
Play BPM: Falando em apresentações inesquecíveis, esse ano vocês voltam ao Rock in Rio. Depois dessa longa trajetória ainda existe aquele frio na barriga antes de subir ao palco? O que muda de uma edição para outra?
Flow & Zeo: Com certeza. Rock in Rio é sempre muito especial. Um festival que marcou a história dos nossos pais e que faz parte da nossa. Tivemos o prazer de nos apresentar em uma edição em Lisboa também e foi inesquecível. Para este ano estamos preparando uma apresentação diferenciada, com a participação da vocalista Mari-Anna nas nossas produções autorais em conjunto e uma intro com a Marian tocando guitarra. Já dá para sentir aquele friozinho na barriga.
Play BPM: Vocês acabaram de lançar um EP de remixes da Live for Life, assinado pela Austro Music. Podem nos contar um pouco mais sobre esse trabalho? Como foi o processo de escolha dos remixers?
Flow & Zeo: A Live for Life carrega uma densidade sonora que representa a intensidade em que vivemos nossas vidas, nosso cotidiano repleto de informações e surpresas. Produzimos essa música no nosso “Estúdio Árvore”, no Rio, e os vocais foram incorporados depois na história da música. Essa foi mais uma das nossas parcerias com a vocalista Mari-Anna, com quem temos cada vez mais afinidade nas criações.
É sempre um prazer trabalhar com o Mumbaata (Lennox – amigo de longa data – e Pedro Poyart), seja em colaborações ou em parcerias como esta. A interpretação deles para a faixa original ficou intensa, mais obscura e com muita energia. Um caminho um pouco diferente do que o duo costuma produzir. Está funcionando muito bem na pista.
O também casal Uncloak tem produzido músicas de alto nível. O remix deles ficou excelente, com uma pegada mais techno e texturas profundas. Este é o nosso primeiro trabalho em parceria e já queremos mais.
Coppola é o prodígio do techno nacional. Apadrinhado por ninguém menos que o consagrado Gui Boratto, em sua versão trouxe um clima melodic techno com excelente drive e construção de bateria dinâmica, mergulhado nas ambiências originais da música.
Play BPM: E o que mais vocês já podem adiantar sobre lançamentos futuros?
Flow & Zeo: No final de abril o sairá o EP Speechless pela Tropical Beats com três faixas originais e dois remixes. No segundo semestre terá um EP pela alemã Jannowitz Records, com remixes da Schwarze Katze. Também vamos produzir uma nova para o selo americano Proper House, além de termos outras ideias em andamento, como a produção do nosso primeiro álbum para celebrar 20 anos de carreira em 2020.
Play BPM: Para finalizar, uma pergunta pessoal: qual o maior objetivo de vocês dentro da música? Obrigado por falar com a gente!
Flow & Zeo: Emitir frequências positivas através do nosso som. Seja nas apresentações como DJ ou nas nossas criações em estúdio. Obrigado pela conversa!
Sobre o autor
Vitória Zane
Editora-chefe da Play BPM. Jornalista curiosa que ama escrever, conhecer histórias, descobrir festivais e ouvir música eletrônica <3