ENTREVISTADO #11: do House de Chicago até o Techno de Detroit, Vilela conta sua linha do tempo na música
Com grande influência cultural do Techno Europeu e do House Americano, Vilela é conhecido por suas clássicas combinações de timbres sonoros, tornando-se um artista único, autêntico e fiel às raízes do movimento da música eletrônica. Em meio ao caos batemos um papo exclusivo com o DJ e você confere abaixo:
Play BPM: E aí, Vilela! Tudo em ordem? Obrigada por ter aceito nosso convite em participar do quadro ENTREVISTADO. É um prazer ter você aqui conosco! Vamos ao que interessa: Qual seu nome completo, cidade natal e há quantos anos você é DJ e Produtor?
Vilela: O prazer é meu! Gostaria de agradecer a Play BPM e a Samantha pela oportunidade! Bom, meu nome é André Vilela, nasci em São Paulo (capital), sou amante da música na essência, DJ e Produtor Musical há 5 anos.
Play BPM: Notamos que o nome do seu projeto tem referência com o seu verdadeiro nome. Existe algum significado específico para você carregar “Vilela” como nome principal?
Vilela: Penso muito no médio/longo prazo e a intenção do nome, do projeto, e da marca “Vilela” foi criada para ser muito mais do que apenas um projeto passageiro. É o projeto que pretendo dedicar a minha vida toda a ele, que envolve minha paixão e o meu propósito nesse mundo – a música. No longo prazo desejo criar um forte multi-canal para minha marca desde estúdios, festas, selos, quem sabe até um clube ou um restaurante (risos), e não há melhor forma de expressar a minha visão e o meu conceito sobre a arte do que com meu próprio nome.
Play BPM: Quando e como surgiu essa vontade de ser DJ e Produtor? Você tem alguma referência dentro ou fora da cena que te inspirou a seguir nesse meio no início da carreira e que de alguma forma te inspiram até hoje?
Vilela: A história é bem engraçada (risos). Tinha por volta de 13 anos quando minha prima que tinha 16 anos estava naquela famosa fase de ir atras de um RG falso para poder entrar nas festas. Ela tinha um amigo que trabalhava no poupa-tempo de São Paulo e lá mesmo ele imprimiu as nossas “novas identidades”. No mesmo carnaval conheci o Sirena Maresias, a Anzuclub e desde então meu maior interesse foi a música. Depois disso não parei mais um final de semana. Já em relação a referências, tenho muitas… Cada artista me inspira de uma forma diferente. Presto muita atenção em artistas que possuem décadas de experiência, consistência e vivência. Me inspiro muito nos artistas que fazem um trabalho impecável para o seu produto como um todo, pensando em todos os detalhes, como por exemplo, o Dubfire e também o Eric Prydz. Admiro artistas com personalidade forte e que expressam seus conceitos e visões da música, do mercado e da arte em si, como por exemplo o Seth Troxler. Tenho grande interesse pela história e pelas carreiras das pessoas que são responsáveis por selos inovadores, como a Hot Creations do Jamie Jones. Fora isso, admiro muito as pessoas que fazem festas acontecerem mundialmente. Haja responsabilidade (risos).
Play BPM: Você acumula em seu currículo a grande experiência em ter sido alfabetizado no Estados Unidos. Qual foi o maior aprendizado que você teve fora do Brasil musicalmente falando?
Vilela: Acredito que o maior aprendizado que tive foi entender o conceito e a criação do seu “personagem” como artista. O mercado americano é muito competitivo e possui rankings como a Billboard onde a disputa é muito grande entre os artistas em si. Musicalmente tive a oportunidade de vivenciar tudo um pouco mais de perto, conhecer lugares e estudar a história de diversos estilos musicais em que o seu berço foi o Estados Unidos. Decidi ir mais afundo em aprender a história e principalmente entender a “linha do tempo” de como tudo aconteceu desde como o estilo foi criado, seus idealizadores, o seu desenvolvimento ao longo dos anos, até os dias de hoje. Aprendi sobre a forte cena da Black Music, do Hip-Hop ao Jazz de New Orleans, mas foi só quando eu descobri a música eletrônica, desde o House de Chicago até o Techno de Detroit que me percebi que esse era o “meu som”.
Play BPM: Pode nos contar um pouco mais de perto onde obteve seus ensinamentos referente a produção musical? O que você diria que mais aprendeu passando por todos esses lugares?
Vilela: Sou formado DJ/Produtor pela AIMEC Campinas, Produção Musical Avançada pela DJ BAN, Faculdade de Música na Belas Artes São Paulo e também tive a grande oportunidade de aprender sobre Mixagem e Masterização nas pistas 2 e 3 do renomeado club D-EDGE com o André Salata e no studio BOSSA do Renato Ratier. A produção musical acaba sendo um processo infinito de aprendizado… Sempre terá algo novo para aprender e melhorar. Acredito que todas pessoas envolvidas no meu aprendizado foram essenciais para o meu desenvolvimento como produtor. Tive a grande oportunidade de conhecer artistas e profissionais fantásticos e extremamente dedicados a arte onde tentei absorver como uma “esponja” o máximo de conhecimento de cada um.
Play BPM | Vilela1 destino dos sonhos: Praia do Naufrágio1 arrependimento de vida:“Quem não aprender pelo amor, aprende pela dor”. Já cometi vários erros, porém, todos serviram como lição e influenciaram quem eu sou hoje.1 momento inesquecível em sua carreira: Após mais de 10 versões, finalizar a primeira música que possuía a minha identidade estabelecida, e que também que considerei “perfeita” para meus ouvidos e critérios.1 momento inesquecível em sua vida pessoal: Viajar com a pessoa mais importante da minha vida, minha mãe.1 música que te inspira: Hungry For The Power – Jamie Jones Ridge Street Remix1 DJ: Richie Hawtin1 collab: Dubfire1 bebida: Jägermeister1 club/festa inesquecível: 1ª Edição da Time Warp Brasil
Play BPM: Em Março você lançou o tão esperado EP “Killer” em todas as plataformas digitais. Como foi o processo de criação e escolha das tracks para fazer parte do álbum?
Vilela: O “Killer EP” foi criado especialmente para a pista. O maior foco foi obter um grave forte e agressivo junto com uma boa ambientação. O EP que inicialmente era de duas faixas, ganhou uma terceira faixa, “Alarm”, que originalmente pertencia a outro álbum e foi inserida por possuir a exata identidade queria atribuir ao EP. A faixa possui timbres industriais e ao mesmo tempo é marcada por um piano que complementa a música. A primeira track do álbum, “Trava”, é a minha preferida e a que melhor representa essa ambientação que citei acima. Apesar do seu nome parecer estar em português, o vocal da música foi gravado em parceria com a Lidija, da Croácia, e o vocal ficou todo em Croata. Para finalizar, a segunda faixa do EP, “Love”, pensei em criar um groove mais dançante e ela se tornou a música mais “baile” do álbum enquanto as outras duas já são mais pancadas (risos).
Play BPM: Já que estamos falando em música, ouvimos a prévia da “Wild Lines” em parceria com o DJ e Produtor ZAC, no Warung Stay Home. Como foi o processo de criação da track?
Vilela: Logo quando conheci ZAC se identificamos muito por sermos obcecados por música e principalmente pela produção musical. Concordamos em tentar fazer um som juntos e ver o que saia e foi aí que começou a produção da track “Wild Lines”. A primeira track 100% analógica que produzi sem utilizar qualquer computador ou programa de produção musical, apenas sintetizadores, instrumentos, hardwares e mixers. Quando enviei a música para o ZAC ele se interessou no projeto, acrescentou suas ideias, sua identidade e juntos, finalizamos ela. É uma música que trouxe um sentimento e uma vibe muito diferenciada. Estamos apostando muito nela e ansiosos para ver ela nas pistas.
Play BPM: Recentemente você postou em seu Instagram uma sequência de prévias de algumas tracks que você está trabalhando. Qual é a sua expectativa para o lançamento em relação ao público?
Vilela: Tenho sempre como expectativa trazer o novo, a inovação. A ideia por trás dessa compilação foi selecionar as músicas que mais chamaram a atenção e se destacaram de alguma maneira. Um dos meus maiores focos é o desenvolvimento de uma identidade sonora única, original, e autentica. Acredito que a função de um bom DJ/Produtor vai além de apenas atender a expectativa do seu público. Um bom DJ/Produtor tem que surpreender e entregar o inesperado. Tenho me dedicado muito no estúdio principalmente na área de pesquisa para entregar o que há de melhor em âmbito nacional e internacional às minhas produções e diretamente para a pista.
Play BPM: Atualmente o meio mais viável de movimentar as redes sociais é por meio das transmissões ao vivo e das lives. Na sua opinião, é uma forma funcional de inovar? Você já se adaptou a esse novo formato?
Vilela: Num modo geral acredito que sim! Me adaptei assim que entendi que seria a única forma de estar mais perto do meu público enquanto vivermos essa pandemia. Tenho visto muitos produtores inovando, fazendo lives bem diferentes, naturais e descontraídas. Indo do sofá da sala até a cozinha e isso é muito interessante!
Play BPM: Estamos chegando ao fim da entrevista, por isso, voltando à música novamente, o que ela representa em sua vida?
Vilela: Na minha vida a música representa um mundo paralelo de infinitas possibilidades. É uma arte que não da para ser estudada em uma vida inteira, e se pensarmos a fundo, o objetivo final dela é tanto representar quanto despertar e provocar sentimentos, reações, alegria e paz para a vida das pessoas. Fico fascinado em saber como a música se estende desde a engenharia sonora, física, matemática, psicologia até a teoria musical e como o corpo humano reage com cada nota, frequência, escala, harmonia e melodia. Essa junção extremamente complexa que me faz ser apaixonado pela música. Parece um grande quebra-cabeça para resolver uma coisa: surpreender as pessoas, fazer elas se sentirem bem, dançar e colecionar esses momentos com quem elas mais gostam. Essa é uma pergunta que daria para escrever páginas e páginas, mas queria ressaltar que acredito que a música é um dos melhores remédios para o ser humano. Nesses tempos em que vivemos ficou mais do que claro que o papel da arte no geral faz diferença em nosso cotidiano. A música é algo que não saberia viver sem.