“Os brasileiros estão mandando muito bem”, afirmou Elekfantz em entrevista
Daniel Kuhnen e Leo Piovezani são os dois nomes que compõem o duo Elekfantz. A dupla teve também uma participação especial nas composições do produtor Gui Boratto.
Daniel nasceu e cresceu no templo da música eletrônica da América do Sul, para mais tarde tornar-se um DJ residente e herói local. Ele é conhecido como o cara certo para preparar a pista de dança, criar o o clima certo, e é um dos melhores DJs da nova onda eletrônica brasileira. Já Leo é um baterista profissional, cantor, e compositor desde os seus 15 anos de idade. Ele já tocou e gravou com alguns dos maiores artistas do Brasil, e conheceu Daniel há 20 anos, quando tocaram juntos em uma banda de blues.
Eu (Dani) descobri a música eletrônica quando fui pra Alemanha pela primeira vez. Eu ainda trabalhava com meus pais, e fui pra lá a trabalho. Isso foi em 1999, em Berlim, onde eu conheci grandes clubs clássicos. Foi uma imersão num mundo novo. Imagina, Floripa, 1999… Não existia música eletrônica como a gente conhece hoje aqui no Brasil. Quando eu voltei, trouxe muitos CDs e comecei a me interessar, e em 2002, abriu o Warung. Daí, eu comecei a ter perto de casa aquilo que eu tinha ouvido alguns anos antes em Berlim, e foi tudo muito intenso, porque eu comecei a ir sempre, e eu ainda não tocava, ia pra curtir, ver os DJs que só se via em revistas… Já com o Leo foi diferente; ele já veio da música. Ele estudava música e foi pra fora justamente pra estudar mais sobre o assunto – bateria, Jazz, etc. E eu (Dani) comecei a tocar mais ou menos por hobby. Sempre que rolava um after e o dono da casa, que era meu amigo, sumia, sobrava pra mim e eu acabava assumindo o som. Tinhas os discos, em vinil né, e sobrava pra eu tocar as músicas, não deixar parar pra não acabar a festa. Foi então que tudo começou para mim (Dani); foi daí que passei a sonhar em tocar no Warung pra viver daquilo. Esse convite surgiu rápido; foi depois de um ano que eu comecei a tocar, e depois disso me tornei residente. Já o Leo entrou na música eletrônica bem mais tarde. Nós já éramos amigos há 20 anos, mas fazia um tempo que não nos víamos. Tornamos a nos encontrar entre 2010 e 2011, quando ele estava começando a fazer um trabalho mais autoral, e se interessou pela música eletrônica; então, me procurou pra mostrar as músicas dele… E aí a gente decidiu trabalhar juntos!
A gente cresceu ouvindo rock, blues, jazz, bandas clássicas dos anos 70… E acabamos unindo um pouco disso tudo para criar o Elekfantz. Agora, deep house… não dá pra dizer que o nosso som é só nessa vertente. Nosso som tem muito techno, entre outras coisas que não se encaixam no deep house. Mas tem sim uma grande influência que parte disso.
Com certeza! O Gui é praticamente o terceiro Elekfantz. Ele acreditou no nosso som desde o inicio, investiu na gente, no nosso som, e investiu o tempo dele que é mais valioso do que qualquer outra coisa. Ele gostou da nossa música. Nos ajudou a lançar nossa primeira track, entre outras coisas; e com certeza tem muito dele no som do Elefantz. Na realidade, as composições começam comigo (Leo), e no final entra o Gui com o acabamento. Ele é basicamente o nosso produtor! E o Gui não é um daqueles produtores que fazem tudo – ele é um produtor à moda antiga. Ele é o decorador. É como se o eu(Leo) fosse o arquiteto, e ele o decorador. Eu (Leo) faço as composições, Dani arruma pra uma estrutura mais eletrônica, e o Gui decora o resultado final. É isso. Ele dá uma ajeitada quando a música já está quase pronta.
Foi legal pra caralho, porque nós pegamos um palco bem massa e nos surpreendemos bastante; não achávamos que teria tanta gente lá tão cedo assim. Acreditávamos que a galera estaria de ressaca, e o show fosse estar vazio… Mas felizmente isso não ocorreu; todo mundo foi lá nos ver. A nossa pista, quando tocamos, foi a segunda mais cheia depois da principal. Foi muito bom mesmo. Tinha gente pedindo música! Nós fomos recepcionamos por um público excepcional – mais do que nós pensávamos que pudesse ser.
Eu gosto de qualquer coisa. Os brasileiros estão mandando muito bem, e isso vale pra todo mundo – todos os estilos e vertentes! É um momento muito bom. Todos os nossos amigos estão arrebentando. Alok, Dazzo, o Lukas do Vintage, FTampa… Todo mundo! De vários estilos. O momento é muito bom, talvez o melhor, e o legal é que a galera está querendo voltar a estudar música. É um ótimo momento para compor, para criar uma identidade musical brasileira.
Wishfoi a mais importante, por ter sido a primeira, e também porquê eu (Leo) compus varias outras músicas a partir dela, seguindo mais ou menos a mesma linha, usando samples de 1950 do Muddy Waters; então o resultado foi muito legal, porque ninguém tinha feito um house usando esses samples ainda. Enfim, foi a primeira composição, e ninguém sabia quem era o Elekfantz. Quanto às músicas que mais gostamos, cada um tem o seu gosto. O Dani prefere a Cryptographic Love, que é uma música que tem tocado muito no Spotify, e eu (Leo) prefiro The Quiet Before the Storm. São músicas que nós nem estamos tocando mais em nossos shows, mas quem sabe em breve não voltamos a tocá-las!
A gente ta montando um show novo, além do disco novo, repertório novo, enfim… O show novo vai ser diferente. Vai ter um pra palcos maiores. São dois setups; o Dani vai começar a tocar alguma coisa ou outra, e eu (Leo) vou dividir mais tocando instrumentos e cantando. Talvez tocando algumas guitarras também. E isso é algo que já vem sendo planejado há dois anos, porque nós estamos tocando bastante pelo mundo, o que toma muito tempo… Então agora precisamos de um tempo pra ensaiar este show, arranjar este show, montar um palco, testar, etc. Mas as movimentações de preparação já começaram. Em paralelo, tem o nosso disco que já está pronto, e pensamos em entregá-lo no final do ano que vem. Ah, e vamos começar a produção de um outro disco também!