O relógio marcava 15h55 quando encontrei com Michael Calfan na casa onde os DJs ficam antes de se apresentarem no TomorrowWorld. Vestindo uma jaqueta marrom e um jeans, ele finalizava uma entrevista com outro veículo. Poucos minutos depois, me recebeu com um sorriso no rosto: “Você é do Brasil, certo? Que legal, amo este país!”
Ele parecia estar bem tranquilo – e eu também!
Então, eu comecei a fazer música em 2007, e o conheci em 2008. Eu fiz o meu primeiro disco pelo selo dele, e nós trabalhamos muito próximos por 3 ou 4 anos. Foi uma experiência muito boa para mim, pois aprendi muito sobre produção e sobre os ideais musicais dele. Foi uma experiência muito positiva.
Muitas coisas mudaram desde o Resurrection. O Axwell era o meu DJ favorito, e até hoje o acho muito bom; ele foi (e é) extremamente importante para mim. Eu fiz essa track durante o verão, e mandei pra ele, mas não para lançar por sua gravadora, e sim para pedir uma opinião porque eu o admirava muito. Ele curtiu e disse que ia tentar tocá-la… E o mais engraçado é que ele fez isso em um festival que eu estava! E estava lá na platéia mesmo, super normal. Quando ele começou a tocar minha música, eu surtei. Tentei até subir no palco para filmar, mas os seguranças me barraram dizendo que não podia… Eu tentei explicar que a música era minha, mas não adiantou muito (risos). Depois disso eu conversei com ele, e ele foi muito gente boa. Daí pra frente começamos a ficar mais amigos, cheguei a acompanhá-lo em turnês e tudo mais. Até que em 2013 eu comecei a tentar fazer algo novo, porque estava meio cansado de todo esse “BOOM BOOM BOOM”que se via em todos os cantos… Que não era muito minha vibe. Até quando eu estava me apresentando, eu não curtia muito tocar essas músicas. Então decidi fazer um novo projeto, independente, uma coisa mais relax, sabe? Todos os meus amigos elogiaram bastante o resultado, mas ainda era algo muito crú para se mostrar para o público. Então o que eu fiz foi pegar o antigo estilo de Michael Calfan e misturar com as minhas novas ideias. Eu gostei bastante, e foi uma coisa muito diferente do que estava fazendo sucesso em Paris. O que mais tomou meu tempo foi achar o balanceamento perfeito entre os estilos, mas felizmente, deu tudo certo no final. Eu sou um cara que curte tentar coisas novas.
Na verdade não foi muito difícil, porque eu estava numa vibe muito boa quando a fiz. Algumas pessoas dizem que para fazer um trabalho excepcional, você tem que estar em um momento ruim de sua vida, tipo de coração partido ou algo do gênero… Mas eu discordo completamente. Eu acho que é necessária uma vibe boa, pois isso transparece também no resultado final. Felicidade, amigos em volta, sua namorada… E foi meio bizarro também, porque eu queria fazer algo grande. Coloquei isso na minha cabeça. Só que, ao contrário do esperado, eu não estava nem um pouco nervoso; não teve stress. Fui simplesmente seguindo a minha onda e deu no que deu. A única parte difícil mesmo foi balancear os dois estilos, porque eu lancei essa track através do meu pseudônimo. Mas quando eu consegui, foi um grande sucesso. A track chegou até a ser a música mais baixada do iTunes no Reino Unido, o que é espetacular! Uma coisa que ajudou muito foi a grande quantidade de remixes que rolaram em cima dela. Tiveram tantos, de grandes nomes como Amine Edge… Isso ajudou bastante na hora de impulsionar a track para o sucesso.
Antes de mais nada, eu amo o Brasil. Já fui para lá quatro vezes, e simplesmente amo o país. O negócio é que, para tocar lá, você precisa ser relativamente grande. Quando eu fui, não era, e não tinha outros DJs me apoiando, o que dificultou as coisas. Mas agora que tenho o apoio necessário, pretendo ir tocar lá em breve. Quando estive lá, toquei no P12, e adorei a experiência. Já fui também como cliente, e fui tratado muito bem. Outro lugar que eu gostaria muito de tocar é no Cafe de La Musique. A vibe lá é muito boa, e o lugar tem muitas meninas lindas. O Brasil é um mercado extremamente promissor; todos os DJs estão surtando pelo público brasileiro, e correndo atrás para divulgar seus trabalhos por aqui. Eu acho que vou tocar no Tomorrowland Brasil! Não tenho certeza ainda, mas ficaria muito feliz se rolasse. O público brasileiro é sempre muito empolgante para qualquer artista, e eles amam tudo. Vocês têm uma energia verdadeiramente incomparável, e tocar lá é sempre inesquecível.
Eu ouço o meu iPod todos os dias no avião. Meu iPhone não tem muito espaço porque eu comprei o que tem menos memória… Uma decisão da qual me arrependo até hoje (risos). Eu adoro ouvir músicas francesas antigas, e num dia comum, eu sou um cara bem normal. Gosto de ficar em casa comendo sushi e assistindo NARCOS na Netflix. Eu adoro essa série! Moro com minha namorada há 7 anos; tinha 19 quando nos mudamos para o mesmo apartamento. Mas é basicamente isso, sou um cara bem simples, gosto de andar de skate, comer sushi, e ficar de bobeira em casa.
A possibilidade de tocar no Tomorrowland Brasil é algo que me deixa muito ansioso. Eu realmente espero ter essa oportunidade, e acho provável que aconteça! Tenho também uma nova track original, que será lançada no começo de outubro pela Spinnin’ Records. Estou muito satisfeito com essa, e espero que vocês também gostem! Recentemente, eu também remixei uma track do Major Lazer, Powerful, que me agradou muito. Ah, e uma para o Duke Dumont. Sou muito fã dele(s). Sabe aquela música, Ocean Drive? Então, foi essa! Fiquei muito feliz com o resultado, e a BBC1, estação de rádio britânica, já está tocando ela ocasionalmente por lá, então vamos começar a divulgação bem em breve!
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Entrevista: Victor FlosiTexto: Rodolfo ReisTradução: Felipe LoureiroSuporte: Felipe Capel