Conversamos com Jorn Heringa, o A&R da Spinnin’ Records durante o ADE 2017
Durante o Amsterdam Dance Event (ADE) no mês passado, tivemos a oportunidade de conversar com Jorn Heringa, o A&R (Artists & Repertoire) da label de música eletrônica Spinnin’ Records. para quem não sabe o A&R é quem escolhe os artistas que a label vai assinar, entre outras funções. Ele trabalha para o Spinnin’ Records há mais de 15 anos e viu muitos dos maiores artistas da indústria ao longo dos anos, como Martin Garrix, Afrojack, Nicky Romero e muito mais. Recentemente, a Spinnin’ Records iniciou um novo projeto chamado “Spinnin Next”, reunindo jovens artistas, apoiando ainda mais o crescimento da cena da música eletrônica.
Nós o entrevistamos durante a festa Spinnin’ Sessions no clube Air em Amsterdam, e conseguimos algumas informações sobre a indústria da música eletrônica e sobre esse novo projeto “Spinnin Next”. Este foi um momento muito especial para o Play BPM, pois ele raramente está aberto para entrevistas.
Confira!
Há 15 anos, quando comecei a trabalhar para a Spinnin’ Records, nós estávamos na maior parte do tempo procurando artistas. Hoje em dia, artistas nos procuram enviando suas músicas. Durante esta semana eu tive que ficar atento com tantas pessoas que me abordaram na rua (semana do ADE). Às vezes acontece de uma forma diferente, por indicação de alguém da cena, nossas conexões, e daí assinamos. Martin Garrix, por exemplo, foi assim. Fomos informados sobre ele por uma conexão primeiro e depois nos aproximamos dele para assinar.
O Spinnin’ Next é uma nova plataforma para englobar novos talentos, com DJs entre as idades de 16 e 21 anos, que estão prestes a avançar para a próxima geração de artistas de música eletrônica. Hoje são eles: Dante Klein (HOL), Dastic (HOL), Mesto (HOL), Mike Williams (HOL), Sophie Francis (HOL), Throttle (HOL) e Trobi (HOL). A composição do grupo mudará ao longo do tempo, dependendo da idade, níveis de carreira e novos artistas recém-descobertos.
Em primeiro lugar, esses artistas têm seus diferentes estilos e diferentes formas de produzir música. Normalmente eles produzem por conta própria, em seu próprio quarto. Eles têm muitas boas qualidades específicas, mas continuam fazendo o mesmo quando sozinhos.
Neste projeto, eles trabalham juntos e se inspiram o tempo todo, o que os faz criar melhores tracks. Além disso, é como uma equipe de futebol, onde você coloca os melhores jogadores juntos. Cada jogador jogará melhor do que ele normalmente joga sozinho. Na última festa da Spinnin’ Sessions, por exemplo, eles se juntaram no palco, o que criou uma certa química e um novo tipo de música. Muito legal.
Em segundo lugar, você o promove em uma nova plataforma, “Spinnin Next”, como um grupo de artistas. Algo que vai além de seus nomes de artistas individuais. Você apresenta os nomes de uma maneira diferente do que normalmente eles fazem. Ao fazer isso, você alcança mais pessoas do que você teria conseguido promovendo cada DJ sozinho.
Sim, hoje em dia, mais do que nunca, o marketing de uma track é uma parte importante para fazer o DJ crescer como artista. Os produtos de marketing são mais imprescindíveis do que nunca, mais populares do que determinados estilos no momento. Marshmello é um bom exemplo disso.
Em Ibiza, por exemplo, alugamos a casa e nos reunimos por uma semana. Eles trabalharam juntos em novas tracks e examinaram os trabalhos dos outros. Principalmente, esses jovens DJs não são tão bons em alguns aspectos, mas produzem, por exemplo. Damos atenção extra por lá.
Eu me aproximei dele algumas vezes para trabalhar juntos em novas tracks. Primeiro, porque gostei da sua música, mas também queria alcançar um novo mercado crescente: o Brasil. Depois de termos trabalhado juntos por algum tempo, produzimos ´Hear Me Now’. Essa música explodiu por todo mundo e agora Alok está tocando em inúmeros países.
Eu vejo ele crescer muito rápido, cada vez mais talentos estão aparecendo. No momento, também estamos trabalhando com Vintage Culture.
A combinação de boa música e uma boa atitude. Martin Garrix é um bom exemplo. Ele realmente sabia o que queria alcançar.
A cena aqui começou muito cedo, ou como dizemos em holandês. “Foi derramado nas pessoas com uma colher”. Desde a década de 90, tivemos alguns artistas inovadores como Tiesto, Ferry Corsten, Armin van Buuren, DJ Jean, Chocolate Puma, Feddle Le Grand, que abriram a cena para DJs holandeses. Desde então, os DJs estão se ajudando e apresentando outros DJs holandeses à indústria.
Além disso, a grande estação de rádio holandesa, Radio 538, teve uma grande influência ao tocar muita música eletrônica desde os anos 90, com o “smash de dance”, por exemplo (um programa semanal na Rádio 538). Outra coisa é a atitude: o artista holandês é mais sério com sua carreira. Eles têm uma visão do que querem alcançar e continuam focados nisso. Eles fazem festa, mas não se acabam em bebidas, sexo, drogas e rock and roll como DJs de outros países.
Nós fazemos isso! O melhor exemplo é Spinnin’ Deep com Deep House e Tech House. Mas a cena underground de Techno é um mundo totalmente diferente. Nós tentamos no passado uma vez, assinamos alguns DJs, criamos um sub-label chamada ‘Polyplay’, mas depois de 3 lançamentos percebemos que, embora realmente gostássemos do gênero, ele não se encaixava com a vibe da Spinnin’ Records!