Conversamos com Alexiz BcX, único brasileiro finalista do BURN Residency
Pra quem não conhece, o BURN Residencyé uma das maiores competições de DJs no planeta, e procura o melhor talento ainda não descoberto por vários países. A competição permite que os DJs dêem um salto na carreira ao colocar os 26 competidores finalistas em importantes palcos de cidade europeias. Durante a competição, os participantes passam por uma residência em Ibiza, meca da música eletrônica. Cada etapa da competição é avaliada por um painel de especialistas da indústria e DJs internacionais como: Carl Cox, Pete Tong, John Digweed, Maceo Plex, Steve Lawler, Luciano e Jamie Jones. Além da oportunidade de receber dicas de grandes nomes, o vencedor leva um contrato de 100 mil euros para investir em sua carreira.
A edição de 2017 contou com a participação de um brasileiro. Sim, o carioca Alexiz BcX representou o país lá em Ibiza! Tivemos o prazer de poder falar com ele sobre sua carreira e essa experiência única, que com certeza mudou sua vida! O brasileiro Alexandre Adriano aka Alexiz BcX foi um dos artistas que venceram a primeira e segunda etapas da final, e acabou ficando em oitavo lugar!
Nascido na cidade do Rio de Janeiro, seu amor pela música começou cedo, tocando em bandas de rock e grupos de MPB (música popular brasileira). Inspirado pelos artistas da cena do techno underground, Alexiz BcX procura levar para seus sets muitos swing com originalidade. Com muito Down Tempo, Techno melódico e Tech House, o DJ e produtor BcX viajou para a Europa em 2014 buscando novas tendências, timbres diferentes, com as portas abertas na França e na Dinamarca. Alexiz quer que sua audiência se envolva com a emoção de cada faixa, e dance muito, por isso também procura reforçar suas performances com faixas criadas por ele mesmo. Dessa forma, seu set se torna exclusivo, diferindo de outros DJs.
Se liga no papo que o Play BPM bateu com esse DJ e produtor:
Meu contato com a música eletrônica começou em 2008/09 mais ou menos quando eu voltava da escola e colocava em uma rádio pra ficar ouvindo durante a noite como lounge em casa. Sempre achei uma música muito elegante e diferente e me chamava bastante a atenção.
No momento um som mais para o techno melódico e ethereal. Me identifico bastante com a sonoridade que os produtores conseguem criar e as dimensões profundas, com as harmonias e timbres que se completam a todo instante em tracks com “Meanwhile in Rio” de N’to.
Busco referências em diversos projetos, mas em especial em nomes como Bedouin, BLANCAh & Stephan Bodzin
Tive diversos ensinamentos que vou levar pra minha carreira e pra minha vida pessoal pra sempre. Na competição eu aprendi primeiramente a competir, já que nunca fui um bom competidor. Aprendi a ver meu trabalho como uma empresa e que se eu quisesse que ela crescesse, eu tinha que me dedicar mais ao trabalho. Aprendi ainda que para ser um bom DJ é importante fazer networking, se dedicar as redes sociais e criar um projeto com personalidade.
Dificuldades foram muitas em diversas etapas da competição. Um DJ brasileiro, com pequenas / médias gigs locais no Rio de Janeiro, do nada vai parar no coração da música eletrônica disputando com artistas de mais de 15 anos de carreira na Europa, artistas com residência em clubs de conceito, tracks no top 20 do beatport, artistas com agenda lotada em todo mundo. Seria impossível não ter uma dificuldade a cada dia, mas todos tropeços serviram de calo para desafios maiores e todos os acertos serviram de incentivo para nunca pensar em desistir.
Durante a minha jornada pelo Burn Residency 2017 eu passei pelo Brasil, Espanha, Suíça e Rússia. E em todos os lugares onde passei eu fui super bem recebido e com muita expectativa pois eles gostam bastante dos brasileiros, o que me ajudou bastante nos quesitos de carisma e interação com o público.
Durante a competição nós tivemos a grande chance de conhecer diversos djs que são referência mundial, porém pra mim além de poder bater um papo frente a frente com nomes como: Pete Tong, Philipp Straub, Dixon, Nicole Moudaber, Seth Troxler, Carl Cox, Luciano, Mambo Brothers e muitos outros, acho que o melhor de tudo foi a minha aceitação maior com os djs nacionais, artistas como Léo Janeiro, Renato Ratier, BLANCAh, Amanda Chang. Todos estes eu já tinha muita admiração por seus trabalhos e depois do meu engajamento no programa eu pude conhecê-los melhor e receber dicas e tracks.
Vejo a música eletrônica aqui no meu país como uma criança que está se educando de pouco a pouco, e crescendo com muita responsabilidade. Somos uma comunidade pequena que a cada dia cresce mais. O mais legal de tudo é que somos unidos e assim dentro de alguns anos estaremos sendo tendência mundial, estaremos com mais clubs fazendo booking de artistas nacionais como headliners. Acredito que chegaremos lá.
A competição do Burn já é uma ajuda, pois quando a gente vê um amigo nosso postando uma foto ao lado de Carl Cox em Ibiza, pensamos que tudo pode ser possível. Mas fora a competição existem várias formas de desenvolver novos talentos como grandes marcas patrocinarem eventos locais com artistas em ascensão no mercado no line up. Artistas de mais nome poderem responder perguntas em redes sociais para esclarecer muitas dúvidas, collab tracks, competições de remixes. Labels grandes abrindo mais espaços para os produtores de menor porte, escolas de djs, ações nas ruas com djs pequenos e locais.
Espero continuar nesta rampa que estou andando em direção ao reconhecimento. Hoje graças a essa ação de BURN estou tendo mais gigs, estou melhorando em todos aspectos a minha visão como artista. Minha carreira hoje tem um plano de negócios com clareza e a minha produção musical está bem melhor.
Se liga no som desse cara! Para mais informações sobre ele, acesse: http://www.bcxlive.com.br/