Bigfett: conheça o jovem que conquistou gravadoras alemãs com seu Techno Melódico
Seis anos é medida de tempo que separou Davi Cardoso de seu altergo artístico batizado de Bigfett. Com apenas 22 anos, o artista pernambucano é um nome da novíssima geração que logo em seu prelúdio materializou feitos importantes, dando sinais de uma carreira promissora. No começo desse ano, encabeçou o lançamento da melódica "Memories of Dark Eyes" no V.A "Ethereal Techno 11", da alemã Steyoyoke e, logo em seguida, o EP "Forever Us", seu debut pela Inner Symphony, sublabel do selo anterior.
Trazendo perspectivas mais mentais que oscilam entre momentos sublimes e contemplativos com jornadas sombrias e densas, Davi transita pelo eixo do House Progressivo em sua versão mais dark, Techno e Melodic Techno e quer se tornar uma referência nacional nessas vertentes. Batemos um papo para saber mais sobre sua história e planos futuros. Vem ver!
Assista aqui ao live set de Bigfett.
Olá Davi, tudo bem? Obrigada por esse papo. Você vem de uma terra culturalmente rica e cheia de estímulos voltados à arte. Como foi que aconteceu o seu encontro com a música? O que tem no seu background?
Oi pessoal! Tudo certo. Primeiramente muito obrigado também por esse momento. Eu costumo dizer que na minha vida a música sempre esteve muito presente desde minha infância. Cresci em uma época em que os canais como MTV e Multishow eram muito fortes, e o Eletro Dance e Pop estava bem em alta. Então, isso certamente contribuiu para minha formação artística e gosto para o lado eletrônico.
Recife tem um cenário voltado à música eletrônica bastante consistente, sendo um dos principais centros a nível Nordeste. Como foi sua adolescência com esses estímulos? O que você viveu nessa cena que te impulsionou?
Aqui em Recife tivemos um grande crescimento da música eletrônica com festas e festivais importantes em minha adolescência. Durante os eventos em que comecei a frequentar, pude sentir toda aquela good vibe que me fez querer começar a tocar, mas principalmente produzir minhas próprias músicas.
Você começou cedo, mas não podia se desenvolver profissionalmente por conta da idade inferior a 18 anos, e aí, você estudou muito, como era essa fase da sua vida? O que você fez para se aprimorar?
Quando eu era menor de idade, eu fazia parte de uma dupla com meu irmão mais velho. Ele saía pra tocar e eu ficava em casa produzindo. Minha bússola do que funcionava nas pistas era ele e alguns amigos que já frequentavam festas. Nessa época, eu também procurava ver muitos sets para ter uma noção das tendências musicais fora do país. Então eu absorvia tudo isso juntamente com muito estudo em quesitos técnicos de produção musical.
House Progressivo, Dark House, Techno e Melodic Techno são as sonoridades que te inspiram enquanto artista. E quem são os nomes que te trouxeram esse conhecimento? Quem é referência para você aqui e fora?
Minhas referências estão sempre mudando. Afinal, somos seres humanos e estamos sempre em constante mudança, mas hoje posso dizer que nomes como Tale Of Us, Mathame, Binaryh e Vintage Culture têm sido de grande inspiração para mim.
Por muito tempo, o eletrônico esteve muito nichado no Brasil e hoje, finalmente, conseguimos perceber uma troca interestadual por aqui, ainda que seja algo bem inicial. Sendo da nova geração, como você percebe os desafios desse engessamento da cultura de pista em nosso país?
Acredito que nos últimos anos o Brasil tem-se tornado referência em quesitos artísticos na cena eletrônica mundial, porém, como esse estilo musical é algo “novo”, gêneros como Sertanejo, Forró, Funk e MPB são muito mais fortes. Isso acaba gerando um pouco de dificuldade para expansão de eventos eletrônicos maiores em nosso país, tendo em vista que a grande massa brasileira ainda não consome a música eletrônica na maior parte da sua rotina; portanto é nossa missão, como artistas, produtores de eventos, veículos de mídia e todos os players dessa cena, sempre educar e mostrar um pouquinho mais desse nosso universo para aqueles que estão à nossa volta.
Vamos falar um pouco da produção, você começou o ano com um lançamento importante na Steyoyoke Recordings. Como foi que isso aconteceu?
Desde o segundo semestre de 2021, eu já venho mudando minha sonoridade pra algo mais melódico. Enviei minhas demos pra algumas labels que eu achava que tinha potencial e dentre elas a Steyoyoke, que era uma label a qual eu já admirava há alguns anos.
Quando recebi a resposta fiquei sem reação, e logo assinamos a "Memories of Dark Eyes". Após um curto espaço de tempo, quando já me sentia à vontade com a label, enviei mais algumas demos que viemos assinar também para a sublabel Inner Symphony.
Logo em seguida veio o "Forever Us", pela Inner Symphony, mais um grande feito. Conte-nos um pouco sobre o que vamos encontrar nesse EP e quais são os diferenciais do seu som?
Esse EP foi bastante especial pra mim, pois, além da minha faixa original "Forever Us", tive um primeiro remix feito por outro produtor, Rustboy, a convite da label. As duas tracks se complementam bem em quesitos de atmosfera. Com uma sonoridade bastante intimista e etérea, exploramos bastante as melodias pro lado emocional.
A gente sabe que a carreira de DJ pode ter alguns desafios gerados pela vida noturna. Como você faz para manter seu foco e sua rotina?
A vida noturna nos traz uma sensação de ‘diversão’ o tempo todo, mas devemos lembrar que o palco, festas e eventos são consequências do nosso trabalho no estúdio. Não estou dizendo que não podemos curtir esses momentos, porém devemos ser organizados para que possamos ir mais longe ainda.
Eu costumo dizer que o sucesso é resultado de um bom planejamento. Em tudo na vida, devemos procurar formar nossas metas e prioridades em algum lugar, seja um caderno, um aplicativo; mas que possamos sempre visualizar e lembrar do porquê fazemos aquilo.
E os planos para 2022? Alguma novidade que você possa nos contar? Obrigada!
O que posso revelar no momento é que teremos muitas faixas pra esse ano, em labels ainda mais renomadas. Estarei trabalhando em alguns sets também para sempre trazer um gostinho das faixas autorais que estão por vir.
Obrigado pelo papo, pessoal! Todo sucesso a vocês!
Imagem de capa: divulgação.
Bigfett: Instagram | Soundcloud.