Com suportes de Michael Bibi e Carlo Lio, Class Sick comenta sua trajetória e seu repertório
De três anos para cá, Gabriel Régis vem atravessando o cenário com seu projeto Class Sick. Hoje aos 25 anos, pode parecer que ele escolheu este nome artístico como uma referência à palavra inglesa "classic", mas, na verdade, é uma referência a batidas que são, ao mesmo tempo, elegantes ("class") e iradas ("sick"). Tudo a ver com os sons que ele têm jogado para o mundo.
Um deles é "Freak Like Me", track que, embora ainda não tenha sido lançada oficialmente, caiu nas mãos de Michael Bibi (vídeo) e Carlo Lio, grandes expoentes do Tech House internacional que tocaram a faixa ao vivo em Ibiza e no Canadá. Assim, o DJ e produtor capixaba tem ainda mais validação de que está no caminho certo.
Por falar em caminho certo, mais novidades vêm aí; daqui a alguns dias Class Sick passa a fazer parte de um time fuderoso de artistas no novo compilado da CUFF, "This Is Cuff Vol. 4". "I Want You", produzida em parceria com STUFFI, é o mais novo reforço à sua assinatura sonora, que se ampara em um Tech minimalista, chique e urbano. Conversamos com ele.
Oi, Gabriel! Por que a música eletrônica? Como começou essa jornada?
Nasci em Vitória, mas cresci no interior do ES, em Linhares. Aos 16 anos comecei a me interessar por música eletrônica através de artistas como Skrillex e Vegas e cheguei a fazer alguns experimentos no FL Studio. Larguei o hobby para estudar para passar para Medicina. Em 2018 me mudei para fazer faculdade; Vintage, Felguk, Illusionize e Gabe eram o que eu mais curtia ouvir e eu ia frequentemente no TORO Club ouvir os sons que me levariam a começar na música eletrônica como profissão.
É sempre assim… a energia das pistas da música eletrônica mudam a gente…
Sim, me inspira muito poder criar momentos, nossa profissão se baseia nisso, eu acredito. É como em um filme: quando acontece algo impactante, tem que ter uma trilha sonora rolando pra te fazer sentir mais. Nos clubs é isso; ver o que a galera está vivendo naquela pista e colaborar pra que aquilo se torne inesquecível. A música está na minha vida a muito tempo, eu realmente não sei o que faria se não fosse ela. Provavelmente nada (haha). Viver disso é um plus!
2019 foi a virada de chave, certo? Como foi essa vivência?
Sim! Tranquei a faculdade para focar nisso e fiz uma festa na minha cidade com o Wild Cap como headliner – até hoje ele me apoia muito. Nessa mesma época comecei a ouvir muito os caras da Solid Grooves (principalmente o Bibi e o Pawsa) e decidi que era isso que eu queria apresentar pra galera aqui no Brasil, um som dançante e elegante ao mesmo tempo. Mal sabia eu que vários artistas no Brasil também pensavam o mesmo que eu, e que aqueles caras lá de Londres seriam o que são hoje, difusores de um estilo tão diferente do que rolava no mundo.
Saquei… e hoje, então, pistas fervendo?
Atualmente atuo como residente na TORO Club, que é o principal club underground aqui do estado e onde eu comecei a curtir a noite mais profundamente. Sou residente também de uma nova Label Party em Cuiabá, a Cat City. Fizemos o primeiro evento recenetmente, em um hangar, e foi bem bacana.
Essa conexão com o público é o maior combustível, né?
Pretendo fazer as pessoas se divertirem um pouco. Dançar, rir, beber, se abraçar, se beijar… acredito que isso é essencial hoje em dia, criar conexões com outras pessoas e ficar um pouco alheio a tudo que está rolando no mundo ou simplesmente tirar um pouco a rotina e as preocupações da cabeça. Quero simplesmente colaborar para que esses momentos sejam realmente bons e memoráveis, e inspirar essas pessoas.
E no seu dia a dia de pesquisa, o que geralmente chama a sua atenção?
Por incrível que pareça, mesmo que minhas influências maiores sejam o Michael Bibi, Pawsa e Jamie Jones, me inspira principalmente música brasileira e música, de certa forma, experimental… Mac Miller, Tyler the Creator, Kendrick Lamar, Jacob Collier são caras que colaboram pra evolução da música, gosto muito, porque criam novas possibilidades. É uma música do futuro. Mas claro, o passado também é muito importante. É a base. Jazz e blues, por exemplo, são gêneros que sempre ouço em momentos específicos. As escalas menores têm algo especial. Atualmente tenho escutado muito o Leo Pol e o house francês mais acelerado, além do estilo do Wheats e do Rich Nxt, uma parada meio futurista. Por fim, acredito muito no som da CUFF hoje, que é recheada de bons artistas brasileiros que preservam o estilo de rua do House.
A predominância do seu som, entretanto, é Tech House, certo? Como você se define, aliás?
Não acredito muito em gêneros musicais, procuro nos meus sets algo que tenha um bom groove na bateria e no baixo, e melodias de sintetizadores com acordes puxando pro Micro House. Predominantemente toco Minimal/Deep Tech, Tech house e o Gangsta House, quando necessário, como nessa track para a CUFF, "I Want You".
Tem alguma track sua que tem um significado especial pra você?
"Halfway to Nowhere", acho que é meu trabalho mais artístico, peguei o tema da banda Chelou. Pra mim soa como um canto ao grande caminho da vida. Fiz a arte da capa com tinta acrílica em tela, fiz alguns riffs de guitarra para acrescentar ao tema e tentei trabalhar o background da track pra simbolizar o cotidiano. A track começa com pássaros cantando de fundo e evolui para carros e trânsito, lembra a rotina de muita gente.
Imagem de capa: divulgação.