Mesma energia e carisma, mas em carreira solo: Jeffrey Sutorius conta mais sobre sua nova jornada longe do Dash Berlin
Jeffrey Sutorius: talvez você não reconheça esse nome facilmente. Porém, ele foi a figura principal por trás de um dos maiores projetos de Trance dos últimos tempos, o Dash Berlin. O revigorado e premiado DJ e produtor tem o dom inato de transmitir uma energia incomparável através de seus sets, cativando uma legião de fãs que o apoiam e permanecem fiéis mesmo após o início de sua carreira solo.
Criado em uma família apaixonada pela música, Jeffrey carrega consigo uma sequência de oito anos consecutivos no Top 20 do famoso ranking da DJ Mag sob nome artístico de Dash Berlin, tornando-se um dos mais populares DJs do planeta, principalmente ao alcançar a 7ª colocação da lista em 2012.
Após uma conturbada gestão em sua carreira, Jeffrey foi diagnosticado com burnout em 2018 devido a sua rigorosa agenda de turnês e processos judiciais envolvendo os outros dois integrantes do Dash Berlin (Sebastiaan Molijn e Eelke Kalberg), que o fizeram perder os direitos de usar o nome da marca, conforme havíamos publicado. Apesar disso, o DJ recuperou-se após tirar um tempo “off” e resolveu se aventurar na carreira solo, atingindo o 52º lugar no Top 100 da DJ Mag no mesmo ano, além de encabeçar grandes festivais como o Ultra, EDC, Sensation, AMF e A State Of Trance nos anos seguintes.
Em 2021, com uma agenda recheada de shows pelo continente asiático e nos EUA e Canadá; além de uma sequência de sete lançamentos pela Revealed Recordings, Maxximize e BODYWRMR (sua própria label), Jeffrey Sutorius demonstra não se abalar pelos problemas passados e conta com o apoio genuíno de seus fãs na construção e evolução de sua identidade particular.
Sempre carismático e sincero, batemos um papo exclusivo com o holandês sobre carreira, sonoridade, lançamentos, agenda de shows e sua relação com o Brasil. Confira abaixo:
Olá, Jeffrey. É um prazer conversar contigo! Sabemos que você tem um passado bastante influenciado musicalmente pela sua família. Há quanto tempo você se envolve com a música e quando percebeu que a música eletrônica era o caminho que desejava seguir?
Obrigado por me receberem, o prazer é meu! Comecei com a música como hobby por volta da idade de 13/14 anos. Eu realmente sabia que queria estar envolvido com música e especialmente Dance Music quando tive a oportunidade de trabalhar em uma loja de discos (BPM Dance) por volta de 2001.
Durante a quarentena você demonstrou ao público seu lado mais eclético, fazendo livestreams e tocando diversas vertentes da Dance Music, aumentando ainda mais sua comunidade de fãs. O que você costuma escutar quando não está nos shows?
Eu adorava fazer as livestreams diárias, e recebo uma calorosa reação sobre elas. Isso mostra como é importante permanecer conectado com meus fãs e perceber que estamos todos na mesma situação no mundo. As streams diárias mantiveram os olhos longe do negativo, tentando formar algo positivo, conectando pessoas de todo o mundo. Além da turnê, estou trabalhando em música nova, trabalhando no meu programa de rádio ou focado na minha gravadora BODYWRMR.
Você foi um dos primeiros artistas do mundo a se apresentar presencialmente no início do ano passado com sua turnê pela China. Como foi a experiência de ter o privilégio de reabrir as pistas após tanto tempo sem shows ao vivo?
Eu me considero muito sortudo com todas as oportunidades. Compartilhando novas memórias e emoções que são muito fortes porque muitas pessoas ficaram enclausuradas. Meus shows sempre foram uma montanha-russa de emoções, mas agora mais do que nunca.
Você costuma dizer que produz EDM, ou “Emotional Dance Music”. Com a mudança de projeto, você pretende manter a mesma sonoridade voltada para o Trance que representava, ou não irá se prender a rótulos?
Não quero "revelar" demais, mas estou praticamente pronto para lançar meu novo álbum em breve. Este será o modelo do meu novo som e também o reembarque da minha viagem musical. Estou MUITO animado com ele e mal posso esperar para compartilhá-lo com fãs, amigos e com o resto do mundo!
Quais são seus objetivos para sua carreira solo no momento? Que tipo de conquistas você almeja realizar num futuro próximo?
Meus principais objetivos são reconectar-me com os fãs em shows no mundo todo e lançar novas músicas na Revealed Recordings e na minha própria gravadora BODYWRMR. Também, ajudar os novos nomes a florescer usando a BODYWRMR como um recurso para mostrar o seu talento.
Já que citou sua gravadora lançada em 2019, a BODYWRMR, quais seus planos para o futuro com ela? Tem planejado lançar novos artistas na cena?
Minha própria label é o local de nascimento de várias experiências musicais (como o Jeff Bounce) e uma plataforma para mostrar talentos novos e emergentes de todo o mundo. Temos lançamentos realmente legais planejados na BODYWRMR, o que definitivamente fará com que valha a pena manter seus olhos (e ouvidos!) ligados.
É verdade que você já tocou no Loveparade e na Defqon.1 em sua jornada dentro da música eletrônica? Conta um pouco mais sobre isso pra gente!
Toquei no Love Parade em 1999 e 2000, dos quais o de 1999 foi um dos mais movimentados de todos os tempos (1,5 milhões de visitantes). E tocar também na Defqon 1 foi uma experiência que nunca esquecerei! Toquei em várias edições na sua sede de origem em 'Almeerderstrand', em vários stages. Isso me ajudou a encontrar meu estilo, minha visão musical e me ajudou a permanecer aberto e atento a diferentes gêneros musicais. Conheci muitos grandes amigos e colegas respeitados tanto na Love Parade quanto na Defqon 1 desde essa época, algo que guardo no meu coração.
Durante esses anos de carreira solo você já fez apresentações históricas, como fechar o Mainstage do Ultra Europa, na Croácia, após o set de Swedish House Mafia. Como foi a experiência e o que significou para você esse momento?
Encerrar um festival, e especialmente um como o Ultra Europe, é divino. Não há maior importância do que "fechar em estilo" enviando as pessoas para casa depois de um fim de semana fantástico, olhando para trás com ainda mais alegria nos corações só por causa daquele último especial. Eu levo esta tarefa muito a sério desde o primeiro dia. AMO quando a noite se transforma em dia, é um momento mágico!
O Ultra Music Festival parece ter uma relevância muito importante para sua carreira, seja convidando-o para tocar com seu projeto antigo durante vários anos ou ao retornar aos palcos como Jeffrey Sutorius. Qual a importância do festival na sua vida e como se deu essa conexão íntima?
É tudo sobre a música e a verdadeira conexão com os fãs. Festivais como o Ultra veem a importância de se focar em fortes line-ups com artistas atraentes. Eu sou um desses poucos sortudos e tento dar o meu melhor sempre que posso.
Na parte da produção, o que podemos esperar de Jeffrey Sutorius em 2022?
Um novo álbum chamado "APART TOGETHER" no início deste ano, combinado com uma turnê do mesmo.
Após sua passagem inesquecível pelo Ultra Brasil 2016, você fez o coração de muitos fãs por aqui! Qual sua relação com o público brasileiro e quais seus planos para retornar pra cá?
Foi um evento tão incrível! Os festivaleiros brasileiros são conhecidos por sua paixão e dão uma energia muito real que quase se pode sentir durante o espetáculo. É muito especial! Mal posso esperar para fazermos novas memórias juntos!
Sobre o autor
Caio Pamponét
Graduando em jornalismo pela UFBA e Redator da Play BPM. Um apaixonado por música desde a infância que cultiva o sonho de viajar pelo mundo fazendo o que ama e conhecendo novas culturas. Com um desejo inerente de fomentar a cena eletrônica de sua terra - Salvador, BA, Caio Pamponét respira os mais diversos BPM's e faz da música o seu combustível diário.