Bruce Leroys fala sobre o conceito de música dançante e adianta planos para 2021
Qual a sensação que te ocorre ao ler a expressão “música dançante”? A primeira delas provavelmente pode ser a saudade, sensação essa que vem seguida da nostalgia do que vivemos no passado. Dias de movimento, liberdade e interação. Com a chegada de 2021, chega também a esperança de dias melhores. A decisão de falar disso no começo desse texto é pelo fato de que a dupla entrevistada utiliza essa expressão há tempos, mas parece que ela veio a calhar para conectar quem nos lê neste exato momento.
O projeto carioca Bruce Leroys, formado por Diego Vaille e Marcelo Abreu, já tem uma longa história com a música e essa mistura boa entre os sons de pista e outras camadas sonoras. Quando entram em ação, seu objetivo principal é simples, porém, muito nobre: fazer as pessoas dançarem e proporcionar momentos de leveza, alegria e celebração. Em um ano onde praticamente tudo foi diferente sobre a música dançante, conversamos com eles para entender essa travessia, os planos futuros e o que eles pensam sobre o cenário em sua cidade.
Play BPM: Olá pessoal, tudo bem? Vamos começar falando sobre esse termo: música dançante. Notamos que vocês preferem usá-lo ao invés de música eletrônica… podem nos falar um pouco melhor sobre o estigma que vocês enxergam dentro do nosso mercado? Bruce Leroys: Acho que o nome música eletrônica não explica muito bem o que fazemos, muitas vezes nem é tão eletrônica assim… mas nunca deixa de ser dançante. Como o que fazemos nem é tão popular no Brasil, nem em nenhum lugar no mundo, preferimos não falar música eletrônica. Existe uma certa imagem do que é música eletrônica pro grande público e a gente foge um pouco desse estereótipo. Nada contra, apenas não nos identificamos muito com o que rola atualmente dentro desse imaginário,
Play BPM: E como foi para vocês o processo de fazer/viver música dançante em um ano em que não foi possível dançar livremente? Bruce Leroys: Nós buscamos manter o trabalho em dia, evoluir no estúdio, projetar nosso selo. Nós também lançamos um programa de rádio, melhoramos nosso jogo dentro de casa, nos preparamos para a volta dos eventos. É uma construção…
Play BPM: O Rio de Janeiro tem uma herança cultural vasta e plural, mas percebemos que os sons de pista não germinam tão bem como em outros locais. Como vocês estão no circuito há muitos anos, com certeza já observaram ciclos na cidade. Por que vocês acham que isso acontece? Bruce Leroys: Achamos que além da grande concorrência de outros estilos de músicas para dançar, há um vácuo de presença nas mídias, há também um vácuo de músicas cantadas em português e, obviamente, uma certa vontade dos players em permanecer “underground”.
Play BPM: De alguns anos para cá, a cena carioca deu suspiros e se mostrou mais viva através do Disco, Boogie, House e claro, brasilidades. Vocês concordam? Como vocês enxergam o movimento por aí? Bruce Leroys: Acho que os artistas da música dançante estão procurando uma linguagem originalmente brasileira sem cair nos clichês, isso é um processo, acho que alguns artistas conseguiram dar bons passos pra frente, tais como o Nu Azeite, o Fatnotronic e humildemente, a gente. Todos estamos buscando esse caminho. Pode ser que ainda falte um pouco pra esse trabalho amadurecer e alcançar o grande público, mas ele, inevitavelmente, vai acontecer em algum momento do futuro próximo.
Play BPM: Falando em remixes, em breve vocês receberão um do Art Of Tones para a faixa “Tempo”. Nos conte melhor sobre essa conexão e como aconteceu? Bruce Leroys: O Art of Tones é um dos caras que mais admiramos nessa onda disco/boogie/house, começamos a falar sobre o nosso projeto com ele, ele curtiu a faixa original, fizemos o convite para ele remixar o 001 do selo e ele aceitou. Portanto, já adiantando, em fevereiro saímos com a faixa Tempo remixada pelo Art of Tones e mais outras novidades…
Play BPM: E mesmo diante de um cenário ainda turvo por conta da pandemia, quais são os planos futuros do projeto Bruce Leroys? Bruce Leroys: Produzir mais música, investir no selo, ocupar os espaços que falam com o público que buscamos, enfim, trabalhar, trabalhar, trabalhar! Não conhecemos outra maneira. Desejamos um Feliz 2021 para todos os nossos fãs, amigos e pessoas da nossa cena, vocês são heróis, sobreviveram e merecem comemorar juntos em 2021, de preferência naquela maravilhosa aglomeração. Enquanto a vacina não chega, cuidem-se, usem máscara e lavem as mãos! Estamos juntos e até breve!