Do deep ao afro: como Soldera se firmou como um dos mais representativos DJs do Brasil
Foi em 2011 que Rogério Soldera começou pra valer sua carreira no cenário musical. E que carreira! Nesses 12 anos, o DJ e produtor se consolidou como figura chave da cena house/techno brasileira.
Talentoso, camaleônico e teimoso — no sentido de insistir em remar contra a maré e fazer o que o coração manda, o que o levou a liderar movimentos relevantes —, o paulista natural de Vinhedo começou a se projetar nacionalmente quando assumiu a residência do histórico Anzuclub, em Itu/SP.
Lá, além de ter se desenvolvido como DJ, abrindo para nomes que iam de Alesso e Alok a Gui Boratto e Solomun, ele criou a famosa festa Pistinha, que ajudou a difundir o deep house de nomes como Adriatique, HOSH, Jamie Jones e Lee Foss no Brasil, em um momento em que só se falava em EDM. Com isso, ajudou a influenciar toda uma nova geração de fãs e artistas de dance music no país.
Ao longo de oito anos, Soldera vestiu a camisa do Anzu com tanta raça que foi essencial para consagrá-lo como um dos 20 clubes mais populares do mundo — em 2014, a casa ficou na 19ª posição no Top 100 da DJ Mag, e o trabalho dele foi reconhecido pela equipe da revista britânica.
Na crista da onda, Rogério passou a integrar os lineups dos principais clubes e eventos do país, como Greenvalley, Warung, El Fortin, Club 88 (onde também liderou uma importante residência mensal), Tomorrowland, XXXperience, Electric Zoo, Tribe e Federal Music — além de label parties como Warung Tour SP e FewBeats, que importaram atrações do calibre de Art Department, Anabel Englund, Danny Daze, Hot Natured, Karmon, Lee Foss e Patrick Topping à Fazenda Santa Bárbara.
Depois de experimentar com diversas vertentes de house e techno — mas sempre tendo nas melodias o seu carro-chefe —, viveu um dos seus pontos mais altos em 2019, quando emplacou músicas por selos como a holandesa Armada Music, de Armin van Buuren, e a italiana Flashmob Records; fundou seu próprio selo (Black Belt Department); ganhou um episódio incrível no projeto audiovisual Soundscape, gravado em um castelo de sua cidade natal; bateu a marca de dez aparições na XXX, com direito a transmissão ao vivo pelo gigante canal de streaming global Be-at.tv; e passou a ser agenciado pela Box Talents, de Alok.
Com a pandemia, passou a focar seus estudos e esforços no afro house — estilo com o qual já vinha namorando desde 2015, quando conheceu o som de Black Coffee em Ibiza. A partir de 2020, portanto, o produtor paulista se reinventou mais uma vez, não demorando a ter o seu trabalho reconhecido internacionalmente e, de quebra, ajudou a difundir mais uma onda no Brasil.
Da nova década em diante, o DJ tem se destacado através de lançamentos por selos como MoBlack (maior referência mundial de afro house), Aluku Records, Sneja e Dawn Patrol, ganhando o suporte de pesos pesados da cena internacional como Apache, Arodes, AWEN, Bedouin, Keinemusik, Klement Bonelli e Pippi Ciez.
Em 2023, vive nova grande fase. Conquistou a 16ª posição no chart de afro house do Beatport com "Cohiba" (Wired Music), colaborou com cantores africanos como Sazi Cele e Tázia Farrão, ajudou a impulsionar novos talentos, como o duo Feels Apart, curtiu turnês como headliner no Chile e na Argentina (onde tocou em dois afters de Hernán Cattáneo) e, mais uma vez, imprimiu uma performance de destaque no Union Stage, da XXXperience.
Seu último release também promete muito. Através da MoBlack, o EP "Baianá & Baião" chega nesta sexta-feira, (29), com dois remixes super originais para "Baianá" e "Baião Destemperado", clássicos do famoso grupo brasileiro de percussão corporal Barbatuques.
Pelas redes, já é possível ver alguns vídeos que viralizaram com a sua "Baianá" fervendo pistas de dança na Grécia e em outros lugares do planeta, pelas mãos do Keinemusik.
Sempre se reinventando e insistindo em buscar novas tendências que falem diretamente com a sua alma, Soldera sobrevive aos desafios do tempo e se coloca, cada vez mais, como um dos maiores, mais completos e destacados DJs do seu país.