A ciência por trás do som: por que gostamos tanto de música eletrônica?
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Se a música não afetasse diretamente o corpo e as emoções humanas, provavelmente nunca teria sido criada. É comprovado cientificamente que ela pode ajudar a tratar condições psicológicas e físicas. Mas por que será que gostamos tanto de música eletrônica? Melodias? Ritmo? Graves? A ciência explica:
Ritmo e tempo como base da conexão emocional
A música eletrônica nasceu no final da década de 1970 e se desenvolveu em muitos gêneros com uma variedade de ritmos, humores e tempos. Em geral, o ritmo médio da Dance Music é de 120 bpm (batidas por minuto). Não se sabe se muitos DJs escolheram esse ritmo por acaso ou se essa velocidade foi mais bem “sentida”, mas esse BPM tem explicações médicas racionais. O fato é que 120 bpm's é a taxa média de batimentos cardíacos humanos em uma atividade física de nível médio, o que corresponde à dança.
O ritmo energético constante aliado ao apego emocional à faixa pode criar sensações de vigor e até mesmo de euforia. Isso é conseguido com a liberação de uma grande quantidade de dopamina - os hormônios da alegria. Os aumentos e as quedas dele amplificam o efeito eufórico. As pessoas criam uma expectativa no build-up da track para experimentar emoções positivas e ter uma certa sensação de alívio quando a melodia familiar da faixa retorna no drop. A combinação do vigor da antecipação e do relaxamento que uma pessoa certamente desejará repetir é o que muitos pesquisadores de música acreditam ser um dos motivos pelos quais a música eletrônica é tão popular em todo o mundo.
Os efeitos das basslines no corpo e na mente
Outro componente importante da música eletrônica é, obviamente, o grave. Basslines potentes, especialmente em drops, podem provocar um grito entusiasmado do ouvinte, mesmo com fones de ouvido em casa. Estudos mostram que o corpo humano reage ao grave não apenas por meio da audição, mas também por meio de vibrações. Ouvir e entender todo o quadro musical das tracks de música eletrônica é mais do que apenas uma questão de audição, você literalmente sente isso com todo o seu corpo.
Esse efeito é especialmente perceptível em shows ao vivo, quando você sente a música vibrar em todo o seu corpo. Se você já foi a um grande festival, sabe exatamente do que estamos falando.
Um senso de pertencimento e pessoas com a mesma opinião
A vibe da maioria dos gêneros de música eletrônica é extremamente positiva. Não é o tipo de música que você ouve para relaxar ou pensar. Esse é o tipo de música que você ouve para ficar animado e se divertir. E é fácil encontrar companheiros amigáveis em um ambiente como esse. De acordo com muitas pesquisas sociais, uma das impressões mais vívidas da vida das pessoas é se lembrar de shows e festas onde foram com outras pessoas, dançaram e se divertiram juntas.
Esse momento também tem um fundo histórico-cultural milenar. A dança coletiva faz parte da cultura humana e é um elemento sagrado das práticas espirituais e religiosas. A única diferença é que, no mundo moderno, a dança coletiva não é necessariamente uma dança de roda ao redor do fogo.
Na psicologia, existe um termo chamado "crowd effect" (ou “efeito multidão”). Isso ocorre quando as limitações internas exibidas pela psique se enfraquecem, ou seja, uma pessoa em um grupo pode relaxar e se entregar completamente às emoções sem se preocupar com sua aparência ou com o que os outros possam pensar dela.
O estado de 'flow'
Mihaly Csikszentmihalyi é o autor do termo “flow”. Nesse estado, a pessoa fica completamente imersa no que está fazendo, perde a noção do tempo e se esquece de todas as outras preocupações. A música dançante adota essa definição da melhor maneira possível. Afinal, cada um de nós que está em um show, em algum momento, percebe que não sabe quanto tempo se passou desde o início e quanto tempo tudo vai durar.
Esse estado é alcançado por meio da concentração total no que está acontecendo. Graças às suas faixas, que geralmente crescem até o tão esperado drop, a música eletrônica faz um ótimo trabalho com isso. Os DJs sempre usam essa técnica para manter o público energizado e ansioso.
Com a música eletrônica, é impossível não se mexer
É impossível não se mexer com a dance music, e isso não é um exagero, mas um fato cientificamente comprovado. Ao mesmo tempo, a música eletrônica funciona tanto para os fãs do gênero quanto para aqueles que não tem costume de escutar. Foi possível saber disso graças a pesquisadores da Noruega. O professor de tecnologia musical Alexander Refsuma Jensenius e seus colegas foram os primeiros no mundo a estudar os micro-movimentos que involuntariamente fazem uma pessoa ouvir música.
No estudo, os participantes tinham que ficar em pé o maior tempo possível sem se mover, ouvindo melodias de diferentes tipos. Descobriu-se que foi sob a influência da música eletrônica que a maioria dos participantes começou a se mover ao ritmo da música ou a fazer movimentos inconscientes.
Conclusão
A música eletrônica é um gênero único, não apenas em termos da variedade de vertentes e abordagens para sua criação, mas também pela forma como afeta nosso corpo. É uma música de emoções puramente positivas e um bom humor que você deseja compartilhar com os outros. E não importa se ela funciona do ponto de vista científico ou apenas por diversão, afinal, o que importa é que somos apaixonados por ela.
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