"Eu sou um cara que veio da roça e faz arte". A definição, enunciada pelo próprio artista, é apenas o prefácio de uma trajetória cheia de ritmos vívidos e muito rica culturalmente. Gerra G nasceu na cidade de Abaeté, no interior de Minas Gerais, e o sabor do tempero brasileiro em sua sonoridade é tão intenso que pode ser sentido na ponta da língua. Triângulos, chocalhos e tambores, referências das tradicionais manifestações religiosas mineiras, se entrelaçam aos elementos da música eletrônica dando vida a composições que exalam as belezas da musicalidade brasileira e fazem do DJ e produtor musical um nome respeitado dentro do campo do Downtempo.
O interesse pela discotecagem começou cedo, aos 15 anos, idade em que já colocava os pequenos clubes das cidadezinhas de Minas pra dançar ao som de um Electro House. Porém, todo esse frescor tropical só foi chegar ao som de Gerra G anos depois do início de sua jornada musical, quando, ironicamente, ele troca o quente solo mineiro pelos ares gelados de Curitiba. Foi na capital paranaense que criou proximidade com a MPB e esbarrou pela primeira vez com o Downtempo. Daí em diante, seu ouvido afinado e senso de delicadeza para produzir o levou longe, mais precisamente para Argentina, Uruguai, Portugal, França, Alemanha, Turquia, Letônia, Grécia, e Austrália, onde participou de grandes festas e festivais como Aruanda, Skorpios Mykonos, Adhana, Subtropikal, Senderos, Sonido Trópico, Goat e Gruta.
E além de espalhar seu contraste musical raíz e contemporâneo aos quatro cantos do mundo, Gerra G é responsável por ampliar o alcance das vertentes do Organic House brasileiro também em território nacional. O artista fundou, em 2017, o Núcleo Gatopardo, com o objetivo inicial de evocar uma cena de festa Downtempo em Curitiba. Agora, a iniciativa já evolui para selo e possui mais de 50 lançamentos em seu catálogo, além de continuar realizando eventos e impulsionando o nome de artistas independentes no cenário underground.
Grande parte das produções de Gerra G são assinadas pelo Núcleo Gatopardo, com destaque para faixas como “Floresta do Abaeté”, “Uma Vida”, “Neuziana”, “Tapete Voador” e “Barulho Bom”. Se você ainda não conhece o artista e curte uma boa música eletrônica embalada pela ginga brasileira, fica a dica para o play. E também fique ligado, boas línguas nos adiantaram que vem novidade muito em breve por aí!
Enquanto isso, o deleite fica por conta do repertório atual. Ouça agora:
Por Louise Lamin
Imagem de capa: divulgação