Estreia de peso no Surreal Park: conheça Sasha e seu legado na música eletrônica
- Via Assessoria de Imprensa -
Filho de Deus? Que outro DJ você conhece que virou capa e foi rotulado dessa forma por uma das mais tradicionais revistas de música eletrônica do mundo? Foi isso o que a Mixmag britânica fez no ano de 1994, quando destacou Alexander Paul Coe, conhecido como Sasha, de forma muito ousada e criativa — mas obviamente havia motivos para isso. Seu estilo único de produzir e mixar tornava muito difícil até mesmo para os críticos categorizarem o estilo de som que ele tocava; foi principalmente após essa icônica capa que o termo Progressive House foi “cunhado” e começou a ganhar força pelo mundo, o posicionando no topo como uma das principais figuras do gênero.
Antes de nos aprofundarmos na história, vale um breve parágrafo destacando alguns prêmios: ele foi eleito DJ #1 do mundo em 2000 pela DJ Magazine; foi quatro vezes vencedor do International Dance Music Awards e outras quatro do DJ Awards, além de já ter sido indicado ao Grammy por seu remix para "Watching Cars Go By”, de Felix da Housecat, que estava presente na famosa compilação Involver, no ano de 2005. Também ganhou duas vezes o prêmio da Muzik Awards como melhor DJ e também na categoria de “Contribuição notável para Dance Music”.
De fato, o final dos anos 90 e início dos anos 2000 foram a época de ouro de Sasha, mas ainda hoje, somando 35 anos de carreira, é incrível ver como ele movimenta multidões e se conecta com milhares de fãs de diferentes gerações. No dia 09 de fevereiro, sexta-feira de carnaval, veremos isso novamente acontecendo no Surreal Park, quando o DJ galês desembarca no Brasil para sua estreia no local, tocando na pista Nomad, dividindo a cabine com Phonique, Fell Reis e Diogo Accioly. Pra você ter ideia da importância da vinda deste nome para o Surreal e chegar na pista consciente do legado do artista, é só continuar a leitura abaixo.
O início
É até difícil imaginar, mas Sasha começou tocando Acid House, isso porque ele descobriu a música eletrônica no ano de 1988, quando esse estilo de som dominava a cena britânica, principalmente em um club conhecido como The Hacienda, em Manchester. Foi então que ele comprou um toca discos e aprendeu a mixar sozinho. Para você ter ideia, na estreia dele tocando em um pequeno lugar na cidade de Stockport, ele achava que o “pitch” da Technics era o controle do volume e nem sabia onde colocar o cabo do fone de ouvido. Se endividou comprando muitos vinis e, para conseguir pagar, começou a tocar em festas ilegais, até conseguir um emprego justamente no The Hacienda, graças ao DJ residente Jon DaSilva, que na época lhe ensinou mais técnicas e aprimorou sua forma de mixagem.
O reconhecimento
Apesar de gostar de tocar no The Hacienda, foi outro club o responsável por começar a tornar o nome de Sasha mais popular: Shelley's Laserdome. O espaço foi fundamental na propagação do house e da cena raver no início dos anos 90; ele manteve residência lá durante 8 meses, do final de 1990 até meados de 1991. Infelizmente, por conta do alto tráfico de drogas e brigas regulares de gangues rivais no local, Sasha deixou a posição de residente e pouco tempo depois a polícia da cidade também fecharia o club, em setembro de 1992. O "estrago" de Sasha, porém, já estava feito, e seu nome começaria a percorrer outros lugares importantes da Inglaterra, recebendo convites para tocar pelo mundo.
Primeiro lançamento e parceria com John Digweed
No ano de 1993, Sasha colaborou com Danny Campbell e lançou o primeiro single sob o nome Sasha, “Together”, assinada pela FFRR de Pete Tong, já alcançando a posição #57 no UK singles chart.
Além do sucesso logo nos primeiros trabalhos como produtor, o ano também ficou marcado pelo início de sua parceria com John Digweed. Os dois começaram a tocar juntos em muitos lugares e a produzir lado a lado também, com uma sincronia mágica, eles compilaram o álbum mix triplo Renaissance: The Mix Collection (CD 1, CD 2, CD 3), lançado pela Renaissance Records, que também funcionava como um club onde os dois tocavam. A trilogia foi tão bem avaliada que alcançou a posição #26 na lista de melhores álbuns de Dance Music de todos os tempos da Mixmag; foi nessa época, em 1994, após o lançamento da compilação e de muitas noites históricas tocando na Renaissance, que Sasha foi descrito como “Son Of God” pela Mixmag, como falamos no início de texto.
O caminho rumo ao estrelato
Nos anos seguintes, Sasha e John Digweed lançaram os CDs Northern Exposure 1 e 2, começaram a fazer turnês e tocarem juntos com ainda mais frequência, movimento que foi fundamental para ajudar a definir o som do trance no final dos anos 1990, encaminhando a dupla para a posição de superstars. Depois, os dois fixaram uma residência mensal na Twilo, em Nova York, onde tocavam no formato all night long. No ano de 1998, além de cada um lançar mais um álbum na gravadora Boxed, como parte da famosa série Global Underground, eles também idealizaram seus próprios selos: Sasha com a Excession Records e Digweed com a Bedrock Records. Sasha então começou a se aproximar de um público mais mainstream por conta de seus remixes para Madonna, em “Ray of Light”, e "Purple", de GusGus, o que o levou até mesmo a compor música para dois famosos jogos de Playstation, Gran Turismo e Wipeout.
O primeiro grande sucesso, “Xpander” (1999), e os álbuns Airdrawndagger e Involver
Em 1999, Sasha se uniu a Charlie May (do projeto Spooky) para produzir o EP Xpander, cuja faixa-título é tida para muitos clubbers como uma das maiores faixas de trance de todos os tempos. É também uma das faixas mais reproduzidas no Spotify de Sasha — somando a original mix com a edit, são mais de 5 milhões de plays.
Em 2002, outro trabalho muito importante, o seu álbum Airdrawndagger, um disco que misturou vários gêneros e que não era necessariamente voltado para os clubs, o que fez alguns críticos descreverem o LP até mesmo como “sonolento”.
Depois, porém, ele surpreendeu com Involver, produzido inteiramente de reformulações de faixas que Sasha fez de outros artistas.
Embora Sasha tenha claramente alcançado um estatuto de celebridade, considerado por muitos como um herói, ele não gosta muito desse título e nem da fama. Prefere manter um perfil mais discreto e deixar a música falar por ele. Para ele, a música é seu primeiro amor, e o que o entusiasma é poder compartilhá-la com outras pessoas. Por isso, para aqueles que tiverem a oportunidade de vê-lo em ação pela primeira vez ou novamente, desta vez no Surreal Park, a recomendação é: aproveite cada minuto, sinta cada batida, acompanhe cada transição e entenda porque Sasha, mesmo após mais de três décadas de carreira, é considerado uma lenda da música eletrônica.
Os ingressos para o carnaval do Surreal Park, que acontece nos dias 09 e 12 de fevereiro, estão disponíveis pela Blueticket.
Imagem de capa: Divulgação.