DGTL São Paulo 2022: conheça a história de The Blessed Madonna, que une o underground e o pop
No dia 9 de abril acontece a edição de 2022 do DGTL São Paulo e a ansiedade já atingiu níveis estratosféricos. A partir das 16h do sábado, amantes da boa música eletrônica invadirão o Pavilhão do Anhembi para aproveitar esta edição histórica do evento. A galera só vai para casa no dia seguinte, domingo (10) depois das 8h da manhã.
Neste ano, o palco Frequency fará sua estreia dentro do festival e contará com um line-up de respeito para comemorar a sua mudança. Dentre os artistas que comandarão essa experiência imersiva regada à muita House e Disco, está a DJ e produtora estadunidense The Blessed Madonna. Conheça um pouco mais sobre a carreira da artista a seguir.
Se você não está reconhecendo este nome, talvez seja mais fácil por The Black Madonna, título que a DJ utilizava até 2020. Seja Black ou Blessed, o nome por trás do projeto é Marea Stamper, estadunidense de Louisville, Kentucky, excelente em transitar entre o pop e underground com uma naturalidade impressionante.
Nascida em 1977, ela está na cena eletrônica desde o final dos anos 90, participando da sua primeira rave aos 14 anos. Vítima de bullying por seu cabelo azul e aparência não-binária, largou a escola aos 16 anos e saiu de casa para morar com o namorado da época. Passou a vender mixtapes com sets de DJs e trabalhava na produção de raves underground. Viveu nesse meio por alguns anos, até que a violência e as dificuldades (ela e o namorado chegaram a ficar sem dinheiro) as afastaram da cena eletrônica, e Stamper dedicou-se à estudar a Língua Inglesa na Universidade de Louisville.
Mesmo fora do epicentro das raves underground, a música permaneceu na vida de Marea, que comandava um programa na estação de rádio da faculdade. Fã deste meio de comunicação até hoje, a artista é apresentadora de um radio show na BBC desde 2020, que é descrito como “uma celebração de três horas de unidade, conexão e diversão, comandado pela The Blessed Madonna” - clique aqui para escutar os 12 episódios disponíveis no site da BBC. Além disso, a gravadora de Stamper, We Still Believe, também tem uma estação de rádio FM, homônima, disponível no site WSBRadio.
Com o tempo, a DJ voltou à cena eletrônica e passou a criar músicas próprias. Em 2012, lançou a track “Exodus”, com uma pegada disco com filtros de vocais interessantes e uma linha de piano emocionante, que chamou a atenção de Derrick Carter, DJ residente do Smartbar em Chicago. Com o lançamento, passou a se apresentar no clube, onde hoje é Produtora e Diretora de Criação, e conseguiu sua primeira gig na Europa, no famosíssimo Panorama Bar em Berlim.
Logo em seguida, veio a track “We Don’t Need No Music (Thank You Rahan)” que levou a artista para o reconhecimento mundial, trazendo um groove bem funky característico de faixas clássicas da Disco Music. Com o sucesso aumentando, Marea se viu em um ritmo frenético de apresentações, ao mesmo tempo em que inovou com lançamentos que misturavam memórias da era Disco com tendências atuais da cena eletrônica, como o EP “Stay” pela Nite Owl Diner.
Por toda sua história pessoal, Stamper sempre esteve muito ligada à luta pelos direitos de artistas mulheres e da comunidade LGBTQIA+, sendo uma porta-voz da questão sempre que possível. Um exemplo disso foi em 2015, quando lançou o Daphne Festival no Smartbar, cujo objetivo é dar espaço para artistas eletrônicos mulheres e não-binários. O nome do evento é em homenagem à Daphne Oram, britânica pioneira da música eletrônica, que, em 1958, compôs a primeira trilha sonora sintetizada completa para TV.
Além de projetos como o festival, The Blessed Madonna é embaixadora da organização Help Refugees desde 2019, instituição que apoia refugiados com comida e acomodação na Europa e no Oriente Médio. No mesmo ano, ela se recusou a participar do Intersect Festival em Los Angeles, depois que descobriu que o evento tinha apoio da Amazon. Para ela, não era uma questão apenas ideológica, mas uma transgressão moral e ética contra seu trabalho, fé e as pessoas que defende.
Em 2016, Stamper foi consagrada como DJ do ano pela MixMag e abriu sua própria gravadora. Seu primeiro lançamento? Uma track autoral: “He Is The Voice I Hear”, a primeira desde 2014, uma experiência de 10 minutos que exala disco, criada com seu parceiro de estúdio Ruper Murray e com instrumentos ao vivo de Davide Rossi e Christoforo LaBarbera.
Comprovando ainda mais a popularidade da artista no mundo, ela virou personagem de videogame em 2018. Junto com Dixon, Tale Of Us e Solomun, integrou o GTA Online Afterhours. No game, a artista fica disponível para ser agendada em uma das boates da cidade e existe toda uma missão centrada nela: Marea está realizando uma rave de graça em uma área mais pobre da cidade, quando o evento é invadido pela polícia. O jogador deve resgatá-la e trazê-la de volta ao clube para se apresentar. Um bônus: no fim da missão um policial quase prende todos, mas é parado pela artista com um belo soco. Veja aqui.
A pandemia foi um período conturbado para Stamper, tanto de muito trabalho quanto de mudanças importantes. Em julho de 2020, após uma petição nas redes sociais criada pelo DJ Monty Luke em meio às manifestações do grupo Black Lives Matter, Marea trocou o Black em seu nome por Blessed. A petição alega que a black madonna é uma importante santidade dos povos pretos dos Estados Unidos, Caribe e América Latina, e o uso dela por uma pessoa branca causava desconforto na comunidade preta, por ser ofensivo e caracterizar apropriação cultural.
Então, em julho, Marea emitiu um comunicado em suas redes sociais oficializando a mudança. Nele, a artista conta como o nome era uma referência à fé de sua família, mas que ela deveria se atentar a todas as perspectivas sobre o assunto. Então, com o intuito de dar fim à controvérsia, confusão, dor e frustração que a polêmica causou, ela adotou o nome The Blessed Madonna. Desde esta época a artista mantém um vínculo próximo com o movimento Black Lives Matter, ao entrar em seu site, você é primeiramente direcionado a uma página na qual pode escolher ajudar a instituição Help Refugees ou Black Lives Matter.
Com relação à trabalho, foi em 2020 que podemos dizer que Marea deixou mais clara ainda sua capacidade de transitar entre o pop e o underground, lançando com Dua Lipa um remix da faixa “Levitating”, com participação de Madonna e Missy Elliot. A track foi o primeiro single do “Club Future Nostalgia: The Remix Album”, que contou com a curadoria de Stamper para os remixes das faixas do álbum homônimo da artista inglesa. Assista ao videoclipe aqui.
Ela e a cantora de “Don´t Start Now” trabalharam secretamente na obra durante a pandemia, chegando à essa mistura perfeita de house dos anos 90 e pop de 2020, com respingos de soul de 1980. Ainda, Stamper assinou um contrato com a Warner Music como artista solo.
Em 2021, as produções seguiram com a DJ passando 99,9% de seu tempo de pijama no estúdio de sua casa, com seu laptop e seu cachorro. Ela lançou uma versão do mashup de canções antigas de Elton John com participação de Dua Lipa, “Cold Heart”, além de uma colaboração com Fred Again.. em “Marea (We’ve Lost Dancing”, que coleciona mais de 106 milhões de streams no Spotify. A música foi feita através de um sampling de uma conversa entre Marea e Fred e, assim, foi sua estreia como vocalista líder em uma faixa. A faixa chegou a ficar em primeiro lugar no ranking do Beatport de Tracks de Todos os Gêneros.
Com a volta das festas, Marea retomou sua rotina de apresentações, mas também tem focado em seu álbum solo. Suas tarefas como produtora se expandiram na pandemia e ela acredita que vai assumir cada vez mais essa posição daqui para frente, já que está até compondo para outros artistas.
Faz menos de seis meses desde a última vinda da artista Top #9 de Todos os Gêneros no Beatport à terras tupiniquins. Em novembro do ano passado, Marea teve uma passagem relâmpago aqui no Brasil para se apresentar no evento de lançamento da plataforma Green Your City da Heineken na Praça Victor Civita em São Paulo. Mas ela não era estranha ao país, a primeira vez que veio foi para o Rock in Rio e Gop Tun em 2017, voltando dois anos mais tarde para apresentar-se no Time Warp, no Clube Vibe e no Circoloco.
De toda sua história na música, a característica mais importante e central de toda sua genialidade é o fato de Marea ser primeira e, principalmente, consumidora e amante da música. Com mais de 10 mil discos de vinil em casa é dessa maneira que ela consegue tanta maleabilidade para transitar entre o pop dançante e a música underground, colocando-se naquele lugar mágico entre Techno, Disco e House. Além disso, sua experiência como uma raver veterana e conexão com as pistas faz com que seus sets sejam mais especiais ainda.
Não perca a chance de assistir essa potência da música e desfrutar todo entusiasmo, energia e emoção que ela despeja na pista. Garanta já seu ingresso para o DGTL São Paulo, via site ou app da Ingresse, clicando aqui.
Serviço: DGTL São Paulo
Data: 9 de abril de 2022
Local: Pavilhão do Anhembi (Av. Olavo Fontoura, 1451, Santana, São Paulo - SP)
Horário: a partir das 16h
Atrações: Amelie Lens, The Blessed Madonna, Innellea, Jan Blomqvist, I Hate Models, Dax J, Denis Sulta, Gerd Janson, Klangkuenstler, Len Faki, Melanie Ribbe, SPFDJ, Suze Ijó & Fafi Abdel Nour, Binaryh, Benjamin Ferreira, Cashu, Junior C, Marcio S, Murphy, Ney Faustini, Pricila Diaz, Renato Ratier, Tessuto e Valentina Luz.
Ingressos: sujeito a disponibilidade de lote via Ingresse.
Redes sociais: @dgtl.sao
Obrigatório apresentação do comprovante de vacinação.