Embaixador do Techno Melódico no Brasil: confira 5 motivos por trás do sucesso de Binaryh
Formado em 2016 pelo casal Camila Giamelaro e Rene Castanho, o Binaryh, atração confirmada do DGTL São Paulo no dia 9 de abril, é atualmente não só um dos principais projetos da cena eletrônica underground do Brasil, como também pode ser considerado o embaixador do techno melódico no país. Os motivos pra isso são vários, mas listamos abaixo os cinco mais fortes. Vem conosco!
Abraçado pelos embaixadores mundiais do techno melódico: Tale uf Us
Se existe um nome responsável por difundir e popularizar o techno melódico globalmente é o Tale of Us. E o duo italiano talvez seja o principal entusiasta do Binaryh. Desde quando tocaram "Hydra", em set no argentino MUTE, no começo de 2019 (veja acima), até a recente inclusão de "Seyfert", no Afterlife Tulum (veja abaixo), a dupla tocou todas as 11 músicas que Camila e Rene enviaram diretamente a eles, em mais de 30 apresentações.
"Ter o reconhecimento do Tale of Us não é pra qualquer um. Nós criamos uma relação de respeito mútuo, bastante profissional e próxima. Ainda não temos liberdade o bastante pra trocar ideia com eles como bons amigos - acredito que por conta da distância e por ainda nunca termos nos encontrado pessoalmente. Mas o Carmine [Conte] é super amigável e falamos de vez em quando sobre produção", conta Giamelaro.
"Eles tocam nossas músicas em praticamente toda gig. É uma loucura! (Risos) Acho que eles nos acolheram justamente pela qualidade do nosso trabalho. Costumamos fazer tracks que são DJ friendly, sempre com uma melodia marcante e um break potente. Desde 2019, todas as músicas que enviamos, eles tocam em algum lugar. É 100% de aproveitamento!", brinca.
Definitivamente, não é qualquer coisa.
Suportes de peso (e surpreendentes)
É claro que não é só o Tale of Us que é fã. A dupla suíça Adriatique também aparece volta e meia tocando uma track do casal paulista, seguida por nomes como Mind Against, ARTBAT, Fur Coat, Kevin de Vries, ANNA, Nicole Moudaber, Bart Skils, Fideles, Innellea, Giuseppe Ottaviani, ØOSTIL, Guy J... Todos já incluíram ao menos uma música do Binaryh em algum de seus sets — o que só prova a consistência e qualidade do seu trabalho.
Mas ainda fica melhor: Castanho e Giamelaro chegaram a ter suporte até mesmo de nomes completamente inimagináveis, como David Guetta, Tiësto e Markus Schulz. Guetta até tem um projeto paralelo voltado ao underground, o Jack Back, mas tocou uma música de Camila e Rene com o seu principal codinome, em set especial para a DJ Mag, em 2020, quando foi eleito o #1 no famoso ranking da revista. O francês fez um set híbrido inédito, misturando alguns de seus hits clássicos em novas roupagens, hits recentes na onda do future rave, com MORTEN, faixas do Jack Back e edits feitos para músicas de artistas como Daft Punk, Fatboy Slim, Camelphat, Oxia e Energy 52. No meio disso, um rework para "Capella", do Binaryh, foi combinado à icônica "Hideaway", de De’Lacy.
Já Tiësto encerrou a edição #749 de seu podcast "ClubLife" com o remix de "Hacia el Fondo", em agosto de 2021, enquanto Markus Schulz incluiu "Dark Matter" em vários de seus radioshows e lives, incluindo a retrospectiva do mesmo ano, no Twitch, além de duas playlists no Spotify.
Os três casos surpreenderam bastante o duo, não só por se tratarem de artistas de nichos bem diferentes, mas também porque as músicas não foram enviadas diretamente a eles — o que prova a capacidade do casal em furar bolhas através de construções musicais ricas em alma e profundidade. "Entendemos que nossa música é para todos", aponta Camila.
Excelência, experiência e comunicação
"Black Widow" (Click Records, 2021) é a música mais popular da dupla no Spotify
Não foi só entre grandes artistas que o Binaryh balançou corações, mas também entre os milhares de ouvintes no mundo inteiro. Como? A resposta principal está na arte: músicas impactantes, poderosas e envolventes, incrivelmente bem produzidas, e com identidade bem definida.
"Vemos que tudo deu certo quando recebemos o primeiro vídeo de suporte do Adriatique para 'Orion', e um amigo, que nunca a tinha ouvido, disse: 'Acho que essa música é de vocês'", continua Giamelaro.
Toda essa bagagem vem de décadas de estrada e pistas de dança. Como DJ, Rene já tocava em alguns dos principais clubs e festas do começo dos anos 2000 em São Paulo, como Lov.E, A Loca e Circuito Techno. Produtor desde 2004, foi professor de produção musical na DJ Ban por quase 15 anos, e hoje dá aulas na cada vez mais conceituada Comunidade de Áudio de Andre Salata, como mentor de produção voltada ao techno melódico. "Seyfert", que será lançada em breve pela HIATO Music (gravadora fundada pelo Binaryh com a amiga BLANCAh), foi construída durante as aulas, com os alunos podendo acompanhar todo o processo.
Também foi no começo do novo milênio que Camila começou sua relação profissional com a música eletrônica, mas como jornalista. Entusiasta das raves, criou o blog Caixa Direta, que foi um dos primeiros do Brasil a fazer cobertura de raves, entrevistas com DJs e reviews de lançamentos, tendo contribuído a disseminar a cultura clubber em uma época em que esta recém engatinhava no país. Com o passar do tempo, foi se envolvendo com alguns dos principais veículos especializados que surgiam, e acabou virando referência na área.
Publicitária de formação, trabalhou na assessoria de imprensa de agências e clubes, como Clash Club e Tune Agency, e até mesmo de selos renomados, como a alemã Bunny Tiger. A rede de contatos criada e a maestria na área da comunicação foram pontos fundamentais para adotar as melhores estratégias de marketing e fazer com que a arte do Binaryh chegasse às pessoas certas, da maneira certa. Quando ela e Rene juntaram as escovas de dente, em 2016, passou a desenvolver seu lado artístico, tornando-se também DJ, produtora e live performer. Atualmente, administra sua própria agência, a GIG Agency, e também é mentora no curso de Salata, dando aulas sobre mercado e comunicação para artistas.
"Nós adoramos fazer parte dessa comunidade, pois temos sempre com a gente pessoas que estão realmente interessadas em se desenvolver como produtores. São alunos que não só admiram e respeitam nosso trabalho, mas pessoas que entendem que não é do dia pra noite que se tem sucesso — assim como nós sempre soubemos disso", destaca.
Trabalho duro e resiliência
Ser um artista de mão cheia e saber administrar e vender a própria marca são pontos fundamentais que de nada bastam quando não se sabe superar percalços, más fases e ter paciência e força de vontade para seguir firme na luta até as coisas acontecerem. Nesse sentido, o Binaryh também é exemplo.
"Nós estamos trabalhando muito duro desde que criamos o projeto. Entendemos que é um processo demorado essa caminhada pro sucesso, e que não existe fórmula pra chegar lá. Um amigo diz que nós somos a dupla de artistas mais resilientes que ele já conheceu. Somos assim, damos um passo de cada vez e confiamos no processo", continua Giamelaro.
Rene ajuda a entender: "Vemos muitos jovens tentando começar uma carreira, e eu percebo que o que falta é justamente a resiliência — coisa que pra gente sobra porque somos maduros. Eu tenho 42 anos, a Camila tem 38. A gente trabalha a resiliência pra não colocar os pés pelas mãos. Esperar é muito difícil nos dias de hoje, mas nós sabemos enxergar que o futuro vai ser melhor e esperar por isso, de maneira sadia, sem pirar, sem sair fazendo loucura ou desistindo. No nosso país é muito fácil ver as pessoas desistirem por falta de condições ou até de vontade — o que não falta na gente. Estamos sempre mantendo a calma e esperando que as coisas aconteçam, porque a gente sabe que a hora vai chegar".
Encomenda sob medida para o DGTL São Paulo
O Binaryh já se apresentou em lugares dos mais diversos — das pistas do D-EDGE, onde são residentes, a um festival na Muralha da China. Para 2022, com a retomada dos eventos, foram não somente escalados para a nova edição do DGTL São Paulo (onde se apresentam no palco Modular, no dia 09 de abril), como convidados a assinar a trilha sonora da campanha do festival, o que só ratifica a grandeza de patamar conquistada.
Assim, remixaram "Blinded", música originalmente feita pelo berlinense Coloray, e que tem sido usada na campanha do DGTL internacional com remix do DJ e produtor holandês Colyn. Ambas as produções foram feitas exclusivamente para o festival.
"Foi uma emoção muito grande saber que um festival com a magnitude do DGTL, com o qual sempre nos identificamos, queria nos ter como parceiros nesse lindo trabalho que realizamos. Assim como eles, nós gostamos de compartilhar sensações únicas, tanto nas músicas que produzimos quanto nos sets que apresentamos. Nós queremos criar momentos especiais para quem está na pista, e todas as vezes que estivemos no evento nos sentimos assim: acolhidos, abraçados e fazendo parte de algo extraordinário", encerra Camila.
Imagem: crédito - Sigma Fotografia.