Por Livia Lanzoni e Bruna Ferreira ( From House to Disco )
Neste ano, o Dia Internacional da Mulher ganhou um tema especial, o #ChooseToChallenge (#EscolhaDesafiar), que nos provoca com a premissa de que um mundo desafiado é um mundo alerta e, individualmente, todos nós somos responsáveis por nossos próprios pensamentos e ações. Por isso, lançamos a pergunta: que mina você tem ouvido e apoiado ultimamente?
Quando pensamos em música eletrônica no Brasil, logo falamos nos grandes representantes que ela tem: Alok e Lukas Ruiz (Vintage Culture), que acumulam milhões em suas plataformas sociais e, frequentemente, estão entre os mais tocados em rádios e players de streaming Brasil afora. Em números, perto deles, não temos absolutamente nenhuma artista mulher.
Hoje, quando olhamos para o ranking dos 100 artistas mais ouvidos no Spotify, dentro da música eletrônica nacional (pesquisa atualizada diariamente com base no número de ouvintes mensais, disponível no Sonzeira), a primeira representante feminina surge apenas na 23ª posição, Groove Delight. Para se ter uma ideia, a DJ e produtora Anna, principal nome do Brasil mundo afora quando se fala em Techno, aparece apenas no 76º lugar. Além delas, também aparecem na lista Samhara, Carola e Ana Luisa, vocalista do duo Spect3r. Sim, entre os cem nomes, apenas cinco são mulheres e esse dado tem mais a ver com o nosso consumo do que com o talento delas.
É cômodo nos deixarmos levar pelos algoritmos do streaming e hits de rádio, mas aqui, pegando carona no tema do mês das mulheres, te desafiamos a furar a bolha e seguir seis representantes femininas que não saem dos nossos fones e que transbordam talento, seja produzindo, tocando, curando ou tudo isso junto e mais um pouco:
Valenttina Luz( @valenttinaluz)
Modelo, performer e DJ, Valenttina é residente de uma das festas mais famosas do underground paulistano, a Mamba Negra. Artista de mão cheia, ela passeia pela House Music com destreza, com pitadas de techno e sonoridades experimentais, e na quarentena entrou para o seleto grupo de brasileiros a se apresentar pelo Boiler Room. Mulher trans e preta, também gravou um mini doc inspirador sobre sua trajetória.
Pra ouvir no talo:
Amanda Mussi( @ohmussi)
Dj, produtora e designer, Amanda é ex-integrante do coletivo Metanol e criadora da festa Dûsk, em São Paulo, com edições variadas entre Techno e House e influência dub, acid, disco e minimal, quase que uma alusão ao seu próprio estilo musical, uma viagem entre Detroit e Chicago e vice-versa. Em 2019, ela debutou no line-up da edição brasileira do DGTL Festival e, pega essa: foi uma das únicas brasileiras a tocar na pista principal do Berghain, templo do Techno em Berlim, ao lado da DJ Anna (por duas vezes), além de passagens por diversos países.
Pra ouvir no talo:
Eli Iwasa( @eliiwasa)
Eleita a segunda melhor DJ do Brasil, Eli Iwasa é dj, empresária, influenciadora digital, modelo e fundadora de um dos clubes mais importantes da atual cena eletrônica, o Caos, em Campinas, que já recebeu nomes como Adriatique, Laurent Garnier, DJ Tennis, Dixon, Nina Kraviz, entre outros. Com passagens por grandes palcos como Rock in Rio, Time Warp e Warung, ela também está à frente do E.las, programa de entrevista da label Só Track Boa no Twitch.
Pra ouvir no talo:
Ella De Vuono( @elladevuono)
Com mais de 14 anos de cena, Rafaella De Vuono é dj, produtora, residente da Carlos Capslock, vencedora do BURN Residency 2019 e professora da AIMEC (Academia Internacional de Música Eletrônica), ou seja, respeita a mina. House, Disco, Techno, Breakbeat, Synth-pop, Electro, Ella passeia por diferentes gêneros musicais sem perder a mão e suas apresentações com body painting são um show à parte. No ano passado, ela lançou o single “Assédio”, com vocais de ninguém menos que Jout Jout.
Pra ouvir no talo:
Linda Green( @akalindagreen)
Dj, produtora e curadora, Linda Green já circulou nas cenas underground das 5 regiões do país e coleciona apresentações em festas renomadas como Caos Campinas, Mamba Negra, Selvagem, ODD, DGTL, entre outras, além de ter lançado músicas pelo selos GomaRec (RS), Gop Tun (SP), Nave Anima (ARG) e Native Wolf Records (SP). Em 2020, se apresentou em festivais em formato online, como Burning Man e Coquetel Molotov.
Pra ouvir no talo:
Moretz( @_moretzz)
Residente do coletivo mineiro 1010 e da label Sintética(ao lado de Carol Mattos, Lu Escarbe e Yonanda Santos), Moretz é uma daquelas artistas que incendeiam a pista de dança com energia cativante e house music no talo, com direito a muitos vocais femininos. Além de sets para The Lot Radio, Gop Tun e MASTERplano, ela também gravou um Boiler Room digno de respeito.
Pra ouvir no talo:
Sobre From House to Disco:
From House to Disco é formado pela dupla de DJs e produtoras Bruna Ferreira e Livia Lanzoni, que juntas somam mais de 10 anos de pistas. O som passeia pelo groove da vertente disco somado às características marcantes da clássica house music, misturando referências como Frankie Knuckles, Terrence Parker, Peggy Gou, Honey Dijon e surpresas nacionais como Benjamin Ferreira, Rafael Cancian, entre outros.
Com residência mensal no Club Jerome, têm em seu currículo presença em casas como Heavy House, Caracol, Bar Secreto, Fiel Discos, D-Edge, Bar de Cima; festas como Tônica Beach Club (Trancoso), Beefeater Sunset (Caraíva), Festa Mais, The Last Sunset, Festa Postal, e live set para o Night Sessions, da Energia 97fm, maior rádio de música eletrônica do Brasil, além de passagem pelo território Europeu, tocando para a East Side Radio e Le Baron (Lisboa) e em Barcelona (festa privada).
Em paralelo, tocam também o coletivo Elas Que Lutem (@coletivoelasquelutem), focado na visibilidade feminina (cis, trans e drags), e o DOZE” (@dozeradio), uma homenagem à cultura do vinil e suas versões extended.