Guia de profissões da música eletrônica: tour manager com Cuca Pimentel
Como sempre a intenção do Play BPM é te informar e ao mesmo tempo desenvolver ao máximo a indústria nacional de música eletrônica. Nesse sentido, criamos esse novo quadro dentro da revista para que você, amante da cena, possa entender mais sobre as profissões existentes deste mercado. Quem sabe você também não pode trabalhar com música eletrônica e ser feliz?
Durante os próximos meses, você poderá conhecer mais sobre todas as profissões deste mercado, sempre com uma entrevista incrível com um profissional atuante. Para estrear esse quadro tivemos o prazer de bater um papo exclusivo com a Tour Manager de grandes artistas do mundo em suas idas e vindas ao Brasil, Cuca Pimentel e você confere abaixo.
Mas antes de tudo, para quem não sabe, o Tour Manager é aquele que acompanha o DJ em turnê, cuida de toda a assistência dele, para que o artista possa estar tranquilo e focado em sua apresentação. No Brasil, os grandes e médios DJs nacionais possuem um tour manager que os acompanha pra lá e pra cá, dando toda essa assistência. Mas ainda há os profissionais como a Cuca, que são freelas contratados das agências de bookings que trazem DJs internacionais. O DJ internacional as vezes traz seu próprio Tour Manager de fora, ou as vezes vem sozinho. Independentemente, as agências de bookings que o trouxeram contratam um profissional nacional para lidar com questões locais, linguísticas, de logística da turnê, ou qualquer outro problema que possa surgir enquanto o artista estiver no Brasil. Entenda mais sobre essa profissão com a nossa entrevista.
Cuca Pimentel: Oi, galera! Obrigada pelo convite! Me chamo Maria Emília Simões Pimentel, mais conhecia como Cuca Pimentel (risos). Sou de São Paulo e atuo a 12 anos como tour manager.
Cuca Pimentel: Bem, eu sempre fui apaixonada por música. Queria muito ter sido cantora mas Deus não me mandou com o upgrade da voz (risos), então sabia que queria pelo menos trabalhar no meio. Cai no tour management por acaso, mas foi uma bela surpresa que me proporcionou vários momentos incríveis e contato com alguns dos meus ídolos. Se não trabalhasse com música acho que escolheria trabalhar como jornalista pois amo escrever e criar pautas.
Cuca Pimentel: Quando comecei a trabalhar como tour manager nem sabia que esse trabalho tinha nome e foi algo que fui descobrindo com o passar do tempo e dos trabalhos. Não tinha ninguém em me inspirar, porém, ao longo do tempo trabalhei com mulheres incríveis que sempre me inspiram a seguir em frente, ter paciência e ser a melhor. Marianna Pinto e Juliana Faria são dois exemplos para mim. Além de trabalharmos juntas e me darem todo o suporte quando estou em turnê, então posso dizer que são duas grandes inspirações.
Cuca Pimentel: Além do profissionalismo, com certeza a resiliência.
Cuca Pimentel: Quando alguém me pergunta o que é tour manager eu costumo dizer que sou babá de DJ gringo (risos). A função do tour manager é fazer com que toda a logística de uma turnê funcione e tanto artista quanto contratante fiquem felizes com as apresentações. Eu faço o possível e o impossível para deixar meu artista focado 100% na sua apresentação e, para que isso aconteça, ele precisa estar seguro do meu trabalho e ter confiança em mim. Falo com motoristas, produtores e basicamente cuido do bem estar do DJ dentro e fora do palco. Tudo que ele precisa eu me viro em mil para conseguir. A responsabilidade, pontualidade, sensibilidade e a diplomacia são três fatores essenciais para ingressar no ramo, além é claro, de ter inglês fluente. Gosto de frisar também que a pessoa que está querendo se tornar tour manager apenas para ser amiga do DJ já está começando da maneira errada. A amizade é consequência de um trabalho bem feito. Se hoje alguns dos meus artistas se tornaram bons amigos foi porque fiz o meu trabalho direito, até mesmo porque, não são todos os DJs que vão estar afim de conversar. Muitos chegam cansados depois de horas e horas de vôo e querem apenas ficar quietos e descansar. Por isso é essencial ter sensibilidade para poder captar esses sinais e não invadir o espaço do outro.
1 destino dos sonhos: Af, que difícil essa! Pode ser mais de 1? (risos). Egito, Tailândia, Santa Lúcia, Deserto do Atacama, Death Valley, Vietnã, Quênia e Japão. Aqui no Brasil, Fernando de Noronha, Bonito, Chapada Diamantina, Lençóis Maranhenses, Maragogi e Alter do Chão.
1 arrependimento de vida: Não ter feito piano. Com certeza devia ter aproveitado meu talento para tirar as músicas do ouvido no teclado para estudar piano e me profissionalizar.
1 momento inesquecível em sua carreira como tour manager: Sem sombra de dúvidas foi ser tour manager do George Benson no Rock in Rio 2013. Durante a apresentação dele no palco sunset eu chorei de emoção e agradeci muito a Deus por ele ter me presenteado com essa profissão. Foi lindo ver várias gerações da mesma família se divertindo ao som de um dos maiores artistas de todos os tempos. Me senti muito importante por ter tido essa honra.
1 momento inesquecível em sua vida pessoal: O resgate do relacionamento com minha mãe. Somos duas pessoas muito diferentes, então nosso relacionamento foi sempre muito conturbado e brigávamos muito. Pra mim esse resgate foi o mais importante e inesquecível para mim.1 música: Lovely Day Bill Whiters
1 DJ: Sacanagem 1 só né? (risos). Vou citar o Fatboy Slim porque ele marcou uma época muito bacana da minha vida. Tive a honra de trabalhar com ele no Ano Novo de 2018 para 2019. Foi incrível!
1 club/festa inesquecível que já visitou: As duas edições do Time Warp pra mim foram as melhores. Me diverti demais e trabalhei com muitos artistas incríveis. Também amei muito trabalhar nas edições da Tomorrowland e Rock in Rio.